45 dias de norte: dois punks brasileiros sem dinheiro pela Europa – dia 39, dia 38 e dia 37

Dia 39 – Vinte e quatro de agosto de dois mil e doze

Não sei dizer se acordei ou parei de tentar fingir que dava pra dormir. Só sei que levantei junto com todos os que vestiriam rubro-negro, de um lado ou de outro[1], e fui pra tenda do Kebele tomar café. Café da mamãe, que tinha morango, cereais e todas as coisas que dona Célia adora. Comemos e corremos pro campo, e o FC Vova já estava todo lá, trocadinho, mesmo os mais bêbados ligados e fazendo um bobinho. Brinquei que era um absurdo eles estarem se aquecendo e que aquilo era uma desonra pra história do Vova, pra tirar um pouco o peso, e fui junto com os outros do Auto me trocar no vestiário.

Voltamos e o jogo já estava um pouco atrasado. Aos poucos os que iriam completar nosso quadro foram chegando, menos Téo, do Pelada da Esquerda, que chegara no aeroporto de Bristol 8h15 e ainda estava no caminho. Alinhamos com Ted, do Republica Internationale, time de York, Inglaterra, improvisado no gol; Allan, Qaz improvisado, Piva e Jack Kelly, nosso ala-esquerda cowboy rápido e habilidoso; Mandioca, Paulo Júnior, Gabriel e Phil, