[Chile] Santiago: 112º Dia de Revolta Social

Sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

A FESTA DE SEXTA-FEIRA!

Surpresa gerou entre os participantes o fechamento completo do perímetro do “muro” que protege a igreja e o monumento policial na Praça da Dignidade. Na quinta-feira à noite, um caminhão e um guindaste chegaram para completar o cerco de três metros de altura de bloco de concreto. A nova parte imaculada da “parede” foi rapidamente pintada com slogans rebeldes. Encapuzadxs encaravam os lacaios jogando pedras e bombas incendiárias por cima do muro, ante a escassa visibilidade do inimigo xs manifestantes tentavam deslocar os blocos pesados.

A tarefa parecia impossível, no entanto, a decisão e engenhosidade das “cabeças de camiseta” puderam fazer mais. Fazendo alavancas com ferros e cordas alcançaram a meta, e dezenas puxaram as cordas em uníssono para derrubar a muralha. Aplausos e gritos de excitação podiam ser ouvidos quando o obstáculo estabelecido pelos lacaios desabou.

No dia com mais concorrência e confrontos da semana, xs anarquistas não falharam. Grupos de afinidade anarquista penduram grandes lenços no GAM, distribuem dezenas de folhetos insurrecionais como “Ai ferri corti”, “A brigada da cólera” e “O prazer armado”. Enquanto milhares de panfletos que chamam para se organizar horizontalmente sem chefes ou partidos são lançados ao ar, nas muralhas se veem centenas de pôsteres de tendências libertárias.

Na reunião de solidariedade organizada pelo coletivo antifascista Antonio Ramón Ramón, vários sacos de comida, suprimentos médicos e livros são coletados para a biblioteca Canera do Módulo 14.

Anônimos, colam um belo mosaico do negro matapacos em um pilar do GAM. Um incêndio destrói o Museu Violeta Parra e numerosos caminhões de bombeiros vêm para sufoca-lo. Manifestantes acusam a polícia de lançar várias bombas de gás lacrimogêneo dentro do local, iniciando o incêndio. Na rua onde o museu está localizado, houve confrontos por mais de cem dias sem que o local fosse atacado.

No parque e bairro San Borja, encapuzadxs erguem barricadas incendiárias e jogam bombas molotov nos veículos blindados da polícia. Eles denunciam que os lacaios atiram balas do tamanho de uma bola de golfe, e um manifestante estava com sua máscara de gás destruída ao receber um impacto direto no rosto.

A música se apoderou por instantes da zona zero, da janela da “Radio Dignity” Evelyn Cornejo cantou para um público que apreciava sua voz. A alguns metros de distância, no monumento a Manuel Rodriguez, um grupo de rock tocava com uma energia transbordante, o local já estava transformado em um palco clássico.

Nas ruas, as pessoas começam a se agitar pela manifestação e greve feminista do 8M.

Uma ex-funcionária do município de Providencia denuncia que foi forçada a espionar as manifestações da Praça da Dignidade. A função que lhe foi confiada, juntamente com outros dois funcionários, era reunir informações e fotografar “A Primeira Linha” e vendedorxs e vizinhxs que ajudaram xs encapuzadxs.

Imagens chocantes de corpos são viralizadas nas instalações “Kayser”; as fotografias mostram os corpos empilhados em carrinhos de supermercado. Outra prova de que eles foram mortos antes e colocados no lugar para apagar as evidências.

Em Concepción, uma intervenção no “Parque Jurássico” provoca risos e aprovação. Entre as mandíbulas do tiranossauro rex, eles colocam uma boneca de Piñera e faixas. No pterodáctilo, dizia-se: “Fomos extintos por causas naturais e vocês pelo seu sistema corrupto”, em outro dinossauro “não ganhamos nada” e outro dinossauro foi encapuzado.

Em Petorca, o “movimento de defesa da água e do meio ambiente” destrói um grande cano subterrâneo que rouba água do rio, restaurando seu curso natural. No setor, milhares de pessoas sobrevivem apenas graças à distribuição de água em caminhões, enquanto o líquido vital é desviado para as plantações de abacate.

O prefeito comunista de Recoleta Daniel Jadue é apontado em Pichilemu por negócios obscuros com o prefeito do balneário.

Em Quilicura, onde costumava haver um banco, hoje se levanta um centros social, onde ocorrem várias atividades culturais.

Em relação aos presos da Revolta Social, os menores Kevin e Mauricio são libertados após 71 dias de prisão no SENAME.

SEJAMOS O FOGO DA REVOLTA! SEJAMOS IRMÃOS NA GUERRA!

Sabotador pela libertação animal Mike Hill… essa também vai para você.

Natalia Tapia

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

no mesmo banco
dois velhos silenciam
no parque deserto

Carol Lebel