Sobre os acontecimentos da sexta-feira 13 em Paris

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Triste.

Mais triste ainda saber que, provavelmente, isso é consequência de violências anteriores que as potências ocidentais vêm cometendo historicamente contra populações de vários países, seja no oriente ou em outras regiões do globo.

Para aqueles que discordam, cabe questionar:

Mas, e todo o processo histórico das colonizações? E os atuais processos de neocolonizações?

Isso gera círculos viciosos de violências.

E o alinhamento das potências ocidentais com Israel, no processo genocida contra os palestinos?

Uma condenação ao terrorismo, para ser coerente, tem que ser rigorosa, e assim não fazer vistas grossas a nenhuma ação terrorista: seja de grupelhos ou de Estados, seja de nações pobres, ou de nações ricas, seja ilegítima ou legitimada, seja ilegal ou legalizada, seja terrorismo “clássico” ou “sofisticado” (como assassinatos “exemplares” perpetrados com o uso de drones, por exemplo).

Penso que não existem grupos humanos mais dignos (intrinsecamente) do que outros: mortes de milhares no Oriente e/ou África são tão – ou mais, diriam alguns, pelos números – lamentáveis quanto mortes de centenas no Ocidente.

Eu condeno tanto o EI (Estado Islâmico), quanto àqueles que provavelmente os financiaram – do mesmo modo que também financiaram a Al-Qaeda -, os “States”.

Eu condeno todo e qualquer processo de assujeitamentos e aviltamentos de um grupo humano por outro, seja ele perpetrado por “civilizados”, ou por “incivilizados”.

Sim, é hora de condenarmos a barbárie dos fundamentalismos religiosos, mas também de promovermos uma reflexão sobre os rumos para onde estão nos levando (a toda a comunidade humana) esta ordem criminosa dominante no mundo, cujo recurso fundamental à violência sistemática e legitimada tem retroalimentado reiteradamente círculos viciosos de reações violentas.

Lembremos aqui dos processos de descolonizações de meados do Século XX, bem como do fenômeno recorrente dos assassinos em série nos USA: tudo isto aponta para algo de fundamentalmente perverso em tudo que toca a história do “Ocidente civilizado”.

E talvez, infelizmente, o que está acontecendo agora no seio desta civilização construída através de longos processos de dominação, assujeitamento e exploração – até a pauperização – dos recursos de outros povos, seja um “eco” dos ódios plantados mundo afora pelas suas classes dominantes.

E o pior é que este eco não tem dispositivos de mira sofisticados para distinguir dominantes de dominados e então, hoje, no seio do “Ocidente civilizado”, literalmente, por causa de alguns, (quase) todos estão pagando.

Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira – Doutor em Ciências Sociais

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