[Espanha] A exposição ‘Viviendo la utopía’ chega a La Fuensanta, Jaén

A exposição Viviendo la Utopía chega ao município de La Fuensanta, em Jaén. A inauguração acontecerá no dia 12 de abril, às 19:00 horas, e poderá ser visitada até 2 de maio. Através dos diferentes painéis, o público poderá submergir no processo revolucionário que aconteceu naquelas zonas onde o fascismo não triunfou durante a Guerra Civil, graças à força do movimento libertário.

Trata-se da exposição montada pelos companheiros de Extremadura que, centrada na Revolução levada a cabo nas zonas onde não triunfou o fascismo durante a guerra civil, repassa também os antecedentes e o exílio. Consta de 5 lonas com suporte mais outra lona de apresentação da exposição, todas de tamanho 1,80 x 0,80 m, e 75 painéis tamanho A3, cada um com uma fotografia, título, que o relaciona com cada um dos painéis, e legenda. Todas elas saídas de uma nova seleção dos fundos da FAL do período 1936-39 que repassam diversos aspectos relacionados com a resistência ao fascismo, a guerra, as coletividades agrícolas e industriais, hospitais, colônias infantis, cultura, etc.

Justificação historiográfica

Em 17-18 de julho parte do Exército espanhol se subleva contra o Governo da II República e contra o povo espanhol que armado de um grande arrojo e determinação detém a insurreição em amplas zonas do território peninsular.

Nesta exposição não só vamos falar dos milhares de mortos, desaparecidos, represaliados e deslocados que supôs este golpe de estado falido que acabou convertendo-se em uma Guerra Civil (GCE) de quase três anos. Mas também queremos transmitir a outra cara da GCE, quer dizer, a Revolução Social que acompanhou em todo o território sob o controle da República a luta contra os rebeldes. Ante o titubeio das autoridades republicanas e a fuga de patrões e proprietários, os trabalhadores se lançaram à rua para defender a vida e puseram em marcha uma economia necessária para manter a mais da metade da população espanhola e o ingente esforço bélico. Não só vais descobrir história; estes painéis, cartazes e fotos são reflexos de uma Ideia e um Sentimento. Viviendo la Utopía: Historia sentimental pasada, presente y futura.

Na CNT pensamos que não só devemos recordar a morte e o sofrimento que supuseram a GCE mas também, e sobretudo, mostrar às novas gerações como se organizaram seus avôs e avós; de que modo levantaram a maior rede autogestionária que conheceu a história da Humanidade (sindicatos, ateneus, escolas, cooperativas, coletividades…). Não se pode entender o levante de parte do Exército, da Igreja, os terratenentes e a burguesia contra a maioria da população espanhola sem conhecer o que supunha para o porvir do status quo a revolução social, política e econômica que esta auto-organização obreira e popular propiciava.

Onde? La Fuensanta (Jaén). Sala de exposições. Rua Real, 4ºB

Quando poderá ser visitada? A inauguração acontecerá no sábado, 12 de abril, às 19 horas, e poderá ser visitada até o dia 2 de maio.

fal.cnt.es

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

lua nova
ninja
do espaço

Alberto Marsicano

[Chile] Bloco Anarquista – Memória e Vingança Ativa por Julia Chuñil

Convocamos todos os grupos e coletivos antiautoritários, indivíduos afins, anarquistas de práxis, niilistas destrutivos, para fazer uma demonstração de força em solidariedade a Julia Chuñil¹.

8 de abril, às 19h30, no beco central de Los Héroes.

SOLIDARIEDADE ANTIAUTORITÁRIA COM JULIA CHUÑIL

[1] Julia Chuñil Catricura, liderança mapuche e defensora ambiental, está desaparecida desde 8 de novembro de 2024.

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agência de notícias anarquistas-ana

O rosto do filho –
Com a brancura do talco
o vento de outono.

Kuroyanagi Shôha

Por que a música ‘Bayar Bayar Bayar’ da banda punk Sukatani se tornou a música tema dos recentes protestos na Indonésia?

A música “Bayar Bayar Bayar” [“Pagar Pagar Pagar”] da banda punk Sukatani é considerada uma sátira à instituição policial. Após ser retirada de circulação, a letra da música punk foi usada como tema da ação ‘Indonesia Gelap’ [Indonésia Negra] na sexta-feira (21/02). Sukatani também foi “solicitada” a publicar um pedido de desculpas ao chefe da polícia por sua obra “antipolícia”

Desde a ação da ‘Indonesia Gelap’ [Indonésia Negra], a letra da música “Bayar Bayar Bayar” tem sido frequentemente cantada pelos manifestantes. Com base no monitoramento feito pela equipe da BBC News Indonésia nas ruas, centenas de manifestantes gritaram quando a gravação desta música foi tocada nos alto-falantes e carros de som.

Quem é Sukatani e por que “Bayar Bayar Bayar ” se tornou viral?

Sukatani é uma dupla de música punk de Purbalingga, Java Central, composta pelo guitarrista Muhammad Syifa Al Lufti e pela vocalista Novi Citra Indriyati. Ambos os músicos costumam usar máscaras em suas apresentações.

A música Bayar Bayar Bayar descreve a experiência de alguém que sempre tem que pagar ao lidar com a polícia, o que cria uma percepção negativa da imagem da polícia. A letra da música Bayar Bayar Bayar viralizou em várias plataformas de mídia social.

Na quinta-feira (20/02), Sukatani publicou um vídeo de esclarecimento e pedido de desculpas em suas contas de mídia social. No vídeo de desculpas, a banda, que normalmente se apresenta anonimamente usando máscaras, foi convidada a se apresentar sem as máscaras. Suas músicas também foram retiradas de todas as plataformas musicais.

A BBC entrou em contato com o pessoal da Sukatani para pedir confirmação, mas a pessoa em questão não quis fornecer informações.

Por meio de sua história no Instagram, Sukatani relatou que eles estavam bem e em um local seguro.

“Também gostaríamos de informar que nossa condição melhorou e estamos em um lugar mais seguro”, escreveu Sukatani em seu Instagram, sábado (22/02).

Sukatani expressou gratidão pelo apoio e solidariedade que várias partes lhes deram recentemente. “Nós da Sukatani gostaríamos de expressar nossa mais profunda gratidão pelo apoio e orações de todas as partes nos últimos dias”, escreveu Sukatani.

“Nós realmente apreciamos a solidariedade dos nossos amigos que nos mantém fortes”, continuou Sukatani. A hashtag #wewithsukatani virou destaque no X depois que Sukatani postou um vídeo de esclarecimento e pedido de desculpas ao Chefe de Polícia.

Muitos músicos apoiam a banda, mas muitos internautas criticam a polícia que estaria silenciando a liberdade de expressão nas artes. “Neste mundo, não há uma única pessoa que se desculpe voluntariamente por ter sido gravada em vídeo e retire seu trabalho sem coerção”, escreveu Okky Madasari, escritor e sociólogo, por meio de sua conta nas redes sociais.

