[Chile] Santiago: 20º dia da revolta social

Quarta-feira, 6 de novembro de 2019

QUEREMOS CELEBRAR SOBRE AS RUÍNAS DO CAPITALISMO!

A estratégia de descentralização e de levar o conflito até os bairros ricos funcionou melhor do que o esperado, milhares de pessoas aderiram ao chamado a se manifestar nos arredores do Costanera Center [um dos maiores shoppings de Santiago]. Depois da repressão policial, múltiplos grupos se dispersaram gerando vários focos de conflitos. Bancos, farmácias, redes de fast food e AFPs foram expropriados coletivamente e destruídos por encapuzados.

Todo o eixo da Providência foi bloqueado desde Manquehue até a Praça Itália. O chamado é novamente a se juntar na quinta-feira, dia 7, e na sexta-feira, dia 8, no símbolo do consumo capitalista.

Memoráveis momentos foram vividos por  desconhecidos que atacaram a sede do partido ultradireitista União Democrática Independente (UDI), arrebentando a entrada do imóvel e gerando o caos lá dentro. Os manifestantes também retiraram o mobiliário da sede para criar uma barricada. Nas pichações e como selo imprescindível da Revolta estava um “A na bola”. Todo o espectro político saiu para condenar a ação, qualificando-a como um ataque à democracia.

A poucos quarteirões outro grupo destruiu e vandalizou o monumento ao ideólogo da ditadura cívico-militar Jaime Guzmán.

Uma colaborativa e auto-organizada corrente humana construiu uma impressionante barricada com paralelepípedos, mão à mão passavam as rochas com as quais iam levantando uma impressionante obra de engenharia rebelde. Impossível foi para os carros blindados driblar a imponente barricada.

Está se criando um lindo costume, que encapuzados subam nos blindados que lançam jatos d’água e sabotem a mangueira, deixando-a inutilizável. Aconteceu hoje em Providência e na cidade de Porto Montt.

Na Praça de Puente Alto e de Renca estudantes enfrentaram por horas um bando de policiais. Em Renca atacaram com pedras e bombas molotov uma delegacia. Cinco carabineiros foram feridos.

Na Praça Itália continuam a juntar-se milhares de pessoas, e os choques com a polícia são frequentes.

No dia anterior, a polícia entrou em uma escola depois que a assembleia decidiu ocupá-la, e um dos carabineiros disparou balas de chumbinhos à queima-roupa em duas alunas dentro do estabelecimento educacional. As menores ficaram com feridas em seus membros.

Durante toda a jornada o movimento “No+Tag” bloqueou as estradas urbanas. Procuram um “Perdonazo”, perdão nas multas das concessionárias.

Diante das ameaças de sabotagem dos Barras Bravas [torcida de futebol] é cancelada a final da Copa Libertadores em Santiago, o campeonato nacional continua suspenso e o sindicato de jogadores de futebol se recusa a jogar sobre os cadáveres da Revolta.

À noite, encapuzados da “Villa França” e “La Victoria ” atacam a polícia com bombas incendiárias.

Depois de vinte dias a Revolta Social segue viva e uma das razões é que não tem líderes nem dirigentes. Não nos deixemos manipular pelos partidos políticos e pelos seus pedidos, continuemos anarquizando todos os espaços possíveis.

Hoje completamos vinte dias de alegre resistência coletiva, mas levamos uma vida inteira sem nenhum respeito à autoridade.

Presos e presas da Revolta, para a rua!

Nos vemos nas barricadas!

N. T.

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agência de notícias anarquistas-ana

Surge a primavera.
Borboleta colorida
Encanta a manhã.

Tânia Souza