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[Chile] Baixe o livro “Companheiros”

By A.N.A. on 17 de Dezembro de 2015

chile-baixe-o-livro-companheiros-1Para meados de dezembro, Editorial Eleuterio (eleuterio.grupogomezrojas.org) prepara um interessante lançamento de uma obra de Rodolfo González Pacheco, jornalista, dramaturgo e militante anarquista argentino que deixou uma vasta e fecunda bibliografia em folhetos, periódicos e livros. Esta obra será o quarto volume dos Cadernos de Literatura e abrirá a linha de manuscritos teatrais dentro da coleção.

No momento, compartilhamos um livro que digitalizamos em 2009 e que podem baixar da nossa Biblioteca Virtual: trata-se da obra “Compañeros”, editado originalmente em 1936 por Edições “Tierra y Libertad” em Barcelona, ou seja, uma obra feita para dialogar com todas e todos aqueles que lutavam nos agitados dias da Revolução Social Espanhola.

Para introduzir nossa ideia de publicar teatro social, deixamos a seguir as palavras com que Rodolfo González Pacheco abre este livro, pois nos parece que representam com clareza o valor que adquire a palavra e o artista cênico na dramaturgia como representação da realidade popular e suas dores:

Nenhuma arte mais próxima do povo que o teatro. O poeta cênico é, de todos os artistas, o que necessita menos intelectualismo e mais entranhas. Como a terra e as mães, suas criaturas, são ou não são, sem que as salve ou as perca mais que a vida que tenham ou que lhes falte.

 

E isto, que deveria ser um bem, é, no entanto, um mal; porque, para a maioria dos autores, dizer povo é dizer banalidade ou simplismo; um estado de consciência fronteiriço da idiotice sem remédio. E é sobre essa convicção que fundamenta o teatro que se lê em todas as partes. O melhor dele, drama, comédia ou farsa, gira sempre dentro de um círculo de tragédia, sem saída até a liberdade ou a justiça; até isso que é, precisamente, a realidade popular, tão teatral e rica de arte.

O autor não a vê assim, salvo quando, como Lope em “Fuente Ovejuna”, o próprio povo lhe entrega seu material militante, o tesouro de sua vida épica. Mas, para uma destas, lembra cem: Todas são pessimistas e fatais; um coro de prantos ou de blasfêmias ante um destino fechado, que há que aceitar ou morrer.

E a coisa vai bem e lhes dá dinheiro e glória, enquanto o eterno escravo não descobre, ele tampouco, sai de sua escravidão, mais que derramando-se em lágrimas ou em sarcasmos. Ele mesmo se olha nisto como em sua mais fiel pintura. E a paga e a aplaude…

Até o dia em que, aborrecido ou cansado, não pode aguentá-lo mais e, não só a seus artistas, senão a seus legisladores, seus amos e seus sociólogos, os manda ao diabo. Se ergue, dá um passo a frente, um só, e quando então foi, acreditaram estes que era sua íntima imagem, não é mais. O povo é outro, e a lei e a arte, a sociologia e a fé, tudo quanto parecia tão evidente e profundo, fica para trás ou à margem, royéndoles los zancajos.

Isto é o que está acontecendo agora com o teatro. O proletariado está em crise de superar a chamada civilização burguesa. Até onde sua existência é mais trágica e obscura, a realidade popular é uma façanha de luz; suas dores são de parto. E na Espanha, por exemplo, já são de crescimento. Se apodera da terra e das máquinas; cria outro mundo, propõe outros problemas. Onde está a obra teatral que interprete a intensidade desta vida que hoje vive o povo espanhol, e que um poeta cabal deveria senti-la viva também até o torrão e o ferro?… Não existe.

Mas, haverá. E disso se trata com esta publicação: de estimular o carinho a esta arte, popular por excelência; de enobrecê-lo a força de fazê-lo fiel com o mais nobre e profundo que tem o povo: sua coragem e sua esperança. Publicaremos para isto quanto de bom haja, enquanto esperamos que o melhor venha. Como esperamos os anarquistas, tudo: trabalhando.

R.G.P.

Buenos Aires.

Para baixar o livro, clique aqui:

https://grupodeestudiosgomezrojas.files.wordpress.com/2009/12/05aloscompaneros.pdf

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Vendinha de bairro.
Ressona feliz gatinho
no saco de estopa.

Fanny Dupré

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