Vocalista da banda Sukatani é demitida como professora

A Escola Primária Mutiara Hati IT em Banjarnegara, Java Central, confirmou que Novi Citra Indriyati, vocalista da banda Sukatani, já foi registrada como professora na escola e agora foi demitida.

O diretor da Escola Primária Mutiara Hati IT, Eti Endarwati, disse que a demissão de Novi não se deveu à canção de Sukatani intitulada “Bayar Bayar Bayar”, que se tornou viral nas redes sociais.

Ele disse que a demissão de Novi ocorreu muito antes do vídeo de esclarecimento de Novi ou da música “Bayar Bayar Bayar” se tornarem virais nas redes sociais.

“É verdade que ela foi demitida, mas o problema não é a música e o incidente viral”, disse Eti Endarwati. Eti revelou que Novi Citra Indriyati foi demitida do cargo de professora desde quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025.

Segundo ele, Novi, que leciona na Mutiara Hati desde 2022, não é mais contratada como professora na escola porque violou o código interno de ética. “Relacionado à lei islâmica”, disse Eti.

Eti enfatizou que todos os professores da escola são obrigados a cumprir o código de ética. “Portanto, há regras que se aplicam a todos e há um código de ética para nossos professores. A violação mais fundamental do código de ética é a exposição das partes íntimas do professor”, explicou ele.

“O código de ética foi socializado no início do registro e desde o começo ela já sabia das consequências. Então, descobrimos nas redes sociais dela que havia partes de suas partes íntimas que estavam expostas”, disse ele.

Eti disse que Novi tinha sido professora titular. Novi também se comportava bem e tinha competência adequada.

Quais são as respostas dos músicos e ativistas?

O vocalista da banda de punk rock MCPR, Alby Moreno, acredita que a música “Bayar Bayar Bayar” “encontrou seu lugar” em meio à polêmica em andamento.

“Como compositores, definitivamente escreveremos e gravaremos todas as formas de ansiedade que sentimos. Essa também é uma forma de honestidade do músico em relação ao seu trabalho”, disse Alby.

A música “Bayar Bayar Bayar” pareceu “encontrar seu lugar” como grito de guerra para os protestos.

Segundo Alby, isso é indissociável dos resultados do trabalho que é feito “de coração”, de modo que atrai o interesse de muitas pessoas que têm “as mesmas preocupações”.

Alby disse que a questão Sukatani foi compartilhada por tantas contas nas redes sociais que sua música “representa perfeitamente que todos nós estamos ansiosos sobre a liberdade de expressão e opinião”.

“Especialmente como músicos, para nós [liberdade] é algo que absolutamente precisamos ter”. Alby aprecia que tanto os músicos da cena quanto os ouvintes estejam conectados através da música “Bayar Bayar Bayar”. “Ainda estamos na mesma sala. Ambos sentimos que compartilhamos o mesmo destino”, disse ele.

Enquanto isso, o Diretor Executivo da Anistia Internacional Indonésia, Usman Hamid, lamentou o incidente de remoção de obras de arte de espaços públicos sofrido por Sukatani.

Usman disse que “seria impossível para o grupo musical Sukatani fazer um vídeo de desculpas dirigido ao Chefe de Polícia e sua equipe” se não houvesse “pressão”.

“A Anistia pede que o Chefe de Polícia tome imediatamente medidas corretivas em relação à suposta pressão de qualquer forma sobre o grupo musical Sukatani”, disse ele na sexta-feira (21/02).

“A polícia deve revelar quem são as partes que supostamente pressionaram Sukatani a fazer um vídeo de desculpas e retirar a música Bayar Bayar Bayar do espaço público.”

Em dezembro de 2024, a abertura da exposição individual de Yos Suprapto foi cancelada porque várias obras do pintor de Yogyakarta foram consideradas muito críticas ao governo.

‘Como um déjà vu, de repente o espírito da Nova Ordem está de volta’

O observador musical e ex-editor da edição indonésia da revista Rolling Stones Wendi Putranto disse que o que aconteceu com a banda Sukatani foi “absolutamente” uma “repressão à liberdade de expressão e discurso que, ironicamente, veio dos próprios policiais”.

Wendi avaliou que “as tentativas de reprimir” Sukatani eram como “despejar gasolina em uma pilha de palha seca que nos últimos dias se tornou muito inflamável”. Isso, disse ele, “escapou dos cálculos da repressão policial”.

Wendi acredita que o grupo Sukatani reflete a verdadeira “alma punk”. Aos olhos do observador musical, a identidade do grupo era “autêntica”, “rebelde” e “anárquica” tanto em termos de vestimenta quanto de letras de músicas.

“Quer eles tenham percebido ou não, até mesmo o esforço de retirar a música e o vídeo de desculpas foi muito tático para desencadear uma resistência generalizada”, explicou Wendi.

Wendi acrescentou que a última vez que ocorreu um incidente de repressão severa contra a liberdade de expressão na música, como o sofrido por Sukatani, foi durante a era da Nova Ordem, especificamente na década de 1980.

“Então é como um déjà vu, de repente o espírito da Nova Ordem está de volta com a repressão contra Sukatani”, disse ele.

Fonte: BBC News Indonésia

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agência de notícias anarquistas-ana

Na brisa da tarde
penugens de um passarinho
cada vez mais longe.

Tânia D’Orfani

[EUA] Suprema Corte da Pensilvânia nega a Mumia Abu-Jamal permissão para apelar

Essa negativa encerra a contestação judicial de Mumia no estado da Pensilvânia para anular sua condenação.

por Rachel Wolkenstein, advogada

1º de abril de 2025 – Em setembro de 2024, o Tribunal Superior da Pensilvânia negou o sexto pedido de Mumia Abu-Jamal ao estado para reverter sua condenação de 1982. Um pedido à Suprema Corte da Pensilvânia por permissão para apelar foi negado em 26 de março de 2025. Na Pensilvânia, apelar à Suprema Corte estadual não é um direito automático; é necessário apresentar um pedido específico de “autorização” (permissão). Essa negativa da Suprema Corte encerra a contestação de Mumia à sua condenação no sistema judiciário do estado.

A juíza Lucretia Clemons assumiu o caso de Mumia em dezembro de 2021 e, sem realizar uma audiência, emitiu uma negativa em 31 de março de 2023. Esse sexto pedido se baseava em novas evidências corroborativas de má conduta da promotoria, violações do caso *Brady*, por incentivos não revelados dados às testemunhas Cynthia While e Robert Chobert; além de novas evidências de viés racial na seleção do júri, uma violação do caso *Batson*.

Esse sexto pedido não incluiu as substanciais evidências já presentes nos registros das audiências realizadas entre 1995 e 1997 diante do infame juiz Albert Sabo, nem as volumosas provas recém-descobertas da inocência de Mumia e da falsificação de provas contra ele por parte da polícia e da promotoria, que foram apresentadas aos tribunais estaduais e federais entre 2001 e 2003.

