Almudena Rubio
Projeto: Investigação, Exposição Itinerante e Publicação
Margaret Michaelis (Dziedzice de 1902 em Melbourne, 1985) e Kati Horna (Budapeste, 1912-México, 2000): duas fotógrafas imigrantes judias que colocaram suas câmeras à serviço da Revolução Social impulsionada pelos anarquistas e anarcossindicalistas da CNT-FAI durante a Guerra Civil Espanhola.
Ao contrário do que se pensava até agora, suas fotografias da guerra não caíram nas mãos de Franco nem desapareceram entre as ruínas dos bombardeios, mas elas se encontravam onde pertenciam, nos arquivos dos escritórios para as quais elas trabalhavam, os Escritórios de Propaganda Exterior da CNT-FAI.
Introdução
Pouco antes de terminar a Guerra Civil Espanhola em abril de 1939, os anarquistas e anarcossindicalistas da Confederação Nacional do Trabalho e da Federação Anarquista Ibérica, mais conhecidas como a CNT-FAI, conseguiram salvaguardar os seus arquivos, enviando-os para o Instituto Internacional de História Social de Amsterdã.
Armazenado em 48 caixas de madeira, conhecidas na época como “as caixas de Amsterdã”, deixaram a casa do Comitê Regional da CNT em Barcelona, e após uma longa viagem com paradas em Paris, Harrogate e Oxford, finalmente chegaram em Amsterdã em 1947.
Já no instituto, os arquivos permaneceram fechados durante mais de trinta anos em que a CNT sobreviveu na clandestinidade até a morte do ditador Franco. E foi na década de oitenta quando o material foi organizado e foram criados inventários, deixando sem embargo o material fotográfico procedente dos Escritórios de Propaganda da FAI, relegado para segundo plano. O Arquivo Fotográfico dos Escritórios de Propaganda permaneceu praticamente invisível até 2016, quando seus fundos foram organizados e seu inventário foi criado e publicado.
Pesquisa
Quando irrompeu a guerra, os Escritórios de Propaganda Exterior da FAIforam alocados do edifício do Comitê Regional, localizado na Via Durrutide Barcelona (atual Via Laietana), então conhecida como ” a casa CNT ”. Desde as primeiras semanas do conflito, os escritórios tinham uma Seção Gráfica que priorizava a fotografia como arma de propaganda. Esta Seçãotambém fazia uso de repórteres independentes que, como Pérez de Rozas (1893-1954) e Finezas (1889-1957), vendiam suas fotos para a “organização”, e que contou com o compromisso de duas fotógrafas estrangeiras: a polonesa Margaret Michaelis e a húngara Kati Horna.
Embora não exista nenhuma documentação no arquivo da FAI que corrobore, sabemos que durante os primeiros meses de guerra, Margaret Michaelis, assentada em Barcelona desde 1933, trabalharia para a Seção Gráfica, convertendo-se na fotógrafa de confiança dos anarquistas. Prova disso são as viagens que levaria a cabo na qualidade de fotógrafa junto a anarquista russa Emma Goldman (1869-1940) e o anarcossindicalista holandês Arthur Lehning (1899-2000) no outono de 1936, organizados pelos companheiros dos escritórios de propaganda. Viagens que Michaelis registrou com sua câmera e que ao longo desta investigação foram identificados, entre outros trabalhos da fotógrafa, no Arquivo.
Isso mudaria, no entanto, com a chegada de Kati Horna em janeiro de 1937. Com o nome de Catalina Polgare, e com seu marido da época, o húngaro Paul Polgare (1911-1964), chegou a Barcelona antifascista para se tornar na fotógrafa oficial dos anarquistas e de sua agência fotográfica, a Spanish Photo Agency (Agência Espanhola de Fotografia), então conhecida como Photo SPA. Uma experiência, a da agência, que permitiria a ele ver suas fotografias publicadas em revistas internacionais como a inglesa “Weekly Illustrated”.
Em julho de 37 Horna decidiu deixar a Via Durruti para se mudar para Valência e trabalhar como redatora gráfica da revista “Umbral”. Sete meses de trabalho duro foram deixados para trás nos Escritórios de Propaganda que foram materializados na publicação do álbum ”Espanha? Um livro de imagens sobre contos e calúnias fascistas: o álbum de propaganda antifascista” e em centenas de negativos de fotos tiradas com a sua habitual câmera Rolleiflex que hoje nos permitem compreender seu olhar e sua relação com os anarquistas.
Em meados de 1938, Kati Horna viajaria a Paris para obter material fotográfico, escasso em Barcelona, e nunca mais voltaria. Enquanto em Paris com o seu companheiro de então, José Horna (1909-1963), de quem assumiu o sobrenome pelo qual é conhecida hoje, o casal decidiu exilar-se no México e começar uma nova vida. Uma decisão que levou à Horna, muito relutantemente, a perda de seu arquivo fotográfico, localizado hoje no Arquivo dos Escritórios de Propaganda da CNT-FAI¹.
Resultados
Dependendo do financiamento, o projeto tem como objetivo divulgar o trabalho de Margaret Michaelis e Kati Horna através do catálogo do Arquivo online dos Escritórios de Propaganda da CNT-FAI, uma exposição itinerante e uma publicação.
Para mais informações sobre o projeto: almudena.rubio@iisg.nl
[1] Próxima publicação sobre Kati Horna, Revista História Social (Janeiro de 2020)
Tradução > Liberto
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