por Milena Almeida | 14/10/2019
Durante os 11 dias de Greve Nacional se construíram imaginários de uma greve financiada pelo correismo, logo foi Maduro. Parecia que a mídia tinha um roteiro claro, manter Moreno e construir os elementos necessários para convencer o povo de que se forjava uma tentativa de golpe de Estado. Mas a pergunta a responder é: quem sustentou durante onze dias o movimento indígena?
Dona Carmita, a costureira do monte La Gasca. Ela financiou o movimento indígena, sem redes sociais, sem preparação formal na política, reuniu a família para preparar uns sanduíches, porque sabia que na Central estavam seus irmãos do Cotopaxi e deviam ter fome, e deviam ter frio também. Por isso levou o cobertor mais quente, os sapatos fortes do filho, esses de planta resistente para que caminhem. Juntou trapos pequenos para colocar água e bicarbonato para que não lhes fizessem mal as bombas lacrimogêneas.
E financiaram as famílias de Guayllabamba, que reuniram as comunidades para juntar os melhores abacates, porque a comida é melhor se colocam abacate ao guisado. Mas também juntaram porções de pepinos para uma saladinha, e cebola para a sopinha de macarrão, e água para que não tivessem sede.
E os estudantes de Tena, que recolheram medicamentos, porque faltava paracetamol e produtos de limpeza. Logo era uma camionete com diversas coisas, algodão, esparadrapo…
Financiaram os bairros de Toctiuco, La Comuna, Las Casas… Dali desceram famílias para cozinhar, para que nunca lhes faltassem arroz e caldo quente. Elas vinham com sua tábua de picar e a faca mais afiada para preparar o melhor picadinho.
Esse, esse é o monstro com o qual sonha Moreno, um povo que se levantou para sustentar a Greve Nacional. Esse monstro é o morador que pegou a vassoura para varrer. Esse monstro é a cabeleireira, o pedreiro, a costureira, o grêmio de padeiros que não deixou de fazer pão, centenas de caixas de pães, de todo tipo: injertos, mestiços, manitas, empanadas…
Esse monstro está vivo, senhor Moreno. E está em seu pesadelo.
Tradução > Sol de Abril
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!