[Canadá] Chamado de apoio e declaração dos presos e presas anti-G20 em Toronto 2010


Em 22 de novembro de 2011, seis dos nossos amigos se declararam culpados das acusações de assessoramento para organizar a interrupção da Cúpula do G20 em Toronto em junho de 2010. Erik Lankin, Adam Lewis e Peter Hopperton foram condenados a 3-5.5 meses de prisão. Leah Henderson espera ser condenada a 10 meses em 20 de dezembro de 2011. Mandy Hiscocks espera ser condenada a 16 meses em 13 de janeiro. Alex Hundert espera ser condenado a 13.5 meses, na data do começo do TBA.

Um folheto de apoio e solidariedade com os “Seis Principais Conspiradores” agora condenados pode ser encontrado em http://guelphprisonersolidarity.wordpress.com.

Para ler a declaração coletiva do Grupo da Conspiração G20, declarações individuais dos co-réus, e declarações lidas nos tribunais, visite: http://conspiretoresist.wordpress.com.

A Cruz Negra Anarquista de Guelph está providenciando algum apoio para estes companheiros. Estamos angariando dinheiro para facilitar as necessidades imediatas dos companheiros encarcerados e com as redes de apoio. Especificamente é premente a obtenção de fundos para envio de cartas e materiais de leitura para os encarcerados; custos de transporte para a família, amigos e simpatizantes que irão visitá-los; dinheiro para cartões de telefone, cantina, do aluguel quando eles saírem e para armazenamento dos seus pertences. Precisamos que nos ajudem fornecendo fundos para essas coisas.

Veja como doar para o Fundo de Apoio Guelph ABC G20:

1. Paypal: guelphabc@riseup.net ou clique no botão em: http://guelphprisonersolidarity.wordpress.com

2. Depósito em dinheiro para a seguinte conta bancária TD: Transferência: # 00182, Instituição # 004, conta # 00185228263.

3. Escrever um cheque ou transferência de dinheiro para Guelph ABC com G20, com a mesma orientação. E-mail para a caixa postal abaixo.

Envio de cartas a companheiros na prisão é incentivado, para ajudá-los a manter-se ligado às lutas e comunidades e para quebrar o isolamento inerente às prisões. Ao escrever cartas, lembre-se que elas serão lidas por guardas da prisão.

Por favor, enviem-lhes cartas de apoio, vamos todos ter a certeza de que se sentirão amados e em conexão.

Erik Lankin/Peter Hopperton/Adam Lewis

Toronto West Detention Centre
111 Disco Rd
PO Box 4950, Rexdale ON
M9W5L6
Canadá

É possível que os presos possam ser transferidos para outras prisões durante o seu encarceramento. Vamos tentar manter seus endereços atualizados no nosso site. Você também pode enviar cartas para o endereço abaixo e nós iremos encaminhá-las.

Guelph ABC
PO Box 183
Guelph, ON
N1H 6J6
Canadá

Confira http://guelphprisonersolidarity.wordpress.com para atualizações regulares e mais informações. Se tiver dúvidas, questões, ou quiser saber mais sobre o que fazemos, não hesite em contactar-nos:guelphabc@riseup.net.

Seu apoio e solidariedade é muito bem vindo. O mais importante é manter a luta.

Em solidariedade com os presos anarquistas em todo o mundo assim como com todos aqueles que estão lutando pela liberdade.

Cruz Negra Anarquista de Guelph

[Vídeo]

Junho de 2010: O G20 se reúne em Toronto para planejar uma “era de austeridade”. Mais de 40 mil pessoas marcham para se opor a eles. 1 bilhão de dólares é gasto em vigilância, segurança e cercas. 1.100 presos. 300 organizadores comunitários são preventivamente presos sob a acusação de conspiração. 17 deles passaram os últimos 18 meses em prisão domiciliar, proibidos de participar de manifestações públicas, perseguidos e intimidados para não fazer declarações públicas. Agora, eles coletivamente decidiram e chegaram a um acordo – seis deles se declararam culpados e o resto teve as acusações retiradas. E falam disso neste vídeo, um a um (em inglês/francês).

http://www.youtube.com/watch?v=MIjEv6VtV0w

Se você quiser fazer uma declaração de solidariedade envie mensagem para toronto.g20resist@gmail.com.

