Finalmente um livro sobre anarquismo na Espanha que estávamos esperando. Finalmente um livro que corrija os erros e lugares comuns, desde onde a historiografia burguesa seguia denegrindo-o. Finalmente um livro que não acaba em 1939, mas que sabe rastrear até nossos dias a vitalidade e a energia do movimento libertário. Finalmente um livro escrito a partir de baixo, como deve ser, e com a determinação de resgatar experiências que, a partir de baixo, têm dado forma poliédrica ao anarquismo na Espanha.
Estamos, sem dúvida, diante do grande acontecimento literário de 2010 e tenho certeza que ele permanecerá por um longo tempo, para se tornar um clássico, porque Dolors Martin escreveu o melhor livro sobre anarquismo hispânico nos últimos vinte anos, e um dos melhores livros sobre o assunto de todos os tempos.
Sem uma ordem cronológica, tendo mais experiências associativas, políticas e culturais que conseguiu implementar o movimento libertário na Espanha, Martin faz uma reflexão sobre a constituição da CNT e o significado de suas conferências e acordos ali tomados. Nos fala sobre a guerra, coletivizações, mas também de outros ensaios de antes e depois: como as comunas, cooperativas de produção, os ateneus. Nos fala de associações ácratas, do internacionalismo proletário, da cultura anarquista: suas linguagens, seus romances, suas revistas, jornais, ensaios, teatro, canções, pedagogia e uma filosofia de vida construída e vivida em torno do naturismo, vegetarianismo, pacifismo, nudismo, e ambientalismo, em que os anarquistas espanhóis foram precursores em sua tentativa de vivê-la como uma revolução do agora, fazendo do anarquismo o que é, não é apenas uma opção política, mas uma forma de viver.
E também, como dissemos, nos fala do presente, da CNT de anteontem, da contracultura, das Jornadas Libertárias de Barcelona, as disfunções entre os anarquistas mais velhos, conservadores das essências, e os jovens que se aproximam do movimento de outros parâmetros culturais; e também da CNT a partir de agora, da sua reconstrução, suas divisões, o seu futuro quando tudo oscilava e cada vez mais olhos se voltam para poder olhar a Anarquia.
Dolors Martin conseguiu combinar todo o anterior para moldar um incomum livro de história, da nossa história, limpo de lendas negras, colocando fenômenos como “A mão negra”, a “Semana Trágica” ou “o gangsterismo” no seu verdadeiro contexto e dimensão da repressão e da criminalidade do Estado. Salientando o papel sempre obscurecido das companheiras através das Mulheres Livres e vários grupos de afinidade, onde desempenharam um papel fundamental, também travando a sua própria luta contra os excessos machistas de seus companheiros de organização. Sublinhando que significou, na década de setenta, a reconstrução do imaginário anarquista no espaço público, a melodia doce com os hippies: concertos, festivais, fanzines, revistas, a transgressão no vestir, os papéis sexuais e, finalmente, o despertar de uma liberdade que durou o breve tempo que permitiu a quebra do Estado totalitário e sua reorganização partidária. Insistindo em tudo de bom e aproveitável posto em prática cada vez que as pessoas decidiam viver em Anarquia.
Nossos mais sinceros parabéns à autora desta jóia editorial convidada a se juntar à mais seleta biblioteca anarquista, e na esperança de que a semente libertária que se aninha a ela não pare por aí e volte a florescer em uma nova oportunidade.
Antonio Orihuela
Anarquistas: un siglo de movimiento libertario en España
Dolors Marin
Editorial Ariel. 2010
nao existe comunidade anarquista em nenhum lugar do mundo, (no maxinmo sao experiencias limitadas em si mesmo com uma maquiagem…
ALEN = Ateneu Llibertari Estel Negre. Article tret d'Anarcoefemerides.
Defender o estado fascista ucraniano a soldo do imperialismo ocidental (tão mau ou pior que o russo) nada tem a…
Essa noticia e uma vergonha para a causa anarquista. Casos voces nao saibam, a comunidade das republicas separatistas que se…
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