Luxemburgo leva 12 crianças. Alemanha levará 50. Isso é tudo o que está sendo feito. Enquanto isso, os portos da Itália e Malta foram declarados como inseguros, para manter os migrantes afastados. E o porto da Líbia foi atingido por bombardeios ao vivo (e, portanto, sendo realmente inseguro), mas pessoas ainda foram levadas de volta para lá. O acesso à água em Moria tem se tornado cada vez mais difícil, fazendo a vida no acampamento, agora fechado, mais difícil a cada dia. A Turquia deixou os migrantes nas cidades costeiras e manteve-os lá por algumas horas para provocar a Grécia, e mais tarde levou-os de volta aos centros de detenção.
Em todas essas situações o Covid-19 é usado como desculpa de um jeito ou de outro. Uma desculpa para negar ajuda às pessoas necessitadas. E em alguns casos, para rotulá-las como armas químicas ativas. Nos noticiários, ouvimos pedidos pela solidariedade, compreensão e paciência. Mas, esperar que os pedidos a um ouvido surdo levem as pessoas que são mantidas nessa ilha para locais seguros, muito pouca solidariedade é vista ou sentida na EU (União Europeia) e na ACNUR (Agência da ONU para Refugiados). É pior que os negócios de sempre. Os governos estão abusando da situação para, na melhor das hipóteses, se abster da responsabilidade pela vida das pessoas, e na pior das hipóteses, usar a retórica para deliberadamente deixar as pessoas morrerem. Mas isso não importa. A perda de vidas fala por si mesma, e a crise do Coronavírus escreve morte nos céus do mediterrâneo central e do mar Egeu.
As tensões em Moria são palatáveis. Na última semana um garoto de 16 anos foi esfaqueado até a morte. Em resposta, uma manifestação foi organizada para exigir melhores condições de vida, segurança e acesso à higiene. Uma greve de fome foi tentada, mas parada pela violência extrema usada pela polícia.
Aqui o Coronavírus também é usado como uma desculpa para manter as pessoas sob condições lamentáveis. A UE deliberadamente decide manter essas situações nesse lugar. Em toda a discussão e debate sobre o futuro, o que tem sido dito sobre o futuro das pessoas que estão presas nessa ilha? Ou em qualquer outra situação similar? Nada está sendo dito sobre isso. Quem sabe quanto tempo essas medidas contra o Coronavírus, que pretendem proteger a vida, vão continuar? Porque aqui nessa ilha, essas medidas servem exatamente para o oposto. Aqui elas causam violência, danos e mortes.
Se enfureça. Organize-se.
No Border Kitchen Lesbos, 16 de abril, 2020
Tradução > Brulego
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agência de notícias anarquistas-ana
A mão que me espera
traça o caminho da volta
abrindo janelas.
Eolo Yberê Libera
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!