Tudo me sabe o metal, tudo me cheira a asfalto
(e desinfetante)
me engole este silêncio estrondoso que me rodeia,
este vazio que me enche.
As lembranças ferem,
o futuro segue inerte
sem qualquer promessa
e o presente me desperta todos os dias
uniformizado para a recontagem das 8.
Flutuo à deriva em um barco afundado
e este mar de asfalto se ergue
como hipócrita monumento
aos covardes que o construíram.
Mal vivo entre as frestas dos meus escombros,
tentando calmar minha sede comendo poeira e detritos.
O medo me paralisa
de me perder em meu labirinto.
Tudo me sabe e a lágrimas, vejo tudo ocre e cinza,
suo a impotência de não poder abrir a porta,
de vomitar correntes.
Tropeço buscando saídas para meu deserto
a minha pequena porção de castigo e paredes.
O medo me paralisa
de me perder ao me encontrar.
16-01-2019 Rodrigo Lanza (Isolamento/FIES- Arquivo de Internos de Seguimento Especial)
>> Endereço para escrever para Rodri:
Rodrigo Lanza
Apdo. de correos nº 33044
Ronda Universitat, 23
08007 Barcelona – Espanha
Tradução > Keka
Conteúdos relacionados:
agência de notícias anarquistas-ana
dissolve-se a névoa
no socavão da montanha…
dormitam cavalos
Douglas Eden Brotto
caralho... que porrada esse texto!
Vantiê, eu também estudo pedagogia e sei que você tem razão. E, novamente, eu acho que é porque o capitalismo…
Mais uma ressalva: Sou pedagogo e professor atuante e há décadas vivencio cotidianamente a realidade do sistema educacional hierárquico no…
Vantiê, concordo totalmente. Por outro lado, o capitalismo nunca gera riqueza para a maioria das pessoas, o máximo que ele…
Só uma ressalva: criar bolhas de consumismo (que foi o que de fato houve durante os governos Lula), como estrategia…