O sindicato CNT mostrou sua absoluta “consternação e repugnância” ante a atuação do Tribunal de Pamplona que decretou a liberdade provisória¹ dos membros de “La Manada”. “Compartilhamos a raiva gerada e chamamos a converter a indignação em uma luta permanente contra o sistema patriarcal que o Estado traz em seus genes”, afirmou a organização anarcossindicalista.
Do mesmo modo, a CNT advertiu que o ocorrido em torno a “La Manada” volta a pôr em foco uma realidade inquestionável: para quê e para quem são feitos os tribunais e os cárceres. “Esse mesmo sistema judicial é o que persegue e arruína a vida de oito jovens de Altsasu graças a uma montagem policial, ou também o que persegue a rapers e criminaliza o protesto social”, frisou o sindicato.
“A justiça não é outra coisa que injustiça, e o Estado não é mais que um gigantesco aparato machista, violento e patriarcal”, ressaltou. Nesse contexto, a CNT também pediu uma “reflexão” sobre o sistema atual, “um sistema que engendra monstros como os integrantes de La Manada e coloca nos tribunais de ‘injustiça’ juízes machistas e misóginos”.
A central anarcossindicalista mostrou seu “respaldo, apoio e afeto” para com todas as militantes do movimento feminista que hoje saem às ruas “para gritar contra esta injustiça e defender seus direitos”. “Vocês, irmãs, são essenciais e indispensáveis para construir outro modelo de sociedade, mais livre e mais humana”, destacou.
Tradução > Sol de Abril
>> Nota:
[1] Milhares de pessoas se manifestaram nesta sexta-feira (22/06) em diferentes cidades da Espanha em repúdio à libertação de “La Manada”, cinco jovens que abusaram sexualmente em grupo de uma jovem e que poderão voltar para casa à espera da confirmação da condenação na segunda instância. O tribunal de Pamplona, encarregado do caso, decretou liberdade provisória sob fiança de 6.000 euros para os cinco jovens sevilhanos, que na tarde desta sexta-feira já haviam deixado a prisão. O tribunal já havia causado escândalo em abril, quando se pronunciou em primeira instância. Os juízes descartaram a classificação de estupro nos atos cometidos pelos acusados, que penetraram sucessivamente a vítima no portal das festas de São Firmino, em Pamplona, em julho de 2016. Cada um deles foi condenado a nove anos de prisão por “um delito continuado de abuso sexual”, mas agora ficaram em liberdade provisória à espera de que se examine seu caso na apelação.
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