Nenhuma dessas novas provas de inocência foi considerada pelos tribunais. Todos esses documentos foram rejeitados com o argumento de que foram “apresentados fora do prazo”. No entanto, nenhuma das provas descobertas entre 1995 e 2003 foi incluída no sexto pedido, o que era necessário para fundamentar o argumento legal de que as novas evidências apresentadas em 2021 eram “materiais” e justificavam a anulação da condenação de Mumia.

A prisão, condenação e sentença de morte de Mumia foram politicamente motivadas e racialmente enviesadas. As evidências reveladas ao longo das décadas seguintes à sua condenação comprovam que Mumia é inocente e foi incriminado. A militância e as futuras ações, assim como novos desafios legais para conquistar a liberdade de Mumia, devem partir do entendimento de que ele é inocente e foi vítima de um complô envolvendo a polícia da Filadélfia, a promotoria, os tribunais da Pensilvânia e o FBI/Departamento de Justiça dos EUA.

A *Mumia Freedom Tour* (Turnê Pela Liberdade de Mumia), que acontecerá de 21 a 25 de abril, na semana do aniversário de 71 anos de Mumia, ocorrerá em diversas localidades da Área da Baía de São Francisco – incluindo Oakland, San Francisco e San Jose. Essa campanha é liderada por Jamal Ibn Mumia, filho mais velho de Mumia. Jamal falará sobre o impacto das crenças e ações de seu pai como integrante dos Panteras Negras, jornalista lendário, autor prolífico e combatente pela liberdade encarcerado, na vida dos filhos e netos de Mumia. Ele discutirá o objetivo da turnê: construir uma campanha renovada e vigorosa para lutar pela liberdade de Mumia e conquistar sua libertação incondicional da prisão.

Rachel Wolkenstein também participará dos eventos, destacando as evidências da inocência de Mumia e da armação contra ele.

Rachel Wolkenstein atua como advogada de Mumia desde 1987; foi coadvogada entre 1995 e 1999 durante a tramitação de seu primeiro pedido de revisão pós-condenação (PCRA); responsável pela investigação das provas; e chegou a ser presa no tribunal pelo juiz Sabo, em agosto de 1995, por se opor à negação da intimação de uma testemunha que deporia sobre os métodos de seleção de júri que resultaram em painéis racialmente segregados.

Fonte: https://sfbayview.com/2025/04/pennsylvania-supreme-court-denies-mumia-abu-jamal-permission-to-appeal/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

Um sopro de brisa —
A barra da cortina
suave, ondulando…

Guin Ga Eden

Grandes protestos na Espanha sobre crise imobiliária devido ao aumento dos aluguéis, conversão de casas em apartamentos turísticos e especulação

Em 5 de abril de 2025, dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em toda a Espanha contra a chamada “crise imobiliária”. Cerca de 150.000 pessoas participaram da manifestação em Madri, enquanto manifestações menores foram realizadas em cerca de 40 cidades.

Os manifestantes protestavam contra a especulação imobiliária. Na Espanha, a habitação tornou-se a questão social número um, com o aumento dos aluguéis, a conversão de casas em apartamentos turísticos e a especulação tornaram o aluguel inacessível para muitos.

Esta manifestação faz parte de uma onda maior de protestos por moradia na Espanha. De tempos em tempos, acontecem manifestações e protestos relacionados à moradia, como a grande manifestação em Barcelona em 23 de novembro de 2024, onde os manifestantes exigiram uma redução de 50% nos aluguéis e ameaçaram fazer greve se a situação não melhorasse.

Além disso, o movimento de ocupação tem uma longa história na Espanha. Desde 2011, grupos como a PAH (Plataforma de Afetados pela Hipoteca) ocupam prédios vazios de bancos para abrigar famílias, promovendo a ideia de moradia como um direito sobre a propriedade privada.

1/10 do estoque habitacional na Espanha foi comprado por investidores ou convertido em aluguéis turísticos, reduzindo drasticamente a oferta de moradias para os moradores. Os aluguéis na Espanha dobraram nos últimos 10 anos, de 7,2 euros por metro quadrado em 2014 para 13 euros em 2024, enquanto as rendas, especialmente dos jovens, não acompanharam esse aumento. Além disso, 1,4 milhão de famílias na Espanha gastam mais de 30% de sua renda em moradia, 200.000 a mais que há 10 anos.

A crise imobiliária levou a uma desigualdade crescente, já que apenas os mais ricos podem pagar os aluguéis em grandes cidades, como Barcelona e Madri. A conversão de casas em apartamentos turísticos agravou o problema, principalmente em destinos turísticos como Barcelona.

Em Barcelona, ​​os manifestantes do dia 5 de abril levantaram palavras de ordem como: “Nem pública nem privada, moradia autogestionada”.

agência de notícias anarquistas-ana

Soneca da tarde.
Uma brisa companheira
chega sussurrando.

Alberto Murata

[Grécia] Contra o crime capitalista estatal em Tempe | Greve Geral em 09/04

Já se passaram dois anos desde a colisão de trens em Tempe, que matou pelo menos 57 pessoas e feriu muitas outras. Desde o primeiro momento, o aparato estatal e as instituições tentaram encobrir o que está se tornando cada vez mais claro a cada dia. Não foi um acidente, mas foi um assassinato capitalista de Estado!

Por mais que tentem suprimir as vozes da raiva e do protesto para que o capital possa fazer seus negócios em paz, é ainda mais necessário resistir às políticas estatais que levam a mortes nas fronteiras, nos trilhos e no mar.

A raiva não pode ser escondida, nem pode esperar que a justiça burguesa apresente suas conclusões. A rua é a única arma que temos em nossas mãos.

Todos nós nas ruas, todos nós em greve na quarta-feira, 9 de abril.

athens.indymedia.org

agência de notícias anarquistas-ana

na barra sul do horizonte
estacionavam cúmulus
esfiapando sorvete de coco

Guimarães Rosa

[Holanda] Evento de reparo de bicicletas da Comunidade ABC

Sua bicicleta está fazendo um barulho estranho? Você só precisa de uma chave inglesa de 15 mm para apertar as rodas? Ou quer melhorar sua bicicleta? A ABC está organizando uma sessão comunitária de reparo de bicicletas no Vrankrijk na 1ª e 3ª terças-feiras do mês, das 13:00 às 17:00.

Esse evento é organizado pela ABC, a Anarchist Bike Collective. Queremos realmente construir o compartilhamento de bicicletas. Com a crescente repressão contra ativistas e manifestantes, é fundamental criarmos recursos comunitários e praticarmos a provocação não violenta.

Inspirados pelas bicicletas brancas de Provo, temos consertado e distribuído bicicletas com cadeados de combinação em Amsterdã. Portanto, se você quiser consertar sua bicicleta ou tiver ideias sobre como obter, manter e utilizar o verdadeiro compartilhamento de bicicletas, venha tomar um chá.

Vrankrijk, Spuistraat 216, Amsterdam

agência de notícias anarquistas-ana

Brisa matinal —
O cãozinho fecha os olhos
por alguns instantes.

