NOSSOS CORAÇÕES BATEM MAIS FORTE DO QUE A REPRESSÃO
Em 20 de novembro de 2019 o ministro grego da proteção civil anunciou um ultimato de 15 dias exigindo o despejo de todos os locais privados e públicos ocupados na Grécia. O ultimato observa que todos os solicitantes de asilo residentes nesses prédios ocupados serão transferidos para estruturas de alojamento no interior do país. O ultimato expiraria em 15 dias, ou seja, hoje, 6 de dezembro. Essa não é uma data aleatória, é um dia simbólico da luta contra a repressão estatal na Grécia. Onze anos atrás, nesse dia no bairro de Exarchia em Atenas, Alexis Grigoropoulos, de 15 anos, foi morto a tiros por um policial grego. Esse assassinato levou a uma maciça revolta social e deu origem a várias iniciativas, ocupas e coletivos por todo o país.
Não é a primeira vez que esse governo ataca os centros sociais e ocupas. Nos últimos meses, vários prédios ocupados foram despejados. Entre eles haviam vários prédios onde imigrantes encontraram abrigo e centros sociais onde as pessoas organizavam coletivamente suas ações políticas contra a repressão capitalista. Durante um período de crise caracterizado pela imposição de medidas neoliberais severas na sociedade grega esses lugares desempenham um papel multifacetado. Eles provêm abrigo para aqueles que foram excluídos e deixados para trás, eles se mantém em solidariedade com os imigrantes, resistem à alienação e servem como ponto de partida para lutas contra a soberania. Essas ocupas foram criadas por aqueles que ousaram imaginar suas vidas em termos diferentes.
Esse ultimato é complementar à criação de novos centros de detenção na Grécia, para torturas e perseguições daqueles que desobedecem, daqueles que escaparam da guerra e buscam refúgio e daqueles que não cabem nos moldes normativos do capitalismo.
Esse ultimato anda de mãos dadas com os chamados projetos de desenvolvimento que intensificam a mercantilização e tem como resultado o aumento dos aluguéis e o deslocamento das populações locais para longe dos centros das cidades.
Esse ultimato resume admiravelmente tudo o que conhecemos bem da necropolítica estatal neoliberal: expropriação, exclusão, deslocamento, empobrecimento e morte. Ocupas, coletivos, centros sociais e políticos e pessoas do movimento antiautoritário na Grécia se opõem a essa declaração de guerra. Manifestações são organizadas e muitas declarações são publicadas dizendo que os movimentos sociais não devem ser chantageados. Eles estão aqui para ficar e não tem intenção de negociar com os representantes da brutalidade capitalista. Se algo precisa ser despejado é a brutalidade do neoliberalismo de nossas vidas cotidianas (e do planeta).
Somos solidários aos imigrantes e rebeldes, centros sociais, ocupas e todas as pessoas que lutam contra a barbaridade do fascismo, racismo, sexismo e capitalismo ao redor do mundo. Enviamos nosso amor aos nossos camaradas na Grécia e lembramos que
NOSSOS CORAÇÕES BATEM MAIS FORTE DO QUE A REPRESSÃO!
Anarquistas
Tradução > Brulego
agência de notícias anarquistas-ana
no despenhadeiro
a sombra da pedra
cai primeiro
Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!