[Áustria] Governo espanhol denuncia colaboração do franquismo com crimes do nazismo

A ministra da Justiça da Espanha, Dolores Delgado, acusou neste domingo a ditadura do general Francisco Franco de ter colaborado na deportação para campos de extermínio nazistas de milhares de espanhóis após a Guerra Civil (1936-1939) e que o Holocausto também foi “uma vergonha” do regime franquista.

“O Holocausto, embora isto tenha sido silenciado por anos, também foi uma das vergonhas do regime franquista”, disse Delgado no campo de concentração de Mauthausen, onde participou hoje (05/05) nos atos de comemoração da libertação do recinto, ocorrida há 74 anos.

Delgado lembrou que, em setembro de 1940, Ramón Serrano Suñer, então ministro de governo de Franco, teve uma reunião com a cúpula nazista, após a qual foi ditada a ordem de deportação de republicanos espanhóis para campos de concentração.

Uma ordem, segundo a ministra, para que esses cidadãos espanhóis “fossem exterminados”.

De fato, os primeiros espanhóis que chegaram a Mauthausen pertenciam a um grupo de exilados que vivia na França ocupada pela Alemanha nazista.

“Isso quer dizer que Franco não foi um observador passivo do que acontecia nos campos de extermínio, mas foi dada a ordem para que o regime nazista acabasse com a vida dos espanhóis, de nossos compatriotas democratas”, denunciou a ministra.

Delgado afirmou que os prisioneiros republicanos em Mauthausen, chamado de o “acampamento dos espanhóis”, estavam identificados com um triângulo azul e uma letra S que os marcava como “apátridas espanhóis”.

A ministra disse sentir “orgulho” de se referir a esses prisioneiros como “compatriotas” e assinalou que “os assassinados pelo horror nazista eram republicanos antifascistas e defensores da democracia e da liberdade”.

“Eles se sacrificaram para que nós gozássemos de nossa democracia”, frisou a ministra espanhola.

Além disso, Delgado lembrou que o governo espanhol acaba de aprovar a data de 5 de maio como o dia oficial em memória às vítimas espanholas do nazismo.

“Tivemos uma memória muito seletiva e escassa, primeiro com o golpe militar, depois com a Guerra Civil e depois com a ditadura, sobretudo com o exílio, que é o grande esquecido”, declarou a ministra aos veículos de imprensa.

Fonte: agências de notícias

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Rogério Martins