A seguir, crônica da nona edição do Encontro de Libertação Animal, realizado entre os dias 6 e 8 de setembro, em Venaus, no Vale de Susa.
O Nono Encontro Nacional de Libertação Animal, foi planejado de maneira diferente se comparado com os anos anteriores, propondo as reuniões organizativas como momentos extensos e abertos e divulgando as reuniões de forma pública.
O grupo organizador, formado livremente por indivíduos e grupos que decidiram tomar a cargo a iniciativa (o convite para participar nesta fase do projeto foi divulgado em quase todas as realidades antiespecistas italianas) pensou desenvolver este importante momento de confronto coletivo mais para o aprofundamento em alguns “nós” práticos e teóricos, que sobre questões predominantemente pragmáticas que têm caracterizado as edições anteriores.
O programa das jornadas de três dias, que no cartaz já propunha o índice do que foram apaixonadas discussões, se projetou para dar aos participantes a possibilidade de analisar o sentido de algumas palavras chaves (abolicionismo, liberacionismo, refúgios, privilégio, controle, politização, violência/não violência, tecnologia, solidariedade, ação direta, liberação animal…). Sobre o que frequentemente não há discussão nem clareza e que, frequentemente, marcam e condicionam profundamente as diferentes práticas de nossa relação com a questão animal e com as demais lutas de libertação.
Durante os dois dias de intensos debates (talvez no futuro se necessitará deixar mais tempo livre entre um tema e outro), nos quais participaram um total de umas 200 pessoas, foram vistas caras novas (tanto entre os relatores como entre os participantes) e houve muitos ativistas que tomaram a palavra, sinal de ambiente acolhedor e de horizontalidade no debate (além do interesse pelos temas tratados) que favoreceram o diálogo e a discussão.
A riqueza e a novidade das reflexões que surgiram darão vida nos próximos meses a uma publicação em papel que compilará as diferentes intervenções dos participantes. A intenção dos organizadores é apresentar e difundir a publicação (depois de transcrever as gravações das discussões e fazer um resumo pontual), no contexto de um próximo encontro de inverno que terá como objetivo retomar o fio dos pensamentos e das discussões realizadas até agora, avaliar criticamente os resultados do trabalho realizado até agora, tentar envolver o maior número possível de pessoas no planejamento do X Encontro programado para o próximo verão.
Cremos que, inclusive nas diferenças de caminhos, nas diferentes modalidades em que se projeta o ativismo de cada um, nas diferentes sensibilidades ou, precisamente, graças a estas diferenças, é desejável (e possível) uma discussão franca e direta entre os vários componentes da “galáxia antiespecista”.
Quem participou, pôde parar para refletir e explicar aos demais seu ponto de vista sobre questões que, muitas vezes, damos por certo ou que temos guardado em nossa mente de forma aproximada e/ou definitiva, pressionados demasiado com frequência pela necessidade de atuar com urgência e de transformar imediatamente as ideias em práxis. Às vezes, também é necessário tomar a prática e convertê-la em ideias, analisando, aprofundando, criticando, para logo transformá-la em uma prática melhor, mais direta ou mais eficaz.
Se é certo que uma das limitações deste encontro foi a falta de um espaço em que discutir para uma fase operativa (as análises profundas não desembocaram em projetos concretos, também porque não se previu um espaço de tempo em que isto ocorresse), também é certo que se necessita sempre um pouco de tempo para sedimentar os pensamentos e as sugestões que, de verdade, esperamos hajam nascido em cada um de nós durante o encontro.
Se em algumas circunstâncias e sobre questões espinhosas, a discussão e a crítica se caracterizaram por momentos de tensão e mal estar, cremos que realmente todos tentaram refletir com sinceridade e honestidade, tratando de deixar de lado os rancores pessoais ou a idiossincrasia entre grupos que, de diferenças reais mais ou menos marcadas ou relevantes, criam insuperáveis obstáculos de comunicação.
Esperamos que as pessoas e, sobretudo, os grupos que não tenham participado ou tenham decidido não participar no encontro (por impedimentos ocasionais ou motivos ideológicos que, lamentavelmente, não tenham sido expostos e tenham permanecido na obscuridade para o próprio grupo organizador), decidam participar nos futuros encontros, com a finalidade de enriquecer com suas experiências, projetos e ideias o movimento de libertação animal.
Gostaríamos de agradecer aos 4 fantásticos cozinheiros que dedicaram seu tempo para dar-nos de comer e ao acampamento No TAV [Não ao Trem de Alta Velocidade] de Venaus que nos acolheu, pondo a nossa disposição as instalações e o acampamento. O dinheiro arrecadado com a quota das comidas (cerca de 700 euros) foram doados, como foi acordado antes do encontro, ao movimento No TAV para os gastos legais dos ativistas.
Para continuar no caminho empreendido e não relegar o encontro dentro de um parêntesis, convidamos a todos aqueles que desejem assistir à reunião pública que se celebrará no domingo 10 de novembro, no Espaço Libertário “Sole y Baleno”, em Cesena, para pensarmos juntos sobre o que foi abordado nestas jornadas de 3 dias, continuar com as reflexões, e compartilhar propostas práticas.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Noite de saudades
de tanto acarinhá-la,
já desbota a foto.
Marcelino Lima (Suzumê)
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!