A Justiça da Alemanha está processando uma mulher que destruiu mais de 75 mil mensagens em postes e muros de Berlim. E ela continua fazendo isso.
Apenas por um instante, finja que você não viu a senhora de 71 anos pichando em uma estação do metrô de Berlim.
Irmela Mensah-Schramm está sendo processada por danos ao patrimônio público. Mas se defende nos tribunais, alegando que não pode ser punida por combater o ódio, o que aliás, lhe rendeu prêmios até do governo alemão.
E assim, a senhora Irmela continua nas ruas, armada de espátula, solventes e spray. Debaixo de um adesivo, ela encontra a suástica de Hitler num bairro de classe operária de Berlim. Símbolos nazistas são proibidos na Alemanha, considerados uma ameaça à Constituição. E a senhora Irmela comemora: limpou mais um!
O neonazismo que ela combate é uma praga que, de novo, vem crescendo na Alemanha. Autoridades do país identificaram 22 mil alemães ligados a grupos de extrema-direita. Entre eles, 11,8 mil potencialmente violentos. Ela encontrou um símbolo persistente na área da cidade que diz “refúgio de nazistas”, ou seja, um lugar onde eles estariam livres da lei.
A senhora Irmela nasceu justamente em 1945, meses depois que a Segunda Guerra terminou. Mas sente que tem uma missão a cumprir.
“Eu sou da primeira geração depois da Guerra”, ela diz. “O que aconteceu não pode voltar e deixou cicatrizes. Mas eu sou responsável pelo que acontece agora e me empenho com todas as minhas forças”, completa.
Vagando pelas pichações do metrô, ela encontra uma frase aparentemente inofensiva: “Boicote ao sistema”. Para quem conhece, é claramente um slogan da extrema-direita alemã, uma ameaça à democracia que ela rapidamente extermina.
A senhora Irmela encontrou mais um símbolo disfarçado do nazismo, que diz “nacional socialismo” e, mais importante ainda, “naquela época como agora”, uma frase do exército nazista que eles trazem à tona hoje. Ela está só esperando para começar a arrancar mais uma dessas terríveis lembranças no nazismo que chegaram até o nosso tempo e que voltam a crescer com força na Alemanha.
Na câmera fotográfica, a senhora Irmela guarda as recordações de seu ativismo. Cartazes com dizeres de “amor aos nazistas”, por exemplo, destruído, como mais de 75 mil manifestações de ódio. Ela mostra orgulhosa que transformou um símbolo favorável ao nazismo em um belíssimo coração.
Fonte: agências de notícias
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