Campanha anti-eleitoral na Grécia: Nem direita nem esquerda. Abstenção ativa!

Contra a tirania brutal do Estado chamado democracia | Contra todos os tipos de “salvadores” | Luta nas ruas e auto-organização

A Grécia vai às urnas no próximo domingo (07/07), e o Nova Democracia (direita), liderado pelo conservador Kyriakos Mitsotakis, mantém uma clara vantagem sobre o governo do Syriza (esquerda), do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, segundo as últimas sondagens.

Por outro lado, nos últimos dias, diversas intervenções anarquistas anti-eleições tomaram as ruas de inúmeras cidades do território grego: passeatas, pichações, colagem de cartazes, faixas de protesto em locais públicos, distribuição de folhetos, ataques contra sedes de partidos, ocupações, assembleias nos bairros, eventos em escolas e universidades…

Contra o charlatanismo político do Estado e do Capital

O processo eleitoral e o voto são uma metodologia democrática feita sob medida para os chefes políticos e econômicos e não podem causar qualquer ruptura social. Todo o resto são contos de fadas para entulhar os partidos de “oposição.”

A luta é ganha nas ruas, com experimentos sociais de resistência e autodeterminação. A abstenção ao festival eleitoral nunca é suficiente se for uma escolha isolada e ocasional, se não estiver relacionada à coletivização, reciprocidade, pensamento crítico, ação. Uma atitude individual e coletiva, resultante do conflito e da ruptura com a barbárie autoritária, da auto-organização da vida cotidiana e das lutas, da visão de outro mundo, do plural, da reciprocidade e da ajuda mútua. Um mundo sem Estado e hierarquia, sem capital e propriedade individual, sem fronteiras e pátrias, sem religiões e especialistas, sem patriarcalismo e sexismo, sem nacionalismo e militarismo, sem racismo e discriminação, sem qualquer forma de superioridade e poder. Longe das eleições. Resistência, auto-organização, solidariedade nos bairros.

O caminho para a libertação social não passa pelas urnas, mas pelas lutas ininterruptas, pela intensificação do conflito com as forças estatais, capitalistas e fascistas, com as pequenas e grandes revoltas. Nesta caminhada, chamamos todos os explorados e oprimidos deste mundo.

Enquanto continuarmos a delegar nossos problemas a “especialistas”, com delírios de participação cívica através das eleições da democracia burguesa, enquanto nos movermos para a lógica do mal menor e nos humilharmos nas urnas para legitimar o grau de intensidade de nossa exploração sem sermos capazes de nos organizar contra tudo isso, políticos e chefes burgueses sorriem.

A propaganda da mídia de massa continua tentando nos convencer do “sagrado dever do cidadão consciente” de ir às urnas e votar em qualquer coisa, confirmando sua confiança na representação. No entanto, seja quem for o vencedor das eleições, o resultado será o apoio ao parlamentarismo e o restabelecimento do mesmo sistema bipartidário gerido pelo estado pré-crise. Para nós, a participação nas eleições sempre foi um compromisso de classe e um desvio. A lógica do mal menor e das migalhas que o Estado compartilha como caridade é um insulto e desorientação para nossa classe. Mudar a cara na administração do Estado não trará nenhuma mudança radical em nossas vidas. A reestruturação estatal e capitalista continuará, e continuaremos a ser peças para a opressão e exploração.

A abstenção, seja como resultado da indiferença, seja da frustração e do fatalismo, ou de atitude raivosa, des-liberaliza o parlamentarismo em sua base e questiona a retórica da “soberania popular”. No entanto, a depreciação do parlamentarismo a este nível não é suficiente. O que defendemos é a abstenção consciente, a rejeição do parlamentarismo pelo que ele realmente é. A abstenção para nós deve coexistir com nossa participação ativa em todas as lutas que afetam nossas vidas.

Nossas propostas não são um kit, não capitulamos com nenhum governo “revolucionário” e “filantrópico”, esperando pelas migalhas que nos concedem. Nunca tivemos medo de nenhum governo e da repressão que nos promete. Apoiamos e participamos de lutas sociais e de classe, promovendo sua interconexão e globalização em uma direção revolucionária. Contra os dilemas colocados pela decisão, eleitoral ou outra, estabelecemos nossos próprios dilemas e damos nossas próprias respostas, através de nossas lutas auto-organizadas, antipartidárias, envolvidas pela revolução social, pelo comunismo libertário, pela anarquia.

Acima, trechos de textos anti-eleições distribuídos na Grécia.

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Ricardo Silvestrin