A Alternative Libertaire (Alternativa Libertária) e a Coordination des Groupes Anarchistes (Coordenação de Grupos Anarquistas) se juntaram para formarem a Union Communiste Libertaire (União Comunista Libertária).
por Abel Mestre | 16/07/2019
O fato é raro o suficiente para ser assinalado. Em um ambiente político como o da extrema-esquerda, mais habituado a cisões do que a fusões, duas organizações decidiram se casar sob os auspícios do comunismo libertário: A Alternative Libertaire (AL) e a Coordination des Groupes Anarchistes (CGA) contraem matrimônio desde o início do verão. Um congresso realizado em 11 de junho deu origem à nova Union Communiste Libertaire (UCL).
“No momento em que a crise do capitalismo se intensifica, querem nos impor uma escolha entre a burguesia liberal no poder e a extrema-direita na emboscada. Pelo contrário, recusamos e afirmamos que hoje é necessário promover um outro projeto de sociedade baseado na democracia direta, na autogestão e no federalismo”, pode se ler na declaração final.
Para a UCL não há “frentes secundárias”. Reivindicando-se revolucionária com uma “grade de leitura da luta de classes”, a UCL, que defende a auto-organização das lutas, diz que está “aberta a todos aqueles que querem construir uma outra sociedade” e que pretende também participar na luta contra o “patriarcado”, a “LGBTIfobias”, o “racismo”, e também contra as mudanças climáticas. Ela também apoia o movimento dos “Coletes Amarelos”, no qual seus militantes “estão participando”.
“Um contra-poder popular”
“O populismo com um povo que negligencia tudo não é a nossa praia. Queremos construir, a partir das lutas, um contra-poder popular. Não nos colocamos nem no campo eleitoral nem no plano das instituições. Sempre procuramos construir uma organização ao mesmo tempo que estamos nas lutas”, explica Théo Roumier, 40 anos, sindicalista libertário e membro da UCL.
É verdade que podemos encontrar muitos militantes da UCL nas fileiras da união sindical Solidaires: alguns dos seus membros históricos estiveram na origem da criação de alguns sindicatos SUD, como o SUD-PTT ou o SUD-Rail. Eles também se encontram em associações como a Droit au Logement (Direito à Habitação). “Também temos militantes na CGT”, diz M. Roumier, que faz parte da SUD-Education.
A UCL permanecerá fiel às tradicionais cores vermelha e preta e manterá a publicação mensal Altertative Libertaire (AL), vendida nas bancas. A AL tem uma longa história, que remonta a 1968 e à Organização Revolucionária Anarquista (ORA). Em meados da década de 1970, uma divisão desta última deu origem à União dos Trabalhadores Comunistas Libertários (UTCL), que se tornou a AL em 1991. O outro ramo da ORA se tornou a Organização Comunista Libertária (OCL), mais próxima dos autonomistas. Uma história contada em detalhes por Théo Rival em Sydicalistes et libertaires, une histoire de l’UTCL(Editions d’Alternative Libertaire, 2013).
“Coerência nas práticas”
A CGA, por sua vez, resulta de uma divisão da Federação Anarquista em 2002. Como a AL, reivindicava o sindicalismo de ação direta e o comunismo libertário. Portanto, era lógico que a união fosse feita. “As aproximações existiam”, observa M. Roumier. “Há uma convergência de perspetivas sobre vários pontos e uma coerência nas práticas. Como nós, a CGA está envolvida nos movimentos sociais.”
Por enquanto, a jovem organização conta com aproximadamente 500 militantes estruturados em 40 grupos espalhados em todo o território. A UCL quer a todo custo evitar o confinamento e a acomodação militante. Também são previstas reuniões com outras estruturas políticas. Revolucionárias, naturalmente.
Abel Mestre
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