Pequeno estudo sobre um dos pintores, precursores anarquistas, amigo de Proudhon. Sua obra mostra a realidade, a confrontação capital, igreja, trabalhadores…
A seguir, uma pequena biografia:
Com O Ateliê do Pintor, Gustave Courbet¹ desafia a hierarquia através de uma espécie de manifesto pessoal, alça a cena de gênero à categoria de pintura histórica, que, por outro lado, utiliza o formato. Courbet mistura neste quadro todas as categorias tradicionais: a paisagem, cenas de gênero, nus, retrato de grupo, still life (natureza morta).
A tela é, de fato, uma galeria de retratos, ou seja, uma reunião de figuras conhecidas, de alegorias, ou simplesmente de diferentes categorias sociais. Busca assim dar a todas essas classes sua carta de nobreza.
Pelas palavras “alegoria real”, o artista diz a seu público-alvo que cada um dos personagens representa uma idéia, e um ser de carne e osso. Sob a influência de Proudhon, se faz moralizador e é o mundo que se propõe julgar.
O nu pode ser visto como uma representação alegórica da pintura que admira e que inspira a arte de Courbet.
O subtítulo dá, por outro lado, a medida de uma meta ambiciosa e um pouco enigmática do pintor. Courbet busca realmente fazer algum tipo de balanço de seu trabalho através deste quadro.
O tema da criação artística não é incomum, mas Courbet o renova colocando-se no centro, como protagonista principal. Reivindica assim seu status como artista.
Localização: Musée d´Orsay (Paris, França)
Estilo artístico: Realismo
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensões: 359 cm x 598 cm.
Mais informações: Obra; Realismo
Detalhes da imagem ‘O Ateliê do Pintor. Gustave Courbet. 1855’
• Courbet: Este quadro do artista é um fiel reflexo de seu temperamento e sua condição política. Quando em 1855 apresentou esta pintura junto com outros na Exposição Universal do mesmo ano, foi rejeitado. Courbet criou paralelamente um Pavilhão do Realismo, precursor dos famosos Salões dos Rejeitados.
• Personagens: O quadro evidencia todas as etapas e influências de Courbet. À esquerda as pessoas das classes baixas, retratadas de forma realista.
• Paisagem: Seguindo com a idéia de representar no quadro todas as suas influências, Courbet pinta aqui um dos gêneros que cultivou: a paisagem. Especificamente, uma paisagem de Ornans.
• São Sebastião: O quadro também é representado como um Juízo Final, com os esquecidos a esquerda e os intelectuais à direita. No centro é São Sebastião, trespassado por flechas, representando a Academia.
• Pastor: Um pastor inocente observa a cena. É um dos espectadores ideais, puros, de Courbet.
• Mulher: Sua musa nua aparece como a parte mais sensual da observação. É outro dos espectadores ideais para Courbet, representando uma Alegoria da Verdade.
• Peito: Na parte esquerda, a da miséria, retrata uma mulher a amamentar. Simbolizaria a fome, a miséria.
• Elementos: Representa um chapéu e um punhal como a poesia romântica
• Imprensa: Uma caveira sobre um jornal representa a imprensa.
• Burguês: Segundo alguns autores, o burguês representado sentado poderia ser o próprio avô de Courbet, mas para outros é o ministro da economia arrecadando fundos para o golpe de Estado.
• Baudelaire: Ao lado dos intelectuais se encontra Baudelaire, simbolizando a poesia.
• Burgueses: Alguns espectadores visitam o estúdio do artista, enquanto seu filho aos pés desenha no papel. Simboliza o estudo e interesse cultural.
• Amor: Em segundo plano se encontra um casal que se abraça, símbolo do amor livre.
• Intelectuais: Ao fundo está Proudhon, seu amigo Brujas, Promayet e Buchon.
• Cor: O tom é predominantemente marrom, o escuro, muito influenciado pelas obras barrocas que viu no Louvre e que tanto admirou.
• Champfleury: O crítico de arte está sentado em um banquinho, observando a cena.
• Janela: Uma janela ilumina a cena. Curiosamente, o foco está sobre a figura central, do artista, como se dissesse que ele é o mediador da cena, o verdadeiro protagonista.
A arte em todas as suas facetas: música, pintura, teatro, cinema… é uma ferramenta inesgotável de luta, educação e formação humanista que todos anarquista deveria ter.
Ela Izquierdo
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!