COMUNICADO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DA FEDERAÇÃO ANARQUISTA
Terça-feira, 17 de março de 2020
As orientações de isolamento feitas ontem à noite pelo presidente francês são úteis, e nós não as negaremos. Pelo contrário, nós, organizados no seio da Federação Anarquista, sabemos que um dos valores mais importantes é o apoio mútuo. Apoio mútuo que significa também cuidar dos mais fracos e frágeis de nossa sociedade. Não há real liberdade sem levar em consideração as outras pessoas.
Temos apenas que rejeitar a ideia de que somente a polícia e o exército seriam hoje a solução no que diz respeito às instruções perante essa pandemia. Se há semanas o governo francês não tivesse minimizado a situação, não tivesse recusado considerar o alerta das cuidadoras, cuidadores e cientistas, nós poderíamos ter tido uma tomada de consciência coletiva forte desde o início da epidemia. E a pior bufonaria foi manter as eleições. Mas, como sempre, os negócios passaram por cima da vida humana no comando do Estado, preocupado antes de tudo com a proteção dos detentores do capital.
Ao mesmo tempo, podemos apenas lamentar pela atitude egoísta e doentia daqueles que pilharam os estoques de máscaras, de álcool em gel e que até mesmo saquearam os supermercados, às vezes tomados pelo medo, frequentemente por um instinto de sobrevivência umbiguista. Privar os que mais necessitam dos meios de proteção necessários ou de alimentos não é aceitável. A solidariedade passa também por uma forma de autodisciplina diante do perigo. A Federação Anarquista destaca que há vários esquecidos em tudo isso: as pessoas encarceradas não estão protegidas eficazmente, assim como as pessoas sem residências fixas, na clandestinidade, em ocupações improvisadas etc. São centenas de milhares que sofrerão sem poder proteger-se concretamente. Infelizmente, essa é apenas a continuidade da sociedade na qual sempre vivemos antes da COVID-19. Para nós, é mais que inadmissível. E agora cabe a todos nós o apoio mútuo sempre que possível.
Oferecemos todo nosso apoio e nossos agradecimentos àquelas e àqueles que continuam trabalhando por suas profissões serem necessárias: cuidadoras e cuidadores, aquelas e aqueles que contribuem para a manutenção dos aprovisionamentos, trabalhadoras e trabalhadores da limpeza etc. Vocês são centenas de milhares correndo risco para garantir que possamos viver serenamente este período. Riscos amplificados pela incapacidade, pela falta de vontade do patronato (privado e estatal) de garantir a segurança. Quantas máscaras foram distribuídas para todas aquelas e aqueles citados? Quantos litros de álcool em gel? Quantas foram as medidas de distanciamento, em defesa da segurança sanitária? Quantas reorganizações nos ambientes de trabalho?
Nós nos lembraremos de todos os patrões que tiverem feito pessoas trabalharem em funções não necessárias, justamente para garantir os lucros, colocando em perigo os funcionários e seus familiares. Mas também nos lembraremos dos que dirigem o Estado e que minimizaram os perigos que representam esse vírus, para não frear a máquina capitalista. Convidamos, aliás, aquelas e aqueles que podem exercer seu direito de aposentadoria que o faça o mais rápido possível! Não morramos pelos capitalistas!
Reforçando uma vez mais: essa pandemia não é uma piada. Desde a Idade Média nós sabemos que as medidas de isolamento são eficazes para impedir a progressão das doenças. Adotemos o apoio mútuo: protejamo-nos, protejamos nossos familiares, nossos vizinhos e, enfim, protejamos todas e todos nós.
Chegará a hora, passado este funesto momento, de nos livrarmos daqueles que há anos matam a solidariedade, vendem tudo ao setor privado e minam a proteção social e sanitária. Certamente, nós os expulsaremos do mesmo modo que teremos feito com o coronavírus. E estaremos particularmente vigilantes, após a crise, perante medidas liberticidas e repressoras que, não duvidemos, nos serão apresentadas novamente como necessárias.
Solidariedade, apoio mútuo e coragem.
Relações Exteriores da Federação Anarquista
Tradução > Dienah Gurhühor
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