Edson Kenji Iura

[Espanha] Próxima edição: “Destrua o sistema. Punk anarquista como cultura de resistência”

Uma compilação de ensaios de todo o mundo sobre como o punk anarquista influenciou e inspirou a resistência em diversas lutas. O punk e o anarquismo estão entrelaçados desde que o punk irrompeu pela primeira vez na consciência pública há cerca de 47 anos e, embora a relação seja complicada (e não onipresente), o anarquismo tem sido identificado como a “principal companhia política” do punk. No entanto, a pesquisa aprofundada sobre as conexões entre o anarquismo e o punk tem sido escassa: ou é dada como certa, ou fica escondida no fundo de outros temas de análise, ou é totalmente ignorada. Vamos mudar essa situação com a publicação de quatro livros sobre diversos aspectos da relação entre o punk e o anarquismo, este é o primeiro!

As cenas punk anarquistas deste primeiro livro abrangem África do Sul, Cuba, Venezuela, Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, País Basco, Chile, República Tcheca, Croácia, Grécia, Reino Unido, Estados Unidos, Indonésia, Japão e China.

“Destrua o sistema! Punk anarquista como cultura de resistência”, 416 páginas. 19 cm x 14 cm.

Edição de Jim Donaghey, Caroline Kaltefleiter e Will Boisseau. Capa de Guy Denning.

Tradução da edição da Active Distribution, a quem agradecemos a confiança para editá-los em espanhol.

Up the Punks Rats!

editorialimperdible.com

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

todos aos abrigos:
a avó de novo
com o mata-moscas

Elizabeth St. Jacques

[Grécia] Solidariedade internacional com o companheiro Salvatore Vespertino Ghespe

Em 15 de fevereiro, o companheiro anarquista Salvatore Vespertino (Ghespe), que estava foragido há dois anos, foi preso em Madri (Espanha). De acordo com a mídia, sua prisão foi resultado da cooperação entre as autoridades de vários países, incluindo a Grécia.

O companheiro foi transferido para a Itália em 4 de março, inicialmente para a prisão de Rebibbia, em Roma, e atualmente está detido na prisão de Spoleto. Ele foi condenado a 8 anos de prisão sob a acusação de posse, fabricação e transporte de um dispositivo explosivo, lesões corporais graves e danos no contexto da operação Pânico de 2017 em Florença. O dispositivo explodiu nas mãos de um policial de eliminação de bombas que nem sequer seguiu os protocolos de segurança e perdeu um braço e um olho. O companheiro foi condenado com base na única evidência de um teste de DNA que foi realizado de forma grosseira e não pode ser repetido. Afinal de contas, não é a primeira vez que misturas de DNA são usadas como prova para incriminar militantes pelas autoridades, enquanto métodos como o mencionado acima estão sendo contestados pela própria ciência. Análises que são realizadas nos laboratórios dos policiais e da autoridade policial em questão, com tudo o que isso implica em termos de confiabilidade dos resultados, não dando aos que estão sendo processados a oportunidade de um reexame.

De nossa parte, estamos em solidariedade inegociável com o companheiro que está preso nas celas da democracia. Por mais que o poder mobilize seus diversos mecanismos para prender e isolar os companheiros, para neutralizar e reprimir as lutas, para semear o medo, sempre nos oporemos. Enquanto os Estados se armarem com novos meios de repressão, fortalecerem os acordos transnacionais para proteger o capital e sua própria existência, enquanto tentarem eliminar qualquer vestígio de resistência dos indivíduos em luta, devemos mostrar nossa solidariedade internacionalista e não esquecer nenhum prisioneiro da guerra social e de classes. Da Itália das repetidas operações repressivas contra ocupações e companheiros e companheiras anarquistas à Alemanha da constante caça às bruxas de antifascistas e ex-membros de organizações armadas, sempre estaremos ao lado daqueles que lutam, se rebelam e se revoltam.

DA GRÉCIA À ITÁLIA, UMA LUTA MULTIFACETATA PARA DESTRUIR TODAS AS FORMAS DE PODER
SOLIDARIEDADE AO COMPANHEIRO ANARQUISTA GHESPE
FOGO EM TODAS AS PRISÕES E CELAS
ATÉ A LIBERTAÇÃO TOTAL

Assembleia de solidariedade com os prisioneiros, militantes presos e perseguidos

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/04/03/italia-o-companheiro-ghespe-foi-transferido-para-a-prisao-de-spoleto/

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Até do tô-dango
os bolinhos se encolhem –
Vento de outono.

Morikawa Kyoriku

[México] Maio Anarquista. Rodada pela memória anárquica.

A 114 anos da Insurreição anarquista em Tecate, Tijuana e Mexicali, território ocupado pelo estado mexicano.

Por Mauricio Morales e os companheiros insurretos de Chicago.

A memória… como um motor que impulsiona a ação defensora, como parte de nossa prática política permanente que se nutre de nossa história“… Francisco Solar – preso anarquista no estado $hileno.

A história não é um produto de museu nem tampouco a memória em um baú no qual olhar com nostalgia ansiando um passado ou futuro melhor.

A memória e a história especificamente a que nos atravessa como anarquistas, são deflagradores que impulsionam em seguida de um posicionamento em tensão contra o poder e toda forma que este adquira.

Mesmo posicionamento que iniciaram nossos companheiros presos, foragidos, assassinados, acidentados, exilados, desaparecidos, caminho insurreto que nunca se acaba porque a anarquia não é um ponto de chegada nem um paraíso terreno utópico cristão. A anarquia é tensão contra um estado das coisas.

A anarquia não morre na boca prevalece nas mãos ativas” – Mauricio Morales.

* Em breve mais infos.

agência de notícias anarquistas-ana

Ah! Oh! É tudo
O que se pode dizer —
Monte Yoshino em flor.

Yasuhara Teishitsu

“Estamos aqui! Somos queer! Somos anarquistas”, de Edward Avery-Natale

“Nos protestos contra o G20 em Pittsburgh, em 2009, um grito popular entoava a frase: “We’re here! We’re queer! We’re anarchists, we’ll fuck you up!” [Estamos aqui! Somos queer! Somos anarquistas, vamos acabar com vocês!”]. No entanto, é quase impossível que todos os integrantes do black bloc que entoaram esse grito se identificassem como queer em sua vida cotidiana. Neste artigo, defendo que a autoapresentação dos participantes do black bloc, especialmente quanto ao mascaramento do rosto com uma bandana preta e ao uso da própria cor preta, permite a destruição de uma identificação anterior e a recriação temporária de uma nova identificação. Enfatizo as teorias desenvolvidas por Deleuze & Guattari e Giorgio Agamben. Também analiso uma zine produzida pelos organizadores da resistência ao G20 em Pittsburgh para mostrar que minha interpretação da subjetividade black bloc se espelha nas reivindicações dos participantes do black bloc.”

>> O texto completo pode ser lido aqui:

https://transanarquismo.noblogs.org/files/2025/03/Edward-Avery-Natale-Estamos-Aqui-Somos-Queer-Somos-Anarquistas.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

No telhado ao lado,
Sinfonia de pardais —
Ah… chuva vernal!

