Sobre a recente polêmica em torno do caso da exposição de arte queer no Museu Santander Cultural de Porto Alegre (RS)

A tal exposição polêmica foi patrocinada pelo grande Capital (Banco Santander) e o Estado (Lei Rouanet) e suspensa devido a uma invasão agressiva ao museu em protesto contra a mostra, perpetrada por um grupo de conservadora/es da direita.

O que está para além da questão superficial – sobre a qual a ‘esquerda’ se limita – da defesa das ‘bandeiras das diversidades’ neste caso, é a associação dos interesses do grande Capital & Estado com as tais bandeiras, para desse modo perpetuarem o sistema pela abertura de novos nichos de mercado de consum(ism)o e pela legitimação da falaciosa ‘democracia’ através da ilusória ‘inclusão’ de ‘minorias’: a quimera da ‘ampliação das liberdades’ neste sistema onde as tais ‘liberdades’ estão umbilicalmente vinculadas e condicionadas à posse de ‘meio circulante’ – moeda.

Em nossos dias, a/os anarquistas coerentes precisam ser mais esperta/os, para não se deixarem levar pelas superficialidades das disputas entre direita e ‘esquerda’, que apesar de toda a ‘dramaticidade’, não extrapolam – e são até mesmo ‘solidárias’ com – as grandes linhas de estratégias do sistema.

Ou será que devemos pensar que a transformação de ‘excluída/os’ em mera/os ‘cidadã(o)s’-serva/os do Estado, produtivistas/consumistas do mercado, representa de fato uma verdadeira ‘revolução’ emancipadora da humanidade?

Que o digam as populações negras dos países colonizados pela Europa central (fornecedoras da maior ‘massa’ de força de trabalho produtora das riquezas historicamente acumuladas pelos colonizadores), ‘emancipadas’ da escravidão de ontem, e hoje ‘incluídas’ no regime da verdadeira servidão do trabalho assalariado e das dominações burocráticas governamentais.

Nosso projeto de ‘revolução’ (anarquista) sempre foi para muito além da mera ‘liberdade’ de escolher o patrão, o governante, o banco e/ou o shopping: nossa revolução é pela abolição de tudo isto!

Nosso projeto de revolução é pela liberação da nossa humanidade em sua inteireza, e não apenas ‘em partes’.

Vantiê Clínio Carvalho de Oliveira

agência de notícias anarquistas-ana

chuva e sol,
olhos fitando os céus –
arco-íris ausente.

Rosa Clement