[Masmorras €$panholas] “Tudo me sabe o metal…”, poema do companheiro preso Rodrigo Lanza

Tudo me sabe o metal, tudo me cheira a asfalto

(e desinfetante)

me engole este silêncio estrondoso que me rodeia,

este vazio que me enche.

As lembranças ferem,

o futuro segue inerte

sem qualquer promessa

e o presente me desperta todos os dias

uniformizado para a recontagem das 8.

Flutuo à deriva em um barco afundado

e este mar de asfalto se ergue

como hipócrita monumento

aos covardes que o construíram.

Mal vivo entre as frestas dos meus escombros,

tentando calmar minha sede comendo poeira e detritos.

O medo me paralisa

de me perder em meu labirinto.

Tudo me sabe e a lágrimas, vejo tudo ocre e cinza,

suo a impotência de não poder abrir a porta,

de vomitar correntes.

Tropeço buscando saídas para meu deserto

a minha pequena porção de castigo e paredes.

O medo me paralisa

de me perder ao me encontrar.

16-01-2019  Rodrigo Lanza (Isolamento/FIES- Arquivo de Internos de Seguimento Especial)

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Rodrigo Lanza

Apdo. de correos nº 33044

Ronda Universitat, 23

08007 Barcelona – Espanha

Tradução > Keka

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