Os Serviços Especiais da Ucrânia e o Ministério de Assuntos Internos do país responderam ao pedido dos oficiais de segurança da Bielorrússia enviado pela Interpol e estão tentando deportar dois anarquistas bielorrussos: Alexei Bolenkov (conhecido como Max Belorus) e Artur Kondratovich.
Alexei Bolenkov veio à Ucrânia em 2013 para participar dos protestos de Euromaidan. Temendo a perseguição, resolveu ficar no país. Artur Kondratovich foi um participante ativo nas ações contra o Decreto n°3 (também conhecido como decreto “contra parasitas sociais”, que introduziu um imposto sobre pessoas sem um trabalho de tempo integral) na Bielorrússia em 2017. Devido à repressão, se mudou para a Ucrânia. Em 2020, durante a nova onda de protestos no país seguido das eleições, Bolenkov e Kondratovich participaram de inúmeras ações em solidariedade e assistência a refugiados políticos recém-chegados.
O Estado bielorrusso tentou extraditar Kondratovich da Ucrânia em 2019 mandando o pedido ao Interpol. Subsequentemente, o anarquista foi preso na capital da Ucrânia, Kiev, e lá passou cinco meses em detenção antes da suspensão do pedido em decorrência de seu processo em andamento para o exílio político. No entanto, durante seu aprisionamento, o passaporte de Artur Kondratovich desapareceu.
Uma nova fase da acusação começou em Abril de 2021, quando a polícia surgiu com mandatos de busca e apreensão para Kondratovich e Bolenkov, sob o pretexto de investigar casos criminais supostamente ligados a ataques de grupos anarquistas a instituições estatais.
Imediatamente após a busca, os oficiais de SBU (Serviços Especiais da Ucrânia) entraram no apartamento de Bolenkov, se recusaram a mostrar suas identidades e tentaram levá-lo à fronteira mais próxima, que é justamente a fronteira com a Bielorrússia. Se a operação tivesse obtido sucesso, Bolenkov teria sofrido a ameaça de encarceramento imediato em seu país de origem, onde ele poderia enfrentar o mesmo destino de outro anarquista, Nikolai Dedok, que foi torturado pela polícia bielorrussa. Uma ação de solidariedade organizada improvisadamente por amigos e advogados conseguiu impedir sua deportação.
De acordo com a SBU, Bolenkov seria uma ameaça à segurança nacional da Ucrânia e deveria ser forçado a sair do país em até 24h. Os advogados decidiram apelar a essa decisão, mas o juiz concordou com a narrativa do Serviço Especial. Na opinião dele, a segurança nacional do país estava ameaçada pelas visões anarquistas de Bolenkov; especialmente sua participação na ação contra a polícia, a organização de ações em solidariedade com o povo bielorrusso, e a distribuição de literatura anarquista. Para apoiar suas alegações, o SBU se utilizou de publicações de extrema direita e informações das forças de segurança bielorrussas que indicavam Bolenkov como suspeito em um processo criminal na Bielorrússia.
Além disso, em tentativa de incriminá-lo, oficiais de segurança também invadiram a casa de um jovem casal, Sergei e Ira Ruban. Os Ruban eram amigos próximos e camaradas de luta dos dois perseguidos políticos. Membros do Departamento de Segurança Interna do SBU conduziram a busca sem mandato e apreenderam celulares, laptops, tablets e pen drives. Após a invasão, ambos foram convocados para interrogatórios, quando foram questionados sobre suas conexões com Bolenkov. Depois, o investigador ainda os convocou para “conversas informais”. Imediatamente após os interrogatórios o casal foi chamado para questionamento acerca do incêndio culposo de carros da polícia em 27 de Julho de 2020, como testemunhas.
Agora Bolenkov interpôs um apelo, mas os advogados temem a perda do caso e a efetuação do processo de deportação por falta de atenção do público. Artur Kondratovich está também sob ameaça – pode ser a ele negado o exílio político sob pressão do SBU.
De 9 a 18 de Julho, anarquistas ucranianos organizaram uma campanha de solidariedade para Alexey, Artur, Iran e Sergey. Para mais informações e atualizações, siga:
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Tradução > mari
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