No sábado, 7 de setembro, foi inaugurada a Livraria Flora Sanhueza, espaço que nasce ante a necessidade e urgência de ter um ponto de distribuição exclusivamente destinado à propaganda impressa de caráter anarquista. Frente a isso, saudamos aos companheiros e companheiras que impulsionaram o projeto e que buscam propagar as ideias antiautoritárias.
Tampouco deixamos de ser críticos ante a propaganda que durante este último período vem tomando um lento caráter inclusivo e que vê com urgência o abandono ao “gueto” anarquista de casas ocupas e bibliotecas. Como também o fato de que faz alguns anos a propaganda impressa, quanto a livros, folhetos ou cadernos, teve um reflorescimento com uma grande quantidade de editores espalhados dentro de toda a região dominada pelo Estado chileno. Frente à primeira situação temos uma convicção clara, para nós a propaganda não se encontra dirigida ao cidadão, não cortamos correntes nem somos salvadores de nada, somos agitadores e buscamos o conflito constante contra o Poder e a Autoridade, em todas as suas formas. Nossa propaganda tem um objetivo e inimigos claros, assim também é dirigida a nossos companheiros que não claudicam na luta, a propaganda para nós é de anarquistas para anarquistas.
E ante o florescimento de grande quantidade de editoriais ou iniciativas de propaganda, não temos claro se é um avanço qualitativo na luta, tampouco sabemos se são convicções as que logram que um projeto germine, só vemos grande mobilidade de livros e textos ao longo do território, segundo nossa visão o livro é uma arma para a reflexão e verdadeiramente um incômodo, desde umas palavras prévias até um suposto apêndice, mas nas edições que mais circulam na região, são muito poucas as que levam dentro um prólogo, palavras prévias ou uma nota editorial sobre o porquê da edição do livro ou as reflexões de quem o editaram, assim lentamente se vai transformando em um copiar e colar de textos.
Acreditamos que é necessário conversar sobre a propaganda e as diferentes abordagens que ela tem, para não transformá-la em algo inerte, nem muito menos em uma alternativa à constante propaganda do Poder.
Flora Sanhueza: Anarquista e Lutadora Social de Iquique
Nascida em Cobquecura (região do Biobío, Chile) em 1911, filha de pais exilados, Flora Sanhueza Rebolledo foi uma anarquista e lutadora social em Iquique, lugar onde cresceu, ao Norte do Chile, e também onde é conhecida como a fundadora da Escola Libertária “Luisa Michel” (nome de uma anarquista morta na França).
Em 1935 viaja a Espanha para participar dos processos sociais que lá se produziam e em 1936 participa da revolução social que desemboca na Guerra Civil Espanhola, até seu término em 1939, quando vai para a França, lugar em que permaneceu como prisioneira política até 1942.
Em 1947, volta ao Chile em meio a ditadura de Gabriel González Videla e da perseguição fascista aos anarquistas e comunistas. Estando no país forma o ateneu “Luisa Michel”, inspirado em ateneus libertários de princípios do século. Este ateneu estava direcionado para as trabalhadoras tecelãs de rede. Em seus primeiros quatro anos, funcionou como um centro para o desenvolvimento cultural destas trabalhadoras, o que se levava a cabo praticamente na clandestinidade.
Em 1953, passa a ser uma escola que acolhia aos filhos e filhas de mulheres trabalhadoras, e a partir daí passa a denominar-se como a Escola Libertária “Luisa Michel”, que chega a contar com mais de 70 estudantes. Mas deixa de funcionar em 1957.
Ditadura de Augusto Pinochet
Após o Golpe de Estado em 1973, Flora, que também era tia do preso desaparecido Williams Miller Sanhueza, foi presa e torturada para logo ser posta em prisão domiciliar, falecendo em 18 de setembro de 1974 em consequência das torturas que recebeu nas mãos dos militares.
Tantos são os lutadores como Flora e outros milhares de anônimos que morreram pela liberdade e que foram apagados da história fascista burguesa oficial. Mas cabe a nós difundir e reivindicar tanto seus nomes como a ideia e luta pela qual eles morreram.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Noite de silêncio
Uma moça na janela
Contempla a neblina
Tânia Souza
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!