De Ventimiglia (fronteira ítalo-francesa) a Calais (fronteira franco-inglesa) e até a Hungria a repressão e o bloco dos prófugos às fronteiras da Europa demonstra como as tragédias no mar ou dentro dos caminhões não sejam trágica fatalidade, mas resultado das políticas colocadas em ação pelos governos europeus.
Políticas de guerra no contexto de uma tensão cada vez maior no confronto entre as potências para garantir os recursos naturais e encontrar mão de obra a baixo custo para explorar.
Políticas racistas que limitam a liberdade de movimento de quem foge de condições de guerra e de miséria, criando forças especiais de polícia como FRONTEX, construindo centros de expulsão, verdadeiros lager (campo de concentração nazista), onde milhares de pessoas são detidas somente porque são clandestinas, constritas a viver em situações desumanas, a sofrer violências e maus tratos.
Nos últimos meses os diversos governos europeus assumiram posições diferentes no que resguarda o acolhimento dos refugiados; de fato enquanto alguns governos decidiram fechar as fronteiras, outros se declararam disponíveis para recebê-los, outros ainda mudaram de posição, mais de uma vez, nas últimas semanas. Essa diversidade de posições é causada pela concorrência entre os Estados e pelas diferentes exigências políticas e econômicas que orientam os vários governos na gestão do movimento dos prófugos que representa, ao mesmo tempo, uma massa difícil de controlar e uma reserva útil de mão de obra a baixo custo.
Não existem portanto governos “humanitários” dispostos a acolher, mas somente governos interessados em gerenciar novos fluxos de trabalhadores, imigrados resignados e sub-remunerados. Assim como as políticas racistas e a propaganda xenófoba não servem para parar nenhuma fantasmática “invasão”, mas a alimentar o racismo, criminalizando as pessoas imigradas, para dividir os trabalhadores entre locais e estrangeiros, rompendo com a solidariedade de classe e assegurando sempre maior poder, lucros e privilégios para quem nos governa e nos explora.
Os refugiados e os chamados “imigrados econômicos” fogem da mesma guerra. Seja tratando-se de conflitos armados com a intervenção mais ou menos direta de potências ocidentais ou regionais, seja tratando-se do saque aos recursos dos territórios em conflito, de novas formas de colonialismo que criam miséria e desocupação. É a mesma guerra que tanto na Itália quanto nos outros países europeus sofremos todos os dias. A guerra conduzida pelos exploradores contra os explorados, pelos governantes contra os governados.
A solidariedade entre os explorados de cada país é portanto a única resposta possível à miséria, à guerra e à opressão impostas pelo poder político e econômico em todo o mundo.
A solidariedade pratica-se com a ação direta apoiando quem procura superar os controles de fronteira, como acontece em Ventimiglia e em Calais; a solidariedade pratica-se nas lutas, tanto no trabalho quanto em casa, criando espaços de confronto e ação coletiva; a solidariedade pratica-se unindo-se e organizando-se frente à reação e à repressão. Para liberarmo-nos dos patrões que nos querem divididos e em luta uns contra os outros por um punhado de euros. Para liberarmo-nos dos Estados que impõem fronteiras e polícias, que exploram essa enésima “chegada de refugiados” para construir novos campos de concentração, para militarizar as cidades e as fronteiras, e para justificar a guerra, como fizeram França e Inglaterra lançando um novo ataque aéreo sobre a Síria.
CONTRA A GUERRA E A MILITARIZAÇÃO
CONTRA AS POLÍTICAS RACISTAS DOS GOVERNOS
FECHAR IMEDIATAMENTE OS C.I.E. (Centros de Imigrados Especiais) E TODOS OS LUGARES DE DETENÇÃO E CONCENTRAÇÃO
Se na Toscana até hoje ainda não foi instalado um C.I.E. é sobretudo graças a quem se ergueu em 2010 contra a junta regional guiada por Rossi, organizando comitês e promovendo assembleia, iniciativas e manifestações em muitas cidades. Isto para recordar-nos que também a luta contra as políticas racistas pode conseguir resultados.
POR UM MUNDO SEM ESTADOS NEM FRONTEIRAS
SOLIDARIEDADE AUTO-ORGANIZAÇÃO AÇÃO DIRETA
Collettivo Anarchico Libertario
Fonte:
http://collettivoanarchico.noblogs.org/post/2015/09/11/nostra-patria-e-il-mondo-intero/
Tradução > Carlo Romani
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Suave impressão de asas
abrindo em tempo-semente
e pausa suspiro
Nazareth Bizutti
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!