Teruko Oda

Sobre o Movimento Anarquista Ácrata

“De modo genérico, o anarquismo ácrata se caracterizaria por um investimento teórico em uma concepção de retomada firme da coerência com o caráter anti hierárquico do campo de pensamento anarquista, ante à emergência de visões de desnaturamento deste pensamento, que o identificam seja à direita seja à esquerda do espectro dos projetos políticos da modernidade (calcados no princípio hierárquico) – daí, a opção pela redundância da denominação, sobrepondo acracia a anarquia, como modo de demarcar fortemente o caráter anti hierárquico desta concepção; bem como se caracteriza pela opção por uma visão transformacionista do processo de mudança social – em detrimento das visões insurrecionistas/revolucionárias;reformistas/institucionalizantes;e/ouescapistas/heterotópicas -, ante à compreensão de que as macro tendências sistêmicas mundiais atualmente dominantes parecem apontar mais para a configuração de um processo progressivo de arruinamento globalizado do sistema e da própria “civilização”, do que para uma sonhada sublevação consciente e massivamente instituinte de uma nova sociedade, por parte da/os de baixo. Seu símbolo será o arroba invertido – “espelhado” – ladeado pelos dois traços verticais do A de anarquismo, sugerindo assim uma sobreposição de duas letras a’s (como arroba e como A), que remetem às iniciais do termo, além de, no conjunto, formar a silhueta do já tradicional símbolo do movimento libertário (o popular “a na bola”), bem como de remeter (pelo arroba invertido) à ideia de uma rebelião anti sistema que se vale de recursos tecnológicos para fazer a sua luta.     

A aludida retomada firme da coerência com o caráter anti hierárquico do campo anarquista traduz-se como uma compreensão de que as formas e dinâmicas sociais organizativas ácratas, em suas expressões coerentes, caracterizam-se não por formatos estruturais traduzíveis pela geometria euclidiana e processos funcionais associáveis aos de fluxos mecânicos contínuos, mas sim, por expressões estruturais ao modo de unidades fractais multifacetadas e por funcionamentos do tipo reações em cadeia multidirecionais, compondo-se em quadros de conjuntos orgânicos desenvolvidos como recifes de corais (que se desenvolve por justaposição). Isto significa opor-se a paradigmas reprodutores de blocos de “UM”, por inspirações criadoras de tessituras de “uns”, concretizando-se em contextos sociais organizacionais ao modo de tapeçarias multicoloridas inteligíveis apenas pela afinidade entre seus motivos estéticos, do que por uma definível estrutura linear qualquer do conjunto. Entenda-se, pois, por isto, um avesso (e uma aversão) teórico e prático radical das concepções de “poder popular” – paradigma reprodutor de bloco de UM, à esquerda (anarquia não tem nada a ver com “poder”, mas com potência), e de “direito da propriedade” – paradigma reprodutor de bloco de UM, à direita (anarquia não tem nada a ver com “propriedade”, mas com posse mutável), presentes atualmente no debate público sobre concepções políticas pretensamente libertárias.

A aludida opção por uma visão “transformacionista” do processo de mudança social, significa que, ante um provável arruinamento globalizado do sistema e da própria civilização e tomando como referência para a visualização de possíveis cenários pós colapso momentos históricos posteriores às quedas de antigas civilizações tais como a do Império Romano, pode-se deduzir que em períodos deste tipo há esperanças apesar do pessimismo, visto que, desintegradas as estruturas que sustentavam a antiga “ordem”, abre-se no palco mundial do drama da sobrevivência da espécie uma fenda de possibilidades de (re)invenção de modos de vida coletiva, estabelecendo-se assim a possibilidade de uma luta mais plural entre modos de vida diversos pela sua expansão, e aqueles que se anteciparem neste embate, constituindo-se embrionariamente já dentro da própria “ordem” em declínio, e lutando para se expandirem em seu interior mesmo – e contra ela – pela constituição de fenômenos de “modas” múltiplas cuja solução de continuidade se dá pela via de um “espírito comum”, tendendo à criação de uma rede cultural desterritorializada, constituída por agregações via afinidades eletivas de unidades funcionais diversas, poderão contribuir assim para um projeto de emergência de uma “etnia” multi étnica mundializada, com vocação para exercer uma ação de transformação contagiosa no cenário do fazer humano coletivo pré e pós “evento”.  

O comunitarismo ácrata, forma de ação tática consequente a ser desenvolvida pelo campo anarquista ácrata, se caracterizaria como um projeto de criação de redes de individualidades e grupos movidas por um espírito comum de busca de construção de conhecimentos e práticas de realização de autonomias relativas máximas possíveis, em relação (e em contraposição) às forças dominantes do mercado e do Estado, e em todos os aspectos da vida – especialmente nos campos das necessidades mais fundamentais, tais como alimentação, saúde, educação, transporte, segurança, comunicação -, pela via da apropriação e desenvolvimento de tecnologias e técnicas de fácil acesso e baixo custo, a serem pesquisadas, custeadas e propagadas de forma coletiva, através das redes comunitárias ácratas.

Naturalmente, o modo de organização grupal das redes comunitárias ácratas deverá ser horizontal, auto gestionário e assembleísta, e sua ética de relações interpessoais deverá se pautar pela valorização máxima do respeito às especificidades e singularidades individuais e coletivas. O arroba invertido contido no símbolo do anarquismo ácrata pode ser visto também como uma alusão às iniciais da denominação desta sua tática consequente (ou seja, as letras “c”, de comunitarismo – o semi círculo do arroba -, e “a”, de ácrata – o núcleo do arroba -; sendo que invertidas – “espelhadas”, como sinal de sua natureza de rebelião).

Um instrumento fundamental para fundar, promover e expandir redes comunitárias ácratas, seriam plataformas de comunicações informacionais. Estas seriam sistemas de comunicação compostos por várias mídias associadas, tais como sites, grupos de redes sociais por perfis e grupos de redes por contatos telefônicos.”

(Trecho do “Manifesto Anarquista Ácrata”, de autoria de Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira)

agência de notícias anarquistas-ana

um gato no telhado
para os pardais novos
que alvoroço!

Rogério Martins

[Espanha] Debate libertário: uma necessidade atual

Por Enrique Gómez Arnas

Talvez, apenas talvez, esteja ocorrendo um renascimento do movimento libertário na Espanha e no mundo. A democracia ocidental clássica, liberal, modelo pós-Segunda Guerra Mundial em grande parte do mundo, está dando sinais de esgotamento. Diante dessa situação, surgiram novos autoproclamados “libertários”, neoliberais de corte fascista, com características muito particulares que nada têm a ver com o verdadeiro libertarianismo anarquista, embora confundam parte da população. O verdadeiro libertarianismo é anarquista e anti-hierárquico; esses “libertários”, no entanto, querem se livrar da parte do Estado que os incomoda, odeiam impostos e regulamentações, assim como os benefícios sociais que eles geram.

É a lei da selva, o salve-se quem puder, mas com regras de mercado (que também não respeitam quando não lhes interessa: veja-se o intervencionismo governamental que praticam ou a recuperação econômica, após as crises capitalistas, com dinheiro público, que não desdenham).

