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[Espanha] Um anjo anarquista no inferno de uma Madrid em guerra

By A.N.A. on 11 de Novembro de 2015

espanha-um-anjo-anarquista-no-inferno-de-uma-mad-1Em uma guerra onde se mata e se morre é complicado encontrar uma pessoa que salve a vida de seus próprios inimigos. O jornalista Alfonso Domingo descobriu faz apenas cinco anos a figura de um anarquista andaluz muito peculiar, fixado em Madrid e conhecido com o apelido de ‘el Ángel Rojo’. Melchor Rodríguez, o personagem em questão, veio à luz através da novela escrita por Domingo para a editora Almuzara no ano de 2009 e que agora se converteu em filme documentário:

“Todo o material inédito que foi recopilando, quis mostrar nesta fita que será mostrada brevemente em Andaluzia”, afirma seu autor. ‘Melchor Rodríguez, el ángel rojo‘ estreará em Sevilha na próxima sexta-feira, 13 de novembro, no Teatro Alameda, graças a direção de Alfonso Domingo e a recopilação de testemunhas tão revelantes como o de Santiago Carrillo ou do hispanista Ian Gibson.

FREIO À “SACAS” E OS “PASEOS”

Melchor Rodríguez é qualificado por Domingo como um anarquista humanitário. “Sempre falamos de gente que mata e morre e não de personagens históricos que em meio à guerra salvam vidas, seja qual seja sua ideologia”, destaca o jornalista para Andaluces Diario. Na Madrid republicana, assediado pela guerra, este ex-novilheiro e anarquista da CNT-FAI salvou a milhares de pessoas de direitas. Domingo aponta que inclusive “quando Melchor foi nomeado Delegado Especial de Prisões no final de 36 deteve as “sacas” dos cárceres madrilenhos e os “paseos”, arriscando em numerosas ocasiões a vida, como ocorreu frente a uma turba na prisão de Alcalá de Henares. Este gesto lhe permitiu salvar 1.532 presos, entre os quais se encontravam importantes personalidades do futuro regime franquista como era o caso de Muñoz Grandes, Martín Artajo ou Sánchez Mazas.

A dimensão humana do ‘Ángel rojo’ era de tal calibre que em meio a guerra refugiou em sua casa a mais de uma centena de pessoas perseguidas durante a República. Domingo recorda como Melchor estendia “avais, salvo-condutos e documentos que serviam a pessoas e personalidades de distinta condição social para que pudessem salvar sua vida e utensílios”, resgatando a muitos deles de uma morte segura e ajudando-os em sua saída ao exterior.

CINCO ANOS DE PRISÃO

Apesar de seu intenso trabalho de salvamento, os golpistas não permitiram a sua chegada a Madrid em abril de 1939 que aquele vermelho “tão bom” se salvasse da repressão. Amapola Rodríguez, filha de Melchor, relata o profundo pranto de seu pai e ela apesar de que ele insistia que não fosse acontecer nada. “Tinha muito medo e meu pai me dizia: ‘menina, estão entrando mas não vai acontecer nada’, ainda que choramos muito por não saber o que poderia acontecer”. Um tribunal militar o condenaria a pena de morte em maio de 1940 com um julgamento montado de testemunhas falsas. Graças a intervenção de algumas personalidades do regime, a pena foi comutada a vinte anos de cárcere, cumprindo cinco anos no antigo penal do Puerto de Santa María (Cádiz).

Após sua saída da prisão, Melchor pôde ocupar postos de responsabilidade dentro do aparato do novo regime. No entanto, escolheria uma vida discreta como vendedor de seguros e militante na clandestinidade da CNT durante toda a ditadura.

Seu enterro, em fevereiro de 1972, foi recordado por personalidades de ambos os lados. Enterrado com a bandeira vermelha e negra da CNT e entoando o hino dos seus, também recebeu o último adeus de amigos como o franquista Martín Artajo que rezariam em seu enterro um pai nosso como mostra de dor por um amigo que havia salvado a vida de tantos sem entender de bandeiras. E é que tal e como rezava uma de suas frases mais escutadas, Melchor afirmava que “se pode morrer pelas ideias, mas nunca matar por elas”.

Trailer do documentário: https://vimeo.com/142826012

Fonte: http://www.andalucesdiario.es/ciudadanxs/un-angel-anarquista-en-el-infierno-de-un-madrid-en-guerra/

Tradução > Sol de Abril

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