Nenhum ser humano é ilegal.
A rede R.A.A.G.E. [Rede Anticapitalista e Autogestionária de Gard] conclama à reunião, das populações solidárias da Europa cujas manifestações se multiplicam, na segunda-feira, 21 de setembro de 2015, às 18h, Avenida Feuchères, em frente à estação de Nimes, para clamarmos em conjunto: “Bem-vindos, Refugiados!”
Desde que os sinais se tornaram conhecidos, que o fluxo de refugiados traduziu-se há meses por tragédias no Mediterrâneo, de êxodos massivos na Grécia… os governos europeus tergiversam ainda sobre as modalidades de acolhimento dos exilados.
Na verdade, as restrições do direito de asilo e a perseguição aos “sem documentos” são o eixo principal de suas políticas migratórias, amedrontados pelos xenófobos da Europa e o medo de perder eleições.
Ainda é necessário lembrar, as populações que se exilam o fazem para escapar de guerras e à colonização dos países membros da OTAN ou de grupos armados como o Estado Islâmico. Guerras às quais as democracias ocidentais estão misturadas por terem apoiado regimes autoritários como na África (Tunísia, Egito, Líbia, Argélia…) e no Oriente Médio (Síria, Israel, Arábia Saudita…) e por ter fornecido armas a estes regimes e a seus opositores, armas que depois se voltam contra os civis. Como sempre.
As outras razões para migrar vêm de fatores bem conhecidos. Há a concorrência imperialista na corrida pela pilhagem de recursos naturais. Mas também porque daqui até 2050, haverá 250 milhões de refugiados no mundo, dos quais a metade por questões climáticas. A pilhagem planetária decorrente da exploração capitalista de recursos gera uma crise ecológica que afugenta as populações.
A isso soma-se a pobreza que resulta sempre das consequências do colonialismo, passado ou atual, dos sistemas de corrupção, do subdesenvolvimento… Por fim, as pessoas deixam suas regiões para fugir ao terror, ao obscurantismo e às mortes ditadas pelos movimentos religiosos que não visam senão a tomada de poder. E a opinião pública sabe de tudo isso.
Então, cabe-nos aqui de facilitar e tornar visíveis as solidariedades e o acolhimento dignos de sociedades humanas que geraram ondas de migrantes tanto quanto os acolhem. Devemos acabar com as fronteiras, a liberdade de circulação e de instalação deve ser a regra em todos os lugares como a regularização dos sem documentos. Se podemos participar aqui da luta contra as causas que assolam os países do Sul (colonialismo, militarismo, capitalismo, falta de solidariedade…) devemos igualmente nos opor às atitudes e às leis racistas e antissociais que rejeitam os refugiados.
Podemos participar da vigilância das maneiras pelas quais os refugiados são tratados; podemos favorecer a implantação desses refugiados acompanhando seus percursos administrativos; ajudar a romper o isolamento favorecendo sua acolhida onde necessário; fiscalizar os maus-tratos dos patrões pouco escrupulosos… Devemos fazer com que a dignidade esteja em torno dos refugiados. Defendemos uma visão internacionalista de solidariedade e de luta contra as opressões. Queremos resistir e acolher.
A R.A.A.G.E. é uma iniciativa de militantes do sul da França do Alternative Libertaire (AL), da CNT (Confederação Nacional do Trabalho), da Federação Anarquista (FA) e do NPA (Novo Partido Anticapitalista) e é composta de uma rede militante aberta igualmente a todos e todas que se reconhecem na luta de classes, no combate internacionalista, ecologista, feminista, antirracista, contra o fascismo, o sexismo, a homofobia e na necessidade de reverter o capitalismo.
A fim de tomar nossos destinos coletivos e individuais nas mãos e não sofrer, trata-se de elaborar coletivamente uma expressão anticapitalista, revolucionária. Ela permitirá iniciar lutas portadoras de questionamento ao capitalismo, de desenvolver iniciativas de educação popular, e de fazer emergir alternativas concretas inovadoras.
É igualmente um espaço para troca de ideias, reflexão coletiva e de formação para a auto-organização para avançar na reflexão sobre perspectivas comuns da transformação social.
Nimes, 16 de setembro de 2015
R.A.A.G.E. 30
Contato: raage.gard@gmail.com
Tradução > Allyson Bruno
agência de notícias anarquistas-ana
Bolha de sabão.
Uma explosão colorida
sem nenhum estrondo.
Maria Reginato Labruciano
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!