By The Grouch | 23/11/2018
“Todo o mundo será seu inimigo, Príncipe com Mil Inimigos, e quando eles te pegarem, eles te matarão… mas primeiro eles devem te pegar.” – Watership Down
Juntamente com muitas pessoas que com certeza lêem este site, eu assisti ao recente documentário sobre a Atomwaffen Division há alguns dias. O documentário não nos disse nada que já não soubéssemos, além do quadro do grupo, alguns dos quais já haviam sido apontados por antifascistas, que costumavam sair em Houston, Texas, em shows de black metal.
No entanto, o esforço do grupo para deixar para trás o “ativismo” e manifestações públicas e em vez disso focar em alvos fáceis também se alinha fortemente com as ações de grupos como Identity Evropa, Rise Above Movement, Proud Boys, e Patriot Front [todos grupos de extrema direita].
Na vanguarda do Unite the Right, o Identity Evropa entrou em salas de aula de professores esquerdistas no sul da Califórnia com o propósito de “monitorá-los”. Também em todo o campus e outros próximos cresceu a distribuição de panfletos, cartazes, encontros e faixas. Logo depois, uma livraria esquerdista foi vítima de janelas quebradas e de uma tentativa de incêndio. Outros capítulos do Identity Evropa foram interromper oficinas sobre racismo na Flórida, enquanto novamente no sul da Califórnia, membros do Rise Above Movement com a ajuda do veículo de comunicação The Red Elephants, interromperam vários eventos de educação sobre supremacia branca e racismo.
Membros do Proud Boys protestaram rotineiramente contra e assediaram protestos e eventos de esquerda, protestando do lado de fora de uma cafeteria em East Oakland que recusou vender café para a polícia e em Modesto, assediando jovens ativistas que estavam tentando fazer lobby com seus representantes ao redor do DACA [programa que protege imigrantes indocumentados]. No noroeste do Pacífico, membros do Proud Boys foram tão longe ao ponto de protestar contra a vigília organizada pela família de um homem morto pela polícia local e pela Planned Parenthood Clinic, enquanto na Flórida, eles foram usados pela polícia na luta contra protestos chamados para uma recontagem na eleição recente.
O Patriot Front tem sido outro grupo com um grande impulso para atingir o movimento anarquista. Em setembro de 2017 eles tentaram invadir a feira de livros anarquista de Houston, protestaram do lado de fora da livraria Monkeywrench em Austin, tentaram atacar um acampamento da Occupy ICE em Austin, as pessoas têm certeza que eles estavam por trás da quebra de janelas da Monkeywrench no aniversário da Kristallnacht, e mais recentemente, o grupo tentou atacar a feira de livros anarquista de Boston antes de ser rapidamente colocado para fora. O ponto é: esses grupos continuam indo atrás daqueles a que se referiram como “alvos fáceis” e, cada vez mais, têm apontado especificamente eventos anarquistas para o ataque.
Algumas coisas para lembrar
O vazamento do Patriot Front organizando manuais e falando em fóruns de discussão mostra uma estratégia baseada em mirar áreas para panfletagem, colocação de faixas, adesivos, e outras formas de ativismo fora e longe de onde os participantes realmente vivem. Se um grupo está mirando um lugar como alvo, eles provavelmente não vivem nele e estão apenas de passagem. Esta parece ser uma estratégia geral usada por grupos como o Patriot Front e o Identity Evropa, onde as pessoas que vivem em uma área costumam se reunir para fazer uma caminhada no fim de semana e, em seu caminho pela estrada, param em uma pequena cidade suburbana para colocar alguns adesivos e cartazes. Fascistas e grupos da direita alternativa estão também ficando mais espertos; eles estão tirando fotos que dificultam a identificação de onde um adesivo ou cartaz está localizado e frequentemente divulgam fotos de seu “ativismo” nas mídias sociais muito tempo depois de esses materiais já terem sido lançados.
Estamos certos de que essa mesma lógica será usada em ataques e interrupções de eventos: as interrupções serão feitas por pessoas de fora da cidade e que muitas vezes vão se reunir com amigos que estão passando o fim de semana no local.
Algumas ideias para segurança
ESQUADRÃO: A maioria dos eventos anarquistas que eu vou têm agora um esquadrão de segurança em grande parte monitorando a porta. Este aparelho precisa se expandir. Enquanto uma equipe forte precisa estar estacionada na porta o tempo todo, também precisa haver pessoas nos arredores da área de fora do evento observando. Em resumo, se um grupo de 5 caras usando máscaras de caveira conseguirem chegar até a porta do evento e entrar, como eles fizeram em Boston, isto é um problema. Enquanto Boston fez bem em mandá-los de volta para fora, se essas pessoas estivessem armadas, teria sido uma história completamente diferente. Nós temos que pensar em ter não apenas um forte esquadrão de segurança na entrada, mas também equipes fora do evento, observando qualquer possível interrupção, e prontas para se comunicar com o grupo maior a qualquer momento.
ESQUADRÃO DE APOIO: No caso de brutamontes da direita alternativa entrarem em um prédio ou digamos, um deles começar uma gravação ao vivo durante o evento, é preciso que haja pessoas no público prontas a se levantar e ajudar a mostrar a esses indivíduos a porta de saída. Essas pessoas também precisam ser capazes de comunicar o resto da multidão e chamar a comunidade em geral para ajudar a expulsar esses indivíduos, abrir portas, tirar suas câmeras, etc.
UM MOVIMENTO BEM EDUCADO: Em todo e qualquer evento anarquista, precisamos ter informação em forma de panfletos e oficinas sobre os organizadores locais da direita alternativa e da extrema direita, seus rostos e outras coisas que sabemos sobre eles. Fazer com que isso entre nas mãos da comunidade. Também precisamos espalhar informação sobre o que essas pessoas vestem (os Proud Boys vestem polos pretas e douradas, este é o logo do Identity Evropa, etc) e porquê.
Conclusões
Como já foi dito, todo e qualquer evento anarquista e antifascista tem que ter um plano de segurança. Não podemos esperar que a Atomwaffen jogue uma bomba na infoshop local ou deixar 15 membros do Patriont Front se amontoarem frente a uma multidão que inclui bebês em carrinhos, idosos e membros aleatórios do público.
Nós também devemos manter em mente que muitos desses grupos estão abandonando o ativismo público e, ao invés disso, querem tentar simplesmente atacar seus inimigos se isso “machuca a ótica”.
Por fim, precisamos nos defender e defender nossos espaços. Rir essas pessoas para fora da sala não é o bastante, precisamos nos proteger a todo custo e mostrar que não somos fracos, alvos fáceis.
Como grupos como o Proud Boys no noroeste Pacífico estão dizendo agora que eles só aumentarão sua presença em eventos de esquerda, cresce a necessidade de reforçar a segurança, educar o público e, acima de tudo, nos defender!
Fonte: https://itsgoingdown.org/it-is-time-to-get-serious-about-security-at-events/
Tradução > sapat@
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a lua cheia.
Fabiano Vidal
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!