Carta às trabalhadoras, precarizadas, desempregadas no Brasil

Trabalhadoras, na luta somos dignas.

A democracia Capitalista é o governo das elites do poder econômico associadas ao poder político-militar.

A liberdade na democracia capitalista é secundária e está fundada em algumas “miragens” sociopolíticas e “determinações” econômicas. A liberdade na democracia é para as elites e não para a gente trabalhadora. A lei da atual democracia é: não tem dinheiro, não vive.

Uma das “miragens” sociopolíticas correspondem a nos fazer acreditar que participando com o voto em eleições podemos escolher alguém que governará para o bem de todos naquele território que eles chamam de país. Estes homens e mulheres comuns nos quais parte de nós deposita confiança e respeito, prometem, e nunca cumprem: promover e realizar o bem-estar para todos. A segunda das “miragens” sociopolíticas corresponde a nos fazer acreditar que apenas e somente o Estado é o único que pode manter e organizar a sociedade. Pergunte a você mesma se isto se comprova na história e nos dias atuais.

Uma das determinações econômicas é que a inciativa individual aliada ao trabalho árduo te levará a uma vida de riqueza para ser gozada por você e os seus. A segunda das determinações é que a propriedade privada hereditária é um direito natural. Cabe perguntar, fazer exame de si ou de outrem para constatar quem enriqueceu sem explorar o trabalho de outros. Cabe ainda perguntar se sempre houve propriedade privada hereditária. Ou, ainda, como se conseguiu obter a propriedade privada?

A combinação de “miragens” sociopolíticas e “determinações” econômicas são embaladas como produto de consumo barato encontrado em prateleiras de TV’s, Jornais, Revistas, Redes Sociais na Internet onde você é ao mesmo tempo a moeda e a mercadoria. Ao fim e ao cabo você não escolhe, é sim escolhida e comercializada.

Neste dia das pessoas trabalhadoras, nesse primeiro de maio é preciso perguntar a si mesma se você elegendo governantes ou se permitindo explorar por um patrão faz a sua vida melhor a cada dia, a cada mês, a cada ano? Por que temos de trabalhar tanto para pagar tantas contas? Por que os patrões, que nos exploram, vivem bem e nós mal temos o que comer?

Não são apenas os políticos e os patrões que nos enganam e roubam com a proteção dada pelos militares. Dentro da classe trabalhadora há traidores da classe que entraram nas nossas organizações de defesa e apoio dos trabalhadores: os sindicatos. E usam nossas organizações sindicais como um modo de vida. Eles se tornaram uma elite sindical e hoje também nos tratam como moeda e mercadoria.

Diretorias sindicais associadas a partidos de direita e de esquerda nos vendem a preço de banana para aqueles que pagarem mais. Aos empresários vendem a sua influência para impedir movimentos por melhores condições de trabalho, greves por melhores salários. Somos usados também para eleger governos, justificar políticas, investimentos, projetos de desenvolvimento, ações militares chamadas de “planos de segurança”. Estes tais “planos de segurança” a nosso ver não passam de guerra cirúrgica para avançar em territórios indígenas, periferias, manter o latifúndio, controlar os que resistem e lutam contra a fome e a morte pela miséria social e econômica. Denunciamos: você deve saber ou conhecer uma amiga que tem dentro do seu sindicato um dos diretores que se candidatou a vereador, prefeito, deputado, governador, senador e prometeu defender a sua categoria e a sua classe. Perguntamos então: onde estão estes eleitos e o que fizeram por você, por sua categoria e por sua classe?

Acusamos a crescente repressão que os movimentos sindical e social vêm sofrendo. Dentre estas pessoas companheiras que trabalham e lutam por direitos e melhores condições de vida, os companheiros e companheiras anarquistas seguem sendo um dos alvos. Afirmamos nosso direito a organização social e política de forma anarquista. Denunciamos o avanço de ações investigativas, monitoramentos e prisões no território brasileiro. Chamamos a atenção para o assassinato de jornalistas, genocídio de indígenas e negros, nos campos e nas cidades.

Nosso primeiro de maio também será um grito pela liberdade de pensamento, expressão e organização. Neste primeiro de maio gritaremos pelo direito das trabalhadoras, das precarizadas, das desempregas pelo direito a organização, ao trabalho e a vida.

Nesse ano de 2018, no nosso primeiro de maio vamos dizer não as mentiras e seus mentirosos que nos iludem fazendo nossas vidas mais infelizes explorando nosso trabalho. Vamos nos encontrar e conversarmos sobre a nossa situação e maneiras de nos organizarmos e lutarmos para vencer a injustiças sociais e a desigualdade econômica que nos é imposta por governos de direita e de esquerda, vamos trabalhar por construir possibilidades de autogestão pondo fim a exploração capitalista que nos rouba as horas de nossa mão de obra, vamos nos estruturar para estabelecer uma organização social federada entre as trabalhadoras e a sociedade, nos bairros e nas fábricas, nas lojas e nas ruas, nos campos e cidades, nas periferias e nos centros das grandes cidades, entre produtores e consumidores, criadores e realizadores, sonhadores e realistas.

Determinação, união e luta pela igualdade econômica, pela justiça social com liberdade para todas.

Converse com seus colegas. Participe das suas assembleias. Exija da diretoria do seu sindicato: Fim do sindicato único. Pluralidade sindical: direito das trabalhadoras terem mais de um sindicato por categoria e/ou classe. Fim do imposto sindical: contribuição livre e espontânea da trabalhadora para a organização e luta sindical. Abertura e apresentação do balanço fiscal do seu sindicato em linguagem simples e direta. Discriminação item-a-item dos gastos realizados. Independência e autonomia em relação a partidos de direita e esquerda, em relação a governos, em relação a patrões e gestores. Criação de núcleos de base por local de trabalho com colegas eleitos pela base em processo autogestionário da categoria/classe. Investimento dos recursos do sindicato nos núcleos de base para fins de organização e fortalecimento das bases. Fim do assédio sexual e moral no local de trabalho. Contra o trabalho de gestantes e lactantes em locais insalubres. Igualdade de salário para mulheres em relação a homens. Redução da carga horária de trabalho para 30 horas semanais sem redução salarial. O trabalho é um direito social e deve cumprir função social.

Iniciativa Federalista Anarquista – Brasil – 01 de maio de 2018.

Juntas lutamos, juntas avançamos.

ligarj.wordpress.com

agência de notícias anarquistas-ana

Sobre a folha seca
as formigas atravessam
uma poça d’água

Eunice Arruda