[Sobre o nosso acordo judicial]

Em 22 de novembro de 2011 – Enquanto nos quatro cantos da Turtle Island [Ilha da Tartaruga – nome referido a América do Norte e usado hoje por muitas tribos de povos originais e por ativistas de direitos dos índios e ativistas ambientais] as nossas comunidades estão se conectando com a oposição global atual contra os ditames de austeridade, a memória dos protestos anti-G20 em junho de 2010, em Toronto, nos serve tanto de aviso como de inspiração.

Somos dezessete. Dezessete pessoas acusadas pelo governo do Canadá de ter “conspirado” para perturbar a Cúpula dos “líderes” do G20. Os procuradores da Coroa atribuíram-nos o estranho rótulo de “Cabeças do grupo de conspiradores do G20”, ou “cabecilhas do Grupo de Conspiração do G20”.

Essas acusações de conspiração não passam de uma sinistra farsa. Nós nunca estivemos envolvidos no mesmo grupo, nunca estivemos todos juntos e, na verdade somos todos e todas de diferentes e variados horizontes políticos. Na verdade, alguns de nós nos encontramos pela primeira vez entre os muros da prisão! O que compartilhamos entre nós e com um número incalculável de outros companheiros e companheiras, é a paixão pela criação de comunidades de resistência.

Separadamente ou em conjunto, trabalhamos no seio de movimentos opostos ao colonialismo, ao capitalismo, às fronteiras, ao patriarcado, à supremacia branca, à discriminação – com base nas suas capacidades, na hetero-normatividade, na destruição do meio ambiente e dos meios de vida.

Os nossos movimentos militam em favor de uma mudança radical, de verdadeiras alternativas às estruturas do poder atuais. Esta é a razão principal porque fomos o alvo

Estas acusações, apesar de tão ridículas, têm ocupado a maior parte do nosso tempo nos últimos 18 meses. Apesar disso, nós nos temos mantido em silêncio todo este tempo até que pudéssemos exprimir a uma só e mesma voz. Finalmente falamos a uma só voz. Este silêncio é em parte devido às condições severas que pesavam sobre nós, incluindo a nossa não-associação como co-acusados a muitos de nossos aliados mais próximos. Além disso, aqueles de nós que têm falado publicamente têm sido alvo de campanhas de intimidação por parte da polícia e promotores. Estamos escrevendo hoje, porque temos vindo a negociar um acordo para pôr fim aos processos contra nós e apressar a conclusão desta comédia ridícula.

A estratégia do Estado para a defesa do G20 foi a de lançar as redes tão largas quanto possível sobre todos e todas que se mobilizaram contra a Cúpula (mais de 1000 manifestantes detidos e 300 acusados) e, em seguida, determinar quem eram os líderes. Ser acusado de complot é um pesadelo burocrático surrealista, que bem poucos ativistas tiveram o infortúnio de conhecer no Canadá até à data.

Infelizmente, este pesadelo tende a se repetir. É impossível afirmar com certeza que o que temos feito é ou não é um complot ou uma “conspiração”. Mas, no fim de contas, pouco importa se as nossas ações se enquadram ou não nas definições opressivas e hipócritas da lei. Pois parece claro que estes procedimentos, acima de tudo, são de natureza política.

O governo escolheu deliberadamente gastar centenas de milhões de dólares para monitorar e se infiltrar nos meios anarquistas, nas redes de solidariedade com os movimentos dos povos originários e nos movimentos de justiça para com os e as imigrantes. Após a admissão de um investimento tão excessivo, que justiça podemos esperar?

Apesar de tudo isto, não ficamos completamente impotentes nas negociações. O pouco de controle que tínhamos sobre as negociações é devido ao nosso rigoroso processo de tomada de decisão coletiva. Particularmente, no decorrer dos últimos meses, à medida que o inquérito preliminar dava lugar às operações visando dar-lhe fim mais rapidamente, essa busca de consenso se manteve uma prioridade constante. Essa conversa foi uma experiência angustiante, cansativa, frustrante e inspiradora. Mas no final saímos dela unidos e fortalecidos.

