Casa do Povo recebe o lançamento do sexto número do Jornal de Borda no dia 09 de março de 2019 [sábado], às 16h. Sob o tema Fronteiras e Encruzilhadas, o Jornal de Borda #06 possui 48 páginas e 40 participantes, entre artistas, pesquisadores, militantes e historiadores do Brasil, Argentina, México, Itália e Nicarágua, além de dois fac-símiles de periódicos editados por mulheres anarquistas nos anos 1920 no Brasil e na Argentina (O Nosso Jornal e Nuestra Tribuna). Na ocasião, haverá um bate-papo com algumas das pessoas colaboradoras da edição. Os nomes confirmados que estarão conosco (até o momento) são: Beatriz Lemos, Bruna Kury, Edith Derdyk, Fernanda Grigolin, Laura Daviña, Lucia Parra, Paula Monterrey e Samanta Colhado Mendes.
Sobre o Borda
Jornal de Borda é um periódico de arte contemporânea concebido e editado [em português e espanhol] há seis anos, pela artista Fernanda Grigolin, com projeto gráfico de Lila Botter e publicação/distribuição da Tenda de Livros.
A tiragem é de 5 mil exemplares, e essa edição será vendida por R$ 15 com o intuito de cobrir os custo de pesquisa, edição e distribuição latino-americana. Para a impressão foi realizada uma campanha via Benfeitoria.
Sobre a edição #06
O formato do Jornal Borda mudou para 43 x 28 cm [no Brasil é denominado germânico], crescendo na altura [anteriormente era no formato tabloide – 24 x 30 cm]. O tema Fronteiras e Encruzilhadas não foi apenas um mote de produção. Além das pessoas convidadas terem sido instigadas a produzir trabalhos inéditos ou a revirar suas produções, olhando trechos de Glória Anzaldúa, “Como domar uma língua selvagem”, 2009, e de Maria Lacerda de Moura “A mulher é uma degenerada”, 2018; as fronteiras e encruzilhadas se deram fisicamente no periódico o qual se divide em três publicações de fato, isso foi um estudo realizado intencionalmente por Fernanda Grigolin.
O ritmo da edição é conduzido pelos fac-símiles, pelas cores preto e vermelho e sua simbologia dentro do anarquismo e por ser as cores de Exu, aquele que comunica e possui a paciência e pelo trabalho de intervenção da artista visual Edith Derdyk, propusemos um desafio a ela e ela topou. As linhas, que se espaçam e se contraem ao longo de dezesseis páginas e oito passagens, pulsam ao avizinharem-se com outros trabalhos que falam das localidades geográficas e fronteiriças (com Fran Favero e Ingrid Hernandez), dos corpos e saberes artísticos e urgentes LGBTQ+ (Nathanael Araújo e Lívia Auler), do plágio como elemento estético (Valeria Mata), da justaposição de paisagens (Rafaela Jemmene), da urgência indígena (Jaider Esbell, Denilson Baniwa, Paula Berbert, Daniel Dinato e Beatriz Lemos), do feminismo negro e interseccional (Beatriz Lemos e Cecilia Floresta), da língua que são várias (Ana Gagliardo), da história de vida de mulheres (Adriana Caló e Bia Varanis), da rebeldia e da resistência feminista autônoma na Nicarágua (Paula Monterrey com Marlen Chow Cruz) e de Exú (Adrea Mendes e Andrea D’Amato).
A capa faz referência as mulheres biografadas para a edição, em sua maioria anarquistas, e as greves conduzidas por mulheres anarquistas no século passado (iniciando e terminando imageticamente com mulheres e famílias em suas casas: Huelga de Inquilinos na Argentina, em 1907, e Huelga dos Inquilinos no México, em 1922).
Os fac-símiles são dois jornais editados por mulheres anarquistas nos anos 1920: O Nosso Jornal (edição única de 1923) e o número três de Nuestra Tribuna (1922). Eles cruzam o jornal mas podem ser retirados e olhados em sua integridade. Algo próximo ao que foi feito na quarta edição, quando o fac-símile de “A Plebe” veio dentro do Borda.
Anarquismo e Anarquistas
Para a realização dos fac-símiles três pesquisadoras de anarquismo foram chamadas como parceiras da proposta: Laura Cordero, integrante do Cedinci/Argentina e especialista em Nuestra Tribuna; Lucia Parra, integrante do Centro de Cultura Social e com textos e livro sobre o movimento anarquista do início do século XX; e, por fim, Samanta Colhado Mendes, que investiga as mulheres anarquistas na Primeira República e nos apresentou O Nosso Jornal. O Nosso Jornal foi restaurado pelo Arquivo Edgard Leuenroth (AEL – IFCH/Unicamp) e Nuestra Tribuna foi pesquisado no Centro de Documentación e Investigación de la Cultura de Izquierdas (CeDInCI – Universidad Nacional de San Martín), porém tivemos a felicidade de descobrir que Arquivo Edgard Leuenroth (AEL – IFCH/Unicamp) é o único arquivo a ter uma cópia física de um dos números do periódico e por isso optamos por trazer o número 03 na íntegra. Além de AEL e CeDinCi, o CEDEM/Unesp e a Casa del Ahuizote – Cidade do México e Cinemateca Brasileira são fontes de documentos e imagens da edição de páginas do Borda.
As edições fac-símiles são cruzadas por participações de pessoas que se debruçam seriamente na pesquisa sobre o anarquismo e os anarquistas. Além das citadas Laura Fernández Cordero, Lucia Parra e Samanta Colhado Mendes, que escrevem e são consultoras das edições fac-símiles, a edição conta também com a participação de Angela Roberti, Elena Schembri, Flor Pastorella, Ingrid Ladeira, Ivanna Margarucci, Las Piteadas, Nayeli Morqueto Estrada e Thiago Lemos, que possuem estudo sobre o tema e foram convidadas para escreverem biografias ou trazerem seus trabalhos artísticos sobre mulheres que pesquisam. O escritor e artista Pepe Rojo apresenta algo da pesquisa coletiva sobre as ações magonistas, realizadas há mais de cem anos na fronteira californiana do México com os Estados Unidos. A artista anarcotransfeminista Bruna Kury está com sua pesquisa sobre a fronteira do corpo, e os artistas Abraham Ávila, Priscila Costa Oliveira com Cyntia Werner e Raquel Stolf dialogam em seus trabalhos com questões como fim das fronteiras, apoio mútuo e horizontalidade. Participo, além do pensamento editorial e conceitual, Fernanda Grigolin traz a narradora de seu doutorado (Sou aquela mulher do canto esquerdo do quadro) e sua amiga nômade e escritora de cartas (Tita Mundo). Maria Lacerda de Moura também se presentifica com a tradução ao espanhol de sua biografia e o projeto de respostas a ela, Vamos mais longe, desenhado por Laura Daviña com vozes de Carolina Ressurreição, Flor Pastorella, Itzell Sánchez Martínez, Liana Alice, Roxo e Negro Publicações.
SERVIÇO RÁPIDO
O quê: lançamento do nº 6 do Jornal de Borda
Quando: 09 de março de 2019, às 16h [sábado]
Onde: Casa do Povo
Rua Três Rios, 252 – Bom Retiro – São Paulo
Estação Tiradentes > linha 1 azul metrô [05 minutos andando]
Tel: 11 3227-4015
Entrada: grátis
Valor do jornal: 15 reais
site: https://tendadelivros.org/jornaldeborda/
Redes sociais
Insta: @jornaldeborda
Face: /jornaldeborda
FB: https://www.facebook.com/events/773038863083478/
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Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!