Reflexões do berço do paternalismo de estado diante da pandemia de Covid-19
Por Pensadorxs Crotxs | 21/04/2020
Desde o início deste ano, temos lidado com o progresso acelerado de uma nova doença. Em muitos lugares do mundo, a quarentena é imposta com rigor, através das forças da repressão, como principal medida para evitar o contágio. Estamos condenados ao confinamento permanente? À adaptação a uma vida dentro de casa? A uma existência controlada e regulada, como, quando e como fazemos?
Vagamente se fala da origem deste vírus. Suspeita-se que, assim como as que surgiram nos últimos anos, foi gerado em animais, e alguma mutação permitiu o contágio aos humanos. Nada é dito sobre a hormonalização, hipermedicalização e superlotação a que os animais da indústria agroalimentar são submetidos. Sem contar as alterações genéticas e os produtos químicos utilizados para obter uma extraordinária rentabilidade do cultivo da terra.
As formas atuais de produção, consumo e interação com nosso meio ambiente não só são responsáveis por esta pandemia e por tantas outras doenças que já sofremos ou ainda sofremos (câncer, H1N1, SRA, doenças cardiovasculares, entre outras), mas também serão as que garantirão que esta não será a última ou a pior.
Esta é uma chamada para cuidarmos de nós mesmos. O isolamento parece ser até agora a melhor maneira de evitar o contágio, mas ao mesmo tempo parece ser uma medida paliativa, o que só vai atrasar a chegada da morte. É um chamado a abandonar o papel passivo diante de um estado paternal, que afirma saber o que é melhor para nós, quando na realidade administra a doença de nossos ecossistemas, assassina e tortura milhares com suas forças repressivas e mata milhares mais com suas políticas.
Acreditamos fervorosamente que uma mudança urgente é necessária, sem pressa, mas com determinação e constância, pois a mudança que nos é proposta de cima será à custa da nossa liberdade e de muitos outros “males menores”. Talvez este seja um momento para unir forças, para repensar nossas práticas e modos de vida, a partir do pequeno, do cotidiano. O quê e quanto consumimos? Quais são nossas necessidades? Como nos relacionamos com as outras espécies e com o meio ambiente? Que privilégios somos capazes de reconhecer? Quais e quantos deles estamos dispostos a abandonar? Reconhecemos que o que fazemos ou não tem repercussões sobre a dinâmica social?
O Estado é responsável, sim, mas cada um de nós, com nossas ações, legitima e delega nossa responsabilidade, ou resiste, propõe e se torna sujeito ativo.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Por aqui passou
uma traça esfomeada:
livro de receitas.
Francisco Handa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!