Dos dezessete, seis terminarão culpados e os outros onze terão suas acusações retiradas. Alex Hundert e Mandy Hiscocks declararam-se, cada um, culpados de duas acusações de terem “aconselhado a comissão de um delito”, e Leah Henderson, Peter Hopperton, Erik Lankin e Adam Lewis declararão cada um serem culpados de uma acusação similar. Esperamos que as sentenças de prisão variem entre seis e vinte e quatro meses, e irão nos creditar o tempo já passado em detenção ou prisão domiciliar.

Três acusados envolvidos no mesmo caso tiveram as suas acusações retiradas e um quarto já havia negociado a sua libertação sem sentença adicional. Isto significa que das 21 pessoas inicialmente incluídas no “Principal grupo de conspiradores do G20”, apenas sete foram condenadas e nenhuma foi considerada culpada de conspiração. A proporção das retiradas é impressionante e demonstra claramente o absurdo das acusações!

A ordem dominante oprime numerosos segmentos da população, especialmente os das comunidades étnicas, desfavorecidas ou originárias assim como as pessoas com estatuto de imigração precária e os e as com problemas de dependência ou de saúde mental.

A violência que sofremos, incluindo as batidas policiais na madrugada, as buscas, a vigilância motorizada, a detenção antes do julgamento, abate-se diariamente sobre estes indivíduos e estas comunidades. Tivemos a sorte e o privilégio de sermos apoiados ao longo de nossa travessia no sistema judiciário. Isso inclui acesso a garantias de caução consideradas “aceitáveis” e a meios financeiros para garantir a nossa sobrevivência diária e a nossa defesa legal.

Embora seja de frisar que, neste caso, o Estado tem recorrido a acusações de conspiração contra um grande número de ativistas, deve-se notar que estas táticas repressivas são usadas diariamente contra outras comunidades perseguidas.

No tribunal, nenhuma vitória é realmente possível. O sistema judicial é e sempre foi um instrumento político empregado contra grupos considerados indesejáveis ou em oposição ao Estado. Este sistema existe para proteger a estrutura social colonial e capitalista do Canadá. É uma máquina infernal e ruinosa que mói os acusados e os obriga a adotar soluções egoístas. Este sistema foi concebido para destruir as comunidades e transformar companheiros em adversários.

Neste contexto, onde cada vitória parece impossível, nós acordamos, entretanto que a melhor forma de avançar seria identificar claramente as nossas necessidades e objetivos e explorar as nossas opções, em conformidade. A gravidade dos impactos com que fomos confrontados varia de pessoa para pessoa. A primeira condição em relação à qual houve consenso foi para evitar a deportação. Entre os outros objetivos que perseguimos, encontrava-se o de minimizar o número de condenações; respeitar, tanto quanto possível as necessidades individuais de cada um e ter em conta o impacto que as nossas decisões teriam sobre o movimento a que pertencemos.

Mesmo que tenhamos renunciado a importantes batalhas políticas, permitindo assim pôr fim ao processo, o acordo atende a determinados objetivos que não estávamos dispostos a sacrificar.

Durante as nossas discussões, tivemos sempre presente as conseqüências políticas das nossas escolhas. Um dos resultados notáveis é o fato de não se ter verificado nenhuma condenação por conspiração não decurso deste processo. Evitamos, assim, a criação de um precedente legal que teria contribuído para criminalizar tarefas tão importantes quanto rotineiras, como sejam escrever folhetos ou intervir ou dirigir uma Assembléia. Este acordo também libera recursos substanciais que durante muito tempo foram monopolizados pelo processo de defesa.

Saímos deste processo unidos e solidários.

Aqueles e aquelas que nos acolheram nas suas casas quando estávamos sob prisão domiciliar, aos outros que conseguiram fundos para as nossas despesas diárias e honorários legais, para aquelas e aqueles que cozinharam para nós, que nos têm escrito, nos sustentaram e nos apoiaram política e emocionalmente, obrigado.

Aqueles e aquelas que ainda estão na prisão ou hoje acusados de anti-G20, aos presos sociais e políticos, aos rebeldes em luta, estamos sempre com vocês.

Às comunidades e bairros em resistência, do Cairo até Londres, da Grécia ao Chile, até à Ilha Tartaruga ocupada e até que a vitória seja nossa, voltaremos a rever-nos nas ruas.

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

ipê florido
as abelhas zunem
folhas caídas
Rubens Jardim