Perante o contexto de crise sanitária mundial e perante a inoperância, a negligência e a indolência dos que pretendem governar os nossos territórios e que atuaram de forma negativa sobre esse tema, encontramos-nos numa posição favorável, já que desde o começo da revolta de 18 de outubro nos juntamos nas ruas, nos reconhecemos como pessoas politicamente ativas no território que habitamos, levantando assembleias auto-convocadas e horizontais. Estas assembleias foram se articulando ao longo de todo este território chamado Chile e funcionam de maneira autônoma, isto é, sem hierarquias nem representantes, convocando os e as vizinhas a partilhar e a gerar comunidade por meio do levantamento de “potes” comuns, manifestações de bairro, auto-defesa territorial, espaços de aprendizagem coletivos e de discussão, aproximações à autogestão alimentar por meio da criação de redes de abastecimento e da ocupação de espaços comuns para o levantamento de hortas comunitárias. Se pensarmos neste avanço organizativo que gerimos há quase 5 meses, encontram-nos com várias ferramentas como a proximidade social e afetiva das pessoas que compartem um mesmo território e que nos permite uma gestão e um desenvolvimento de qualquer ação necessária para a comunidade no seu conjunto de forma rápida e eficaz. Também a continuidade das ações que contribuem diretamente, nesta época de crise, a cada comunidade como acontece com as redes de abastecimento e de solidariedade baseada no apoio mútuo de vizinhos e vizinhas: a pessoas trabalhadoras que têm de continuar a expor a sua própria vida por estas condições precárias, próprias deste sistema econômico; a pessoas que vivem em situação de sem-teto e que estiveram toda a sua vida desamparadas pelo estado e pela comunidade e, às privadas de liberdade.
Podemos ver como a crise sanitária faz colapsar os sistemas de saúde em diversos estados e como começa a minar o sistema econômico que nos impuseram. Desde antes da crise já sabíamos que não há estado que possa abastecer toda a alimentação, toda a economia, nem toda a saúde a toda a população, mas com tudo isto, só se torna mais evidente. É por isto que temos que seguir atuando como grupos organizados territoriais, porque a solução das nossas problemática cotidianas em torno da crise sanitária mundial não chegará pelo estado protetor das grandes empresas e totalmente discriminados e mesquinho com o povo que se vê a mãos com o erro de eleger “democraticamente”, aproveitando as novas ferramentas virtuais para os que possam usá-las. Que o distanciamento social seja só físico e utilizado para que as pessoas se cuidem entre si e que não seja de novo o individualismo e a indiferença que nos teve tanto tempo desorganizados.
Círculo Anarcofeminista Ni Amas Ni Esclavas
Tradução > Ophelia
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E. Silva
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