O descontentamento social com a democracia burguesa ocorre quando a população percebe que, independentemente das cores dos governos, seus problemas cotidianos permanecem os mesmos ou pioram a cada legislatura.

Na Espanha, mesmo com a chegada da República em sua segunda edição, o movimento anarquista e anarcossindicalista sabia que esse fato político notável não traria mudanças revolucionárias. O militante anarquista tinha claro (vejam-se as afirmações de alguém tão pragmático como Ramón Acín) que a luta pela emancipação da Humanidade seria tão necessária quanto em épocas ainda mais autoritárias.

A mudança de posição ideológica em relação ao voto por parte da CNT em 1936, para evitar que a direita voltasse a vencer e para conseguir a anistia, foi determinante para o triunfo da Frente Popular. Os anarquistas pegaram em armas após julho daquele fatídico ano eleitoral, não tanto para defender uma república que havia decepcionado suas expectativas, mas para alcançar a revolução: era o espírito do 19 de julho.

A vida é o bem supremo, e melhorá-la é o objetivo de qualquer verdadeiro libertário, o que levou a grandes divergências com os frentepopulistas.

O Conselho de Aragão, assim como muitos outros experimentos coletivistas por toda a Espanha, mostrou ao mundo as possibilidades reais oferecidas pela aplicação e prática do assembleísmo e da autogestão. Seu próprio sucesso acabou com esses experimentos; alcançar um bom superávit produtivo para o “esforço de guerra”, respondendo ainda ao princípio de “a cada qual segundo suas necessidades e de cada um segundo suas possibilidades”, era uma equação perigosa tanto para o comunismo stalinista quanto para a democracia burguesa. Assim, decidiu-se acabar com as coletivizações, mesmo que isso significasse desviar forças do tão propalado “esforço de guerra”. Portanto, já durante a guerra, o movimento libertário viveu a repressão das próprias fileiras republicanas.

Uma organização férrea e hierarquizada controlaria, após a guerra, os esforços de resistência contra o franquismo e o fascismo europeu. Muitos anarquistas lutaram movidos por seu antifascismo nas fileiras da resistência, controladas principalmente, como digo, pelo Partido Comunista.

Quando surgiu a política de “reconciliação nacional”, defendida pelo PCE, alguns se desmobilizaram da luta armada, mas foram os anarquistas, a partir desse momento, que decidiram continuar na luta, desta vez na guerrilha urbana. Ou seja, o movimento libertário, apesar da maior facilidade de dispersão ao fugir e rejeitar estruturas hierarquizadas que propõem maior controle, continuava vivo e atuante, sendo responsável por muitas das tentativas de acabar com a vida do ditador.

Já no declínio do franquismo, as forças opositoras concordaram em grande parte com as do regime em criar uma democracia burguesa convencional e substituir o franquismo decadente, de modo que os movimentos revolucionários autênticos eram o inimigo a ser derrotado.

Com a chegada da Transição, tudo o que não fosse política parlamentar regulada e constitucional deveria ser eliminado. A maioria dos partidos revolucionários antifranquistas foi desaparecendo, enquanto muitos de seus membros e líderes passaram a integrar os quadros dos partidos institucionais… e também dos sindicatos fortalecidos pelos poderes públicos. Assim, surgiu o dilema de aceitar ou combater aqueles que não se conformariam com a maquiagem que a nova democracia parlamentar representava para a máquina exploradora do Estado.

Todos, como em 1937, concordaram em asfixiar economicamente, através da não devolução aos legítimos proprietários do patrimônio sindical anarcossindicalista, negando subsídios estatais (em clara discriminação frente aos sindicatos institucionalmente aceitos) e, além disso, realizando claras montagens policiais como o caso Scala e outros escândalos.

O espírito crítico, que só poderia permanecer entre aqueles que queriam não apenas uma reforma, mas ir além da frustrada ruptura, também serviu aos interesses desagregadores com uma concepção estreita da “pureza” ideológica que levou ao Congresso da divisão da CNT.

Mas o verdadeiro libertarianismo nunca esteve morto.

Após os eventos de 1968, havia uma clara concepção anarquista da vida e da política.

Após o 15M, havia desejos de autogestão e assembleísmo frente ao sistema tradicional de partidos.

Hoje, diante do cansaço com a inação dos partidos no governo, que se alternam sem que as pessoas notem melhoria em suas vidas cotidianas, existe uma alternativa que está se aproveitando da situação, e é uma alternativa perigosa.

O suposto “libertarianismo”, ao estilo anglo-saxão, copiado em muitas outras partes do mundo, oferece, como seus antecessores nos anos 20 e 30 do século passado, soluções fáceis para o povo menos instruído. É a mesma estratégia de sempre: oferecer um inimigo facilmente reconhecível, confrontar os últimos com os penúltimos, dentro das classes sociais, para que não vejam que seu inimigo está mais acima na escala econômica. Ontem eram os judeus e os comunistas, hoje são os imigrantes, os gays, os progressistas, as feministas, os ecologistas e, em geral, todos aqueles que confrontam o poder. O estabelecimento da “correção política” uniu-se, interessadamente, ao estabelecimento de uma democracia que continua decepcionando as classes mais desfavorecidas; portanto, sua falta de esperança une progressismo e democracia. Não é de surpreender que a esquerda se pergunte continuamente: “O que estamos fazendo de errado?” Devemos, nestes tempos de desinformação contínua, fazer mais esforços do que nunca para difundir a mensagem autenticamente libertária. O surgimento das “Redes Libertárias” foi como um raio de esperança em meio a tanta decrepitude e tanta apatia política. Ter o maior número possível de canais de comunicação com a sociedade deve ser uma tarefa fundamental para trazer à luz uma ideologia que nunca morreu, mas que estava em estado letárgico. A partir do movimento da Memória Histórica, abrem-se caminhos para falar sobre o que foi o verdadeiro libertarianismo (sem aspas) em nosso país.

Em Aragão, nos preocupamos muito e sempre tivemos o desejo de trazer ao conhecimento público os esquecidos entre os esquecidos: os anarquistas. Muitas exposições, palestras, homenagens e até monumentos foram impulsionados pela sensibilidade especial da Associação para a Recuperação da Memória Histórica de Aragão (ARMHA) em relação a esses temas.

Nesse contexto, não queríamos perder a oportunidade de começar a proposta de uma série de debates públicos sobre o anarquismo hoje. Assim, no dia 31 de janeiro, dentro das jornadas da “imagem da memória de 2025”, propusemos uma mesa-redonda que esperamos seja o início de muitas outras ao longo do ano, servindo também como plataforma para outras iniciativas a serem realizadas com organizações afins.

Esse mesmo desejo levou, nesta ocasião, a historiadora Laura Vicente a nos oferecer um resumo das atividades das Mulheres Libertárias em Aragão durante os anos 80; Antonio Capapé leu, e também acrescentou vivências pessoais, o texto que Paco Marcellán (que não pôde intervir presencialmente por motivos de saúde) preparou sobre uma pequena aproximação ao libertarianismo espanhol durante a Transição; finalmente, Javier Celma falou, mais concretamente, sobre a trajetória da CNT aragonesa ao longo desses anos.

