Relato e fotos da VI Feira Anarquista de São Paulo

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No último dia 15 de novembro ocorreu a sexta edição da Feira Anarquista de São Paulo. A programação cheia da Feira já dava a ideia de quão longo e intenso seria aquele dia de domingo. Oficinas, filmes, debates, jogos, exposições, um museu e muitos materiais e grupos
anarquistas ressignificaram o espaço do Tendal da Lapa durante as 10h de duração do evento.

O dia amanheceu nublado e fresco mas não resistiu ao calor habitual que acompanha as tarde de primavera. O mormaço e a circulação de ao menos 2.000 pessoas ao longo do dia pelo espaço aumentaram a temperatura. A intensa chegada de pessoas à Feira a partir da hora do almoço não permitia, a um primeiro olhar, saber de onde vinham e nem imaginar quais eram os seus interesses específicos. As conversas nas banquinhas das editoras e coletivos, nos debates e nas oficinas aos poucos rompiam essa impessoalidade e os sotaques e interesses mútuos criavam laços e diálogos entre as pessoas das mais distintas latitudes. Encontros inusitados entre companheiras e companheiros vindas da Síria, Chile, Uruguai e de todas as partes do Brasil permitiam trocas de experiências sobre temas urgentes e questões de
fundo, sempre através de uma ótica libertária.

A programação representou a grande diversidade de pensamentos e opiniões dentro do movimento anarquista atual, por suas produções, reflexões teóricas e realizações práticas. A grande gama de temas ilustra um pouco as preocupações de anarquistas que ajudaram a construir a VI Feira Anarquista de São Paulo: questão indígena,
pedagogia libertária, mulheres anarquistas, crítica ao governos “progressistas” na América Latina, a revolução curda na Síria, dentre muitos outros assuntos. Houve momentos em que aconteceram 4 atividades simultâneas tão grande foi o número de propostas recebidas pela organização.

O Laboratório de Educação Anarquista (LEA) novamente realizou uma série de atividades educativas e lúdicas para crianças numa
perspectiva libertária. Diversos filmes foram exibidos, atraindo um bom público. Ocorreram também a poesia de Lucía Sánchez Saornil, a exposição sobre as Mujeres Libres e de xilogravuras do artista Alexandre Telles. Infelizmente, motivos de saúde impediram a realização da peça sobre Emma Goldman por Cibele Troyano.

A urgência pelo diálogo e reflexão também marcaram a grande quantidade de materiais publicados pelas editoras e grupos anarquistas. Alguns dos títulos publicados na Feira foram: “101 definiciones del Anarquismo”, de Grupo Gómez Rojas (org.) (Eleuterio); “A Colmeia: uma experiência pedagógica”, de Sébastien Faure (Biblioteca Terra Livre); “A Estratégia do Especifismo”, de Juan Carlos Mechoso (Faísca); “A Questão Feminina em nossos meios”, de Lucía Sánchez Saornil (Biblioteca Terra Livre); “Anarquismo e Revolução Negra”, de Lorenzo Kom`boa Ervin (Sunguilar); “Confederalismo Democrático”, de Abdullah Ocalan (Alter); “Do Sentimento da Natureza nas Sociedades Modernas e outros escritos”, de Élisée Reclus (Imaginário); “Jaime Cubero: seleção de textos e entrevistas”, de Jaime Cubero (Centro de Cultura Social); “O Pensamento de Proudhon em Educação”, de Proudhon, Helen Lazaro e Luiza Guimarães (Imaginário); “Pixação: a arte em cima do muro”, de Luiz Henrique Pereira Nascimento (Monstro dos Mares).

A Feira transcorreu tranquilamente e acreditamos que atingiu alguns de seus objetivos: ajudou a expor a produção e reflexão recente de grupos, coletivos e editoras anarquistas para a sociedade em geral, abordando uma grande diversidade de temas numa perspectiva anarquista e, ao mesmo tempo, reuniu boa parte de anarquistas num grande evento que possibilita, a cada ano, um novo fôlego aos trabalhos e projetos libertários em prática hoje em dia no Brasil.

Que venha 2016 e mais uma primavera anarquista em São Paulo!

Biblioteca Terra Livre
bibliotecaterralivre.noblogs.org

• As imagens da galeria são da fotógrafa anarca-feminista Elaine
Campos.

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