Good Times In Dystopia (em tradução livre “Bons Tempos em Distopia”) | Autor: George F | Editora: Zero Books | ISBN: 1789041902
Resenha por Wil Crisp
Nesta viagem europeia, das raízes do anarquismo e do ativismo radical, George F navega pela periferia da sociedade convencional, desde ocupações em decadência no leste de Londres até o protesto ambientalista em casas da árvore na antiga floresta de Hambach na Alemanha. Ricocheteando entre festas niilistas e campanhas anticapitalistas, o autor documenta o entorno delxs nas tradições de George Orwell, Jack Kerouac, Tom Wolfe e Hunter S Thompson.
George F é tanto um observador quanto um organizador: invadindo um parque temático, realizando oficinas nas linhas de frente dos protestos climáticos e documentando a vida agitada, alimentada com anfetaminas, no ventre da cena de okupas em Londres. À medida que o livro dá suas reviravoltas através de protestos pacíficos em Paris, batalhas terríveis com a polícia em Berlim e o conflito violento com guardas de segurança na maior mina de carvão a céu aberto da Alemanha – explora a natureza da rebelião, o papel da violência nas raízes da política e as dinâmicas contemporâneas do capitalismo moderno. Com uma prosa astuta e um bom olho para detalhes, George F tanto acha beleza quanto tragédia nas comunidades subterrâneas forjadas por hippies, artistas, punks da sarjeta e okupas movidxs a drogas, que rejeitaram as ideias dominantes sobre política, economia e sexualidade.
Enquanto pegam carona e expropriam, entre espaços ocupados, raves ilegais e locais de protestos, George F produz seu primeiro trabalho literário de não-ficção, Total Shambles, escavando mais profundamente dentro do lado mais sombrio da cultura de ocupação europeia. O leitor é apresentado a ideólogos, como El Culo, de Berlim, que vende cervejas para turistas quando não está participando de projetos anarquistas, artistas radicais como Mierda, companheirx de George, e abandonos sociais, como x infeliz Barnabas – que raramente bebe e zelosamente dirige levando outrxs okupas até as festas.
Good Times in Dystopia documenta o estilo de vida comunitário delxs e, frequentemente, disfuncional, à margem da sociedade – e as redes de apoio que criam com o objetivo de sustentar suas existências não-ortodóxas. Em meio às caixas de pizza cheias de merda humana, dias chuvosos vistos como uma prisão excruciante, tatuagens infectadas, LSD, sexo ruim e whisky roubado – o livro delineia vidas vividas em alta velocidade que algumas vezes acabam tragicamente. Good Times in Dystopia funciona como um livro de bolso caótico sobre táticas de protestos e organização anarquista – como também uma música de amor visceral para aquelxs que vivem nas fronteiras anárquicas da sociedade. Descrevendo a arte da resistência e da ocupação em detalhes, o livro mostra como manifestantxs veteranxs enfrentam a polícia, proprietárixs e grandes corporações em diferentes países – e jurisdições legais. Descreve a forma “perfeita” de ser presx em um protesto climático em Paris, bem como descreve várias técnicas para lidar com oficiais de justiça e policiais no Reino Unido. A jornada de George F o leva para aulas de artes marciais para xs sem-teto em Hackney, uma oficina de masturbação anarquista na rua Rigaer Strasse em Berlim e para The Mother Black Cunt, um clube LGBTIA+ em Camden, que foi ocupado e reaberto para uma noite final de depravação e celebração.
Good Times in Dystopia é repleto de fotos de pinturas pervertidas que foram pintadas dentro de prédios ocupados, extraídas de panfletos anarquistas e citações de teóricxs políticxs – criando montagens faça-você-mesmx das várias influências que moldaram as comunidades que George F está documentando. Às vezes terrível e implacável, o livro fornece uma janela única para dentro de romances forjados em meio a prédios em decomposição e o abuso de drogas – e a euforia que pode vir de pequenas vitórias contra oficiais de justiça e corporações. Além de documentar os altos, também oferece uma visão do isolamento que pode advir de rejeitar ou ser rejeitadx pela ampla sociedade. A depressão, os colapsos, o desnorteamento que pode surgir ao encarar a crise climática e dar as costas ao encanamento em funcionamento, à sobriedade, à monogamia e ao dinheiro.
Good Times in Dystopia pode ser adquirido aqui:
Fonte: https://freedomnews.org.uk/book-review-good-times-in-dystopia/
Tradução > A Alquimista
agência de notícias anarquistas-ana
Palmeiras vassalas
abanam com verdes leques
o Tempo que passa.
Lena Jesus Ponte
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!