O debate foi curto, devido a problemas de horário, que tentaremos corrigir nos próximos eventos que anunciarmos.

A seguir, destacarei algumas das intervenções de Laura Vicente e de Paco Marcellán, já que Javier Celma improvisou e não há nenhum escrito que ateste sua intervenção.

Laura falou sobre a história do movimento integrado na CNT local das Mulheres Libertárias, das quais destaco estes fragmentos:

“O contexto em que o grupo apareceu foi a etapa final da Transição, em 1980. O grupo surge em um cenário complexo e conflituoso, mas também esperançoso pelas possibilidades de mudanças importantes, cheio de atividade política e sindical, renovador e transformador da vida pessoal. Percebemos que a rebelião deveria ter uma dimensão ética que transformava a cultura e a educação em elementos fundamentais, focando nossa atenção em aspectos-chave da existência: alimentação, saúde, família, amor, sexualidade, relacionamento conjugal, respeito à natureza, etc.

Nada disso era novo, pois fazia parte do legado do anarquismo. Também nos tornamos conscientes da importância da defesa da liberdade coletiva, mas também individual. Dessa forma, buscamos a independência psicológica e a autoestima, valorizando a chamada ‘emancipação interna’ que Emma Goldman já defendia para que as mulheres se tornassem sujeitos de seu processo de liberação. As Mulheres Libertárias eram uma organização autônoma e libertária, aberta a todas as mulheres.

Era um grupo misto, um grupo de afinidade, em Zaragoza fazia parte da CNT, que era concebida como um organismo global até o X Congresso de 1987. Fazia parte das coordenadoras feministas a nível local e estadual; coordenação com os outros grupos de Mulheres Libertárias através de encontros… o tema principal foi o aborto, os anticoncepcionais e a maneira de entender a sexualidade, (assim como) muitos outros: trabalho, educação, antimilitarismo, violência, etc.

No grupo, logo percebemos que o feminismo não afetava apenas o político, o público, mas também o pessoal, ‘o pessoal é político’, embora houvesse muito debate sobre as carências ideológicas em relação ao alcance do anarquismo na opressão das mulheres, que eram óbvias na maioria do poder e da autoridade. Esses temas teriam exigido um estudo, debate e reflexão mais profundos, além da definição habitual do antiautoritarismo. A extinção do grupo, por múltiplas causas externas e internas, entre as quais mencionarei as duas mais destacadas: a primeira causa, o cansaço de um ativismo intenso (o mesmo que ocorreu dentro de outros movimentos e forças políticas e sindicais); a segunda, o X Congresso da CNT em 1987, no qual se rejeitou a organização global que havia sido construída em Zaragoza. Assim como não houve uma data de fundação precisa das Mulheres Libertárias de Zaragoza, também não houve uma data de extinção do grupo, mas ele desapareceu entre 1987 e 1988.”

Depois, Antonio Capapé, militante da CNT durante a Transição (tema sobre o qual versava esta mesa-redonda), leu uma intervenção de Paco Marcellán, de caráter mais geral, sobre os acontecimentos e fatos do sindicato naqueles momentos históricos:

(Antecedentes) “Estamos assistindo a uma rememoração dos últimos anos, que são qualificados como estertores da ditadura franquista, junto com outras leituras da chamada Transição democrática, na qual predominam os grandes personagens associados aos pactos/transações que evitaram uma ruptura ‘de baixo para cima’ e possibilitaram uma transação ‘de cima para baixo’.

A fragilidade do movimento libertário, após a derrota e a dura repressão pós-guerra, e o esquecimento das pessoas libertárias que continuaram lutando nas cidades e no maquis até meados dos anos 50, as dissensões tanto no exílio europeu quanto no americano, a escassa divulgação de materiais e experiências autogestionárias, tanto a nível espanhol quanto internacional, constituíram limitações para colocar em marcha uma confluência de pessoas que reivindicavam sua própria experiência antiautoritária. Um processo que iniciamos em 1972, com a participação de estudantes de grupos autônomos, professores que buscavam e promoviam uma pedagogia libertária, trabalhadores de setores como a construção, o têxtil e o metal que propunham métodos de ação direta.

(Inícios e expectativas) O coletivo zaragozano, estruturado em base a grupos de afinidade marcadamente setoriais ou de bairro, foi ganhando presença através de ações concretas. Pessoas entre 25 e 40 anos de idade colocaram em marcha um projeto que convergia com outros grupos semelhantes de Madri, Catalunha, Andaluzia, País Basco, Valência e Astúrias. Em maio de 1976, realizamos uma assembleia nos baixos da paróquia de Santa Mônica, no bairro de Romareda, que deu lugar à constituição da Regional do Vale do Ebro da CNT. A legalização da CNT na primavera de 1977, o desencanto na consecução de objetivos a curto e médio prazo, a crise dos meios de comunicação que apostavam em visões libertárias, o impacto reduzido de nossos meios de expressão, dificuldades para acessar os meios convencionais, pessoas, também do âmbito libertário, que foram se acomodando a uma situação na qual acreditavam poder desenvolver uma progressão pessoal, os conflitos no seio da CNT, acentuados ao longo de 1979, conduziram a um beco sem saída.

No entanto, aqueles que continuamos vinculados, de uma forma ou de outra, ao microcosmo libertário, acreditamos firmemente que valores como o apoio mútuo, a ação direta, a prática antiautoritária e anti-hierárquica em todos os âmbitos de nossa vida, e que aprendemos conscientemente e sem amarras durante aqueles anos frenéticos, constituem um elemento que pode servir para que explorados e exploradas por uma sociedade patriarcal, na qual os direitos são sistematicamente violados pelo capital e pelo Estado, despertem de um letargo e de uma servidão voluntária que o próprio sistema alimenta.

Esta intervenção em uma mesa-redonda sobre os libertários aragoneses na transição é uma demonstração de que aquelas lutas, experiências organizativas, continuam tendo relevância no presente, pois afetam nossa sensibilidade, e é preciso agir hoje. Sempre importa recordar o passado para saber como outras pessoas lutaram, por que e como.”

Conclusões:

Na política, como em tudo mais, a natureza tende a preencher os vazios. Diante do ceticismo muito justificado da Humanidade em relação a seus sistemas políticos, que perpetuam uma organização injusta da sociedade, a alternativa libertária sempre esteve presente, com muitas roupagens diferentes, próprias de cada época, mas presente.

A Humanidade tem milhares de anos. O que consideramos História e suas civilizações ocorreu nos últimos 4.000 anos, aproximadamente, o que significa que, existindo também dentro desse período considerado histórico uma infinidade de movimentos libertários, há também um período muito mais longo no qual os seres humanos viveram, se organizaram e sobreviveram, apoiando-se mutuamente, sem necessariamente responder a um sistema hierárquico que hoje parece não ter alternativa.

