[França] O prêmio por uma desfiguração causada pela polícia? 1350 Euros!

Uma multa irrisória para o policial que atirou no rosto de uma jovem, em dezembro de 2018, na cidade de Biarritz

• Dia 18 de dezembro de 2018, em Biarritz, França. A cidade está, então, sob alta vigilância: ocorre uma “reunião preparatória do G7”, com presença do ministro de Relações Exteriores. De repente, ainda que não haja nenhuma tensão, Lola, de 19 anos, recebe um tiro na cabeça. Ela é atingida no maxilar. Seu rosto coberto de sangue viraliza nas redes sociais. Ela está desfigurada. A jovem sofre “uma tripla fratura no maxilar, com perda de material, e tem 45 dias de notificação de ITT [“Incapacité Temporaire Totale” –  Incapacidade Temporária Total]. Ainda hoje, ela sofre as consequências do tiro: “Eu preciso fazer um implante, uso um aparelho à noite e tenho dentes que se quebram”, sem contar as sequelas psicológicas.

• Fato raríssimo, o autor do tiro foi identificado. Um policial da BAC [“Brigade Anti-Criminalité” – Brigada Anticriminalidade] de Bordeaux, Sébastien Maréchal, 43 anos. Igualmente raro, um processo é estabelecido, mais de um ano e meio depois da lesão, para julgar esse caso. O julgamento ocorreu em Bayonne, na sexta-feira (26/6).

• Isso sem contar um novo truque judicial. O policial reconheceu os fatos “no contexto de um procedimento de admissão de culpa”, quer dizer, um “reconhecimento prévio de culpabilidade”. Então, não haverá julgamento, nem debate, nem audiência para recordar a periculosidade dessa arma e o gravíssimo ferimento de Lola, nem os elementos do contexto. Após três minutos, o tribunal deu seu veredicto: “90 dias de multas, a 15 euros cada”. 1350 euros de multa. Isso é tudo.

• 1350 euros. Este é o prêmio de uma desfiguração provocada por um LDB [“Lanceur de Balle de Défense”, arma que dispara balas de borracha]. O prêmio do sangue. O prêmio por ter atirado na cabeça de uma jovem mulher desarmada. Durante o julgamento, o secretário regional do sindicato de policiais Alliance, veio apoiar o atirador, insistindo sobre o caráter “acidental” do tiro de seu colega. “Ele abandonou sua paixão, a BAC, para trabalhar em outro serviço”. Como a condenação não vai constar na ficha criminal do policial, ele poderá continuar na função.

Fonte: https://www.nantes-revoltee.com/le-prix-dune-defiguration-par-la-police-1350-euros/

Tradução > Erico Liberatti

agência de notícias anarquistas-ana

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