Gargantas Libertárias
Venezuela apresenta atualmente uma das piores crises da história, onde como de costume o povo ficou como vítima dos titeriteiros que manejam nossas circunstâncias e nossas condições de vida fazendo cada vez mais difícil o simples fato de existir, frente a tudo isso, e o que o status quo aqui não menciona, nós como anarquistas venezuelanos necessitamos fixar uma postura e expressar publicamente nossa opinião.
1. Rechaçamos a aplicação da Carta Democrática Interamericana e sustentamos que pelo mecanismo que encerra, é um ato onde os mesmos Estados violadores dos Direitos Humanos, autoritários e corruptos serão os que condenarão seu semelhante, (neste caso, será o Estado mexicano atualmente administrado por Peña Nieto, país das fossas comuns? Ou o Estado chileno, especialista em reprimir manifestações dos povos mapuches? Ou o Estado argentino de Macri, onde se violam direitos trabalhistas? Ou sem ir muito longe Estados Unidos? – que decidirão por nós impondo-nos suas decisões e perpetuando a estrutura estatal.
Como anarquistas vemos que historicamente isto não significou uma mudança substancial na política mais além de uma mudança de caudilho, a Carta não elimina aos corpos repressivos, nem elimina ao Estado Capital, não se veem refletidos os problemas sociais, com isto podemos dizer que não vimos a ênfase da comunidade internacional contra o Arco Mineiro do Orinoco (AMO) que condena a mineração a céu aberto, ao 12% do território nacional rico em biodiversidade, cheio de história de luta e firmeza de muitos povos indígenas. Nos preocupa que mais além dos argumentos de uns e outros, como população não conheçamos os novos limites aos que estaremos sujeitos e assim a comunidade internacional possa se valer para intervir militarmente no país, como uma pós-cons equência da aplicação da Carta.
Venezuela ficaria oficialmente condenada internacionalmente e isto geraria uma série de relações não convencionais, unidas aos problemas que já vivemos, como por exemplo, a escassez, o alto custo de vida, a impunidade, a contaminação da água, entre outros. Há muito tempo que o Estado venezuelano viola os Direitos Humanos e isso não impediu que as transnacionais viessem a obter lucros exorbitantes, não lhes importou a constitucionalidade desde que pudesse desenvolver seus projetos extrativistas ainda que violand o suas mesmas leis burguesas, com isto podemos evidenciar que a moral democrática e jurídica para ele não é mais que uma falácia. É aí onde se tira a máscara ao Estado e ao capitalismo. Depois da aplicação da Carta, como serão as relaç& otilde;es das transnacionais com o novo governo atual? Temos certeza de que seguirão acordos, estas relações pós-Carta democrática se podem demonstrar com o exemplo da primeira Carta aplicada na história, impulsionada por Alejandro Toledo em sua gestão como presidente, assim como perpetuou o IIRSA firmado por Fujimori, assinou novos acordos com transnacionais mineiras exonerando-as de impostos e reprimindo comunidades campesinas que se opunham.
2. Nossa posição contra a Carta democrática não significa que apoiemos ao governo atual, pensamos que o oficialismo, a MUD, e demais partidos políticos são múltiplas formas com o mesmo fundo, ainda que seus discursos sejam desenvolvimentistas ou progressistas, nenhum mostra uma verdadeira alternativa autônoma contra o capitalismo e por consequência do extrativismo, a maioria abriga repressores, justificam o militarismo, o clientelismo político e a m aioria ver como prioridade o pagamento das dividas externas, sem se importar como tudo isso tem sido os principais problemas que agravaram a situação de extrema necessidade e de subordinação na população.
O anarquismo como ideal rechaça ao Estado em todas as suas formas, sem exceção, não se submete ao que desde as estruturas de poder se impõe sobre a população. Ver na democracia uma forma de capitalismo, ou seja, o melhor produto, que neste caso seria o “melhor” caudilho, para que as pessoas por vontade própria o compre, ou neste caso vote pelo mesmo e lhe pague o salário.
3. Como anarquistas defendemos pela realização de uma Federação de Comunas Autônomas cuja meta é uma sociedade horizontal, sem coação, autônoma e autogerida, acionando desde a cotidianidade junto a movimentos sociais que choquem contra as estruturas de poder, e manifestações populares que reivindiquem os direitos das classes marginais e oprimidas.
Assinam: Editores de Gargantas Libertárias
Referências Bibliográficas:
• Almagro sobre el senado de E.E.U.U. http://www.eluniversal.com/noticias/politica/almagro-agradece-apoyo-del-senado-eeuu-carta-democratica-para-venezuela_641892
• Comando Sur de EEUU: Situación de Venezuela podría obligar a una respuesta regional inmediata
http://reporteconfidencial.info/movil/noticiamovil.php?id_n=3294155
• Implicaciones del IIRSA en Venezuela
https://noticiasyanarquia.blogspot.com/2016/11/las-implicaciones-de-iirsa-en-venezuela.html
• Fujimori y el IIRSA
• “Durante el gobierno de Alejandro Toledo (2001-2006), se suscribieron otros cinco contratos de estabilidad y se otorgó el beneficio de exoneración tributaria proreinversión a la minera Buenaventura por su proyecto Cerro Verde”
http://www.ipsnoticias.net/2010/01/mineria-peru-negocio-millonario-y-exonerado-de-impuestos/
• Biodiversidad explotada y campesinos reprimidos durante la gestión de Toledo:
http://orosucio.madryn.com/articulos/06_10_11.html
Fonte: https://gargantas-libertarias.blogspot.com.br/2017/04/pronunciamiento-anarquista-contra-la.html
Tradução > KaliMar
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