Relato de Nova York sobre os recentes confrontos [dia 12/10] entre Proud Boys e antifascistas fora de um escritório republicano que capturou os olhos das autoridades e da mídia.
É essencial para a narrativa da mídia direitista que defende o autoritarismo de Trump a ideia de que a esquerda está fomentando a revolução e controlando as ruas por meio das multidões. Infelizmente, nada poderia estar mais longe da verdade. As ruas pertencem aos ricos e à polícia, e seus partidários da extrema direita/fascista possuem liberdade para atacar qualquer um que desafie esse poder.
Os eventos deste fim de semana em Nova York tornam esta situação incrivelmente óbvia. Na manhã de sexta-feira, alguém se cansou da aceitação aberta do partido republicano de pró-fascistas como Ann Coulter, Tucker Carlson e Gavin McInnes, e vandalizou a porta com spray, cola na fechadura, um tijolo na janela e um comunicado culpando ambos e os democratas pelo terror e violência espalhados pelo estado dos EUA contra latinos e muçulmanos.
Os republicanos responderam que a nota e o vidro quebrado eram a “pior violência que já tinham visto”, e se colocaram descaradamente detrás de sua decisão de sediar a reconstituição planejada de McInnes do assassinato de um socialista japonês na frente de sua gangue de rua – um evento destinado a incitar os participantes a se envolverem em violência contra os esquerdistas. Como o próprio presidente do conselho do clube republicano declarou, McInnes é “parte da direita”. A polícia apareceu em peso para proteger o evento, e continuou a proteger McInnes enquanto ele acenava com a espada aos contra-manifestantes.
Por volta das nove da noite, três manifestantes foram presos, acusados de tirar um boné MAGA [Faça a América Grande de Novo] da cabeça de alguém. Inicialmente, receberam acusações forjadas de assalto, roubo e resistência à prisão. Os promotores derrubaram as acusações de contravenções, mas ainda tentaram mantê-los sob fiança de US $ 3.500 cada.
Após o evento, cerca de cinquenta participantes deixaram a proteção policial. Isso incluiu cerca de 30 Proud Boys e ao menos dois membros da gangue skinhead nacionalista e anti-comunista 211 / B49 (um grupo que, como os Proud Boys, tolera um grupo multicultural de fascistas). Eles se reuniram a uma quadra de distância e esperaram que xs manifestantes fossem embora. Emboscaram os primeiros três que viram, se revezando para chutar e bater neles na calçada.
Gavin justificou o ataque alegando que alguém havia jogado uma garrafa em sua vizinhança no início da noite. Na realidade, o objetivo dos Proud Boys e Boneheads (skinheads fascistas) é mobilizar uma reação violenta contra esquerdistas, queers, mulheres, muçulmanxs e pessoas de cor. Não importa o quanto xs manifestantes fossem civis, Gavin exigiu que seus Proud Boys atacassem “antifas” para ganhar posição na organização. Na sexta-feira, eles escolheram fazer isso da maneira mais covarde possível, sabendo que a polícia não interferiria, apesar de gritar “bicha” e “matem-no” como fizeram. Encorajados pelo apoio policial, posaram para uma foto de grupo e foram até o metrô, gabando-se de espancar um “estrangeiro”.
As filmagens do dia seguinte foram postadas nas redes sociais, causando indignação. O prefeito Bill de Blasio, a NYPD [Departamento de Polícia de Nova Iorque], o governador e os promotores de Nova York tentaram acalmar as pessoas, dizendo que tal violência não seria aceita. As filmagens mostram o oposto – a violência foi protegida e encorajada. Então, no domingo à tarde, a NYPD divulgou os nomes de três Proud Boys envolvidos no caso. Como nas recentes detenções dos neonazistas em RAM, sabemos que a repressão à extrema direita logo será seguida por ataques aos movimentos anarquista, antifascista e autônomo, e que devemos ser críticos com relação às ações de apoio do Estado, sendo melhor nos concentramos na construção de nossa própria capacidade de autonomia e autodefesa.
Voltando aos fatos, a Fox News, é claro, reportou o incidente ao contrário do que realmente aconteceu, deixando implícito que havia antifas cercando o local com espadas. Mesmo com todo o poder do Estado e das estúpidas gangues fascistas, a direita ainda tem medo de nós. Eles sabem que os jovens e grande parte da classe trabalhadora rejeita suas falsas narrativas e suas divisões racistas, que podemos enxergar a sua hipocrisia política, e que queremos um movimento que possa abolir ambos os partidos e todas as instituições fascistas que os apoiam e protegem. Espetáculos como este vão continuar acontecendo até que nos organizemos o suficiente para expulsar esses covardes da cidade.
A próxima oportunidade será em novembro, quando o Proud Boys se reunirá por todo o país para uma manifestação “HimToo” pró-estupro e antifeminista.
Fonte: https://itsgoingdown.org/bloody-big-apple-mcinnes-proud-boys-fox-news/
Tradução > Imprensa Marginal
>> Foto em destaque: grupo de Proud Boys (fascistas).
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Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!