Argentinos Juniors. Um clube de bairro que deu ao firmamento do futebol mundial craques da estatura de Diego Maradona, Juan Roman Riquelme e Claudio Borghi, entre outros. Mas sua gênese tem uma história relacionada ao anarquismo. Em Abrí la Cancha, Tomás González Messina, pesquisador da história do clube de Paternal, nos contou sobre os primeiros dias da Associação Atlética.
Argentinos Juniors é o Sementeiro do Mundo. Título bem conquistado pela força dos craques surgidos em Juan Agustin Garcia e Boyaca. Mas a gênese do clube não tem La Paternal como seu epicentro geográfico. Há também uma história de nomes e cores que merece ser conhecida.
Tomás González Messina esteve a cargo do Departamento de História do Argentinos Juniors. Profundamente conhecedor da história do clube, ele contou à Rádio Gráfica como os Bichos Colorados surgiram naquele mês de agosto de 1904:
“Em 14 de agosto de 1904, um desafio foi realizado entre duas equipes da área de Cid Campeador. Os nomes das equipes já denotavam uma tendência por parte dos rapazes que as formaram. Um foi chamado de Mártires de Chicago, com claras afiliações anarquistas em homenagem aos mortos no Massacre de Haymarket em 1886. A outra equipe se chamava Sol de la Victoria e era formada por socialistas. As duas equipes eram formadas por menores entre 13 e 17 anos, razão pela qual o clube não tem ata de fundação, embora tenha sido fundado em 15 de agosto de 1904 em um terreno baldio, custodiado por um amigo de um dos fundadores, na Rua Malabia, no bairro Villa Crespo.
Outro ponto interessante diz respeito ao nome do clube. Gonzalez Messina contou a história na Rádio Gráfica: “Na reunião de fundação eles decidiram nomear o clube de Asociación Atlética y Futbolística Argentinos Unidos de Villa Crespo. O nome era muito longo e na hora de fazer o selo que eles precisavam para desafiar outros clubes. Leandro Ravera Bianchi foi o primeiro presidente do clube, e no momento de fazer o selo na livraria ele decidiu que o clube seria chamado de Argentinos Juniors”.
“Hoje, muitos turistas vêm ao museu do clube e riem porque o nome não faz sentido, pois significa filhos de. É um nome que desorienta, mas que faz sentido. Os fundadores eram anarquistas e socialistas e naqueles dias de 1904, no governo de Julio Argentino Roca, eram perseguidos com todo o peso da lei. Então eles procuraram uma maneira de mostrar sua adesão política de forma disfarçada enquanto continuavam a reivindicá-la. Eles escolheram o nome Argentinos Juniors para reivindicar seu status de nacionais, embora não seja muito anarquista; mas se analisarmos a sigla AAAJ, disseram que em código significava: Adelante Anarquistas Avancemos Juntos” (Adiante Anarquistas, Avancemos Juntos).
“Eles também optaram por chamá-lo de Asociación Atlética e não Club Atlético como a maioria dos clubes porque pensavam que um clube era algo exclusivo, seleto e fechado”. Eles entenderam que estavam formando uma associação entre iguais e aberta à comunidade”, disse González Messina em Abrí la Cancha.
Em diálogo com Carlos Aira, o pesquisador da história do Argentinos Juniors contou a história da cor vermelha da Associação: “O vermelho foi escolhido poucos dias após Alfredo Palacios ter sido eleito representante da Capital Federal. Então, poderíamos dizer que o vermelho é uma homenagem à eleição de Palacios, além de ser a cor dos anarquistas e socialistas. Uma curiosidade é que ao projetar o escudo, uma faixa diagonal branca foi colocada sobre a cor vermelha, sob a forma de solidariedade internacional. Isto significa que, além dos ideais, que é a cor vermelha, o espírito de solidariedade pesou mais”.
Por que o clube foi fundado na Villa Crespo, na área de Cid Campeador, e depois se mudou para La Paternal? “Argentinos Juniors foi uma vítima ou participante do processo de urbanização da cidade. Quando foi fundada, a Villa Crespo era um grande espaço aberto, não era uma área de classe média consolidada como é hoje. Então, de acordo com a urbanização que estava ocorrendo na cidade, o clube era itinerante por vários pastos. Foi só em 1925 que se estabeleceu em La Paternal, construindo seu campo em Punta Arenas e San Martín. Aí se enraizou definitivamente, pois era uma área semelhante aos ideais dos fundadores: um bairro de filhos de imigrantes da classe trabalhadora. Hoje as raízes são tão grandes que todos associam La Paternal com Argentinos Juniors”.
NR/GF/RG
Fonte: https://radiografica.org.ar/2020/04/15/argentinos-juniors-anarquistas-socialistas-y-solidarios/
Tradução > Liberto
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!