Houve muitos lampejos de luz ao longo da história humana que mostraram um caminho alternativo ao convencionalmente aceito pela esquerda e pela direita. Este momento de alternativas populistas, que não são tais, é também um momento em que as novas gerações estão sendo vendidas com o mesmo velho líquido intolerante e autoritário em garrafas aparentemente novas; para novas gerações que não sabem, porque ninguém as ensinou, o que o fascismo trouxe para a humanidade: morte e destruição em escala global; um momento em que os proletários mais lumpen são levados a acreditar que o inimigo é o diferente e não os ladrões de terno e gravata.

Em um momento em que as pessoas acreditam mais em influenciadores do que em filósofos. Elas acham que dar um “like” é fazer a revolução; nesse momento em que os princípios do machismo, da intolerância, do racismo, da homofobia, do antiprogressismo, do negacionismo etc., típicos dos comentários de botequim e da visceralidade perversa, estão refletidos no programa de alguns partidos políticos. É nesse momento, eu digo, que o movimento libertário deve fazer o maior esforço para dizer às pessoas que elas não devem permitir que esse vácuo desdenhoso seja preenchido por aqueles que querem nos escravizar e que existem alternativas. Que elas precisam assumir o controle de suas próprias vidas. Que existe o direito de viver bem e em harmonia em um planeta para todos. Que o desenvolvimento pessoal e a felicidade são possíveis com apoio mútuo, autogestão, reunião e ação direta. Pode ser a nossa hora e, de qualquer forma, nunca devemos ficar inativos e em silêncio, muito menos hoje. Temos que estar muito atentos e dar respostas alternativas, iludir o mundo iludindo a nós mesmos.

É uma tarefa árdua, mas precisamos estar lá.

Nota final: peço desculpas aos palestrantes pela seleção de seus textos, uma seleção obviamente arbitrária da qual eles podem discordar e que é de responsabilidade exclusiva do autor deste artigo.

Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/02/28/debate-libertario-una-necesidad-actual/ 

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

De seguir o viajante
pousou no telhado,
exausta, a lua.

Yeda Prates Bernis

[Espanha] A delegação da FAL em Aranjuez inaugura a biblioteca social La Tormenta

A delegação da FAL em Aranjuez e o sindicato CNT Aranjuez inauguraram em 15 de março passado a biblioteca La Tormenta, situada na sede do próprio sindicato. Trata-se de uma biblioteca social e de consulta que reforça o trabalho de difusão cultural empreendida pelos companheiros e companheiras de Aranjuez.

Os recordamos que na própria sede, situada na rua Jesus, nº 12, encontrarás todos os títulos publicados pela Fundação Anselmo Lorenzo e pela própria delegação. Também tens a oportunidade de visitar a exposição itinerante Entornos 2.0 do artista plástico Pablo Nom, que poderá ser visitada até o dia 10 de abril. A mostra se compõe de fotografia e vídeo documental de pintura mural e peças de escultura em madeira. Os esperamos.

Onde? Sede da CNT Aranjuez e delegação da FAL Aranjuez. C/ Jesús nº 12

fal.cnt.es

agência de notícias anarquistas-ana

Num só cobertor
Órfãos num canto da rua
– Menino e gatinho.

Mary Leiko Fukai Terada

[Chile] O companheiro anarquista Francisco Solar sai do isolamento após 5 anos em regime de castigo

Após permanecer quase 5 anos em isolamento, percorrendo diversos módulos de máxima segurança e enfrentando o recente endurecimento do regime carcerário que o mantinha com 21 horas de confinamento na cela, sem TV, nem rádio e com restrições nas visitas, hoje temos novidades a respeito de sua situação intracarcerária.

Após sucessivas audiências e conselhos técnicos, a gendarmeria ficou sem desculpas para manter o companheiro em dito regime de castigo, vendo-se obrigados a transladá-lo. Hoje o companheiro anarquista, consegue sair do circuito e labirinto de isolamento e módulos de máxima segurança, sendo transladado ao módulo 33 no interior do Cárcere La Gonzalina, onde se encontram outros prisioneiros anarquistas e subversivos.

Solidariedade e cumplicidade com o companheiro anarquista Francisco Solar!
Solidariedade e cumplicidade com os que atacam o poder e a repressão!

Conteúdo relacionado:

https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2025/03/07/chile-atualizacao-sobre-a-situacao-de-isolamento-do-companheiro-anarquista-francisco-solar/

agência de notícias anarquistas-ana

A quem me visita
o perfume da ameixeira
e a taça lascada.

Issa

[Croácia] Zagreb: Džabac, novo centro social ocupado na cidade

Džabac oferece comida, roupas, bugigangas e solidariedade toda sexta-feira, coincidindo com o boicote geral.

Depois de considerar por alguns meses se ocupamos uma das muitas vitrines abandonadas e empoeiradas para transformá-la em uma loja gratuita mais central, aberta e acessível, decidimos fazer isso logo de uma vez. Com o boicote aos supermercados e outros gastos, e a crescente conscientização das pessoas sobre a ganância insaciável do capitalismo, parecia ser a hora certa — e então limpamos e montamos espontaneamente a loja gratuita em duas semanas.

No dia dos namorados, fizemos nossa inauguração, cozinhando uma panela gigante de ensopado vegano e encorajando uns aos outros a continuar se auto-organizando. Muitas pessoas apareceram para dar uma espiada e ganhar alguns brindes grátis e, para nossa alegria extasiada, mostraram interesse em começar coisas semelhantes em seus bairros e cidades. Algumas rodadas de caçambas são suficientes para alimentar muitos com pão e doces, frutas e vegetais frescos, isso e aquilo aleatórios, de chocolate a detergente de louça. As caçambas na cidade são abundantes e as pessoas estão famintas por algumas travessuras e gostosuras! Ocasionalmente, alguns trabalhadores se organizam para doar produtos que estão prestes a vencer e outros ficam felizes em trazer seus excedentes para negociar. E muitas pessoas estavam prontas para arregaçar as mangas e se juntar ao nosso coletivo informal Džabac imediatamente.

Esperamos que Džabac se torne um ponto de encontro onde, além de produtos, as pessoas possam trocar ideias, habilidades, recursos, solidariedade e se divertir! Ao abrir tais espaços autônomos, estamos nos exercitando para um presente e futuro onde dependemos cada vez menos do Estado e do interesse privado, e em vez disso nos concentramos no apoio mútuo que é sempre surpreendentemente doce e excitantemente variado. Deveríamos ter permissão para descobrir como organizar a vida juntos, já que as infraestruturas do Estado e privadas são claramente tão descuidadamente incapazes de atender até mesmo às necessidades mais básicas do mundo vivo. Então dizemos mais uma vez: é hora de boicotar, hora de nos auto-organizarmos!

Džabac

Ulica Bozhidara Adzhije 4, Adžijina

Zagreb, Croatia

dzabac@systemli.org

Tradução > Bianca Buch

agência de notícias anarquistas-ana

Ao sol da manhã
deslizando sobre a folha
a gota de orvalho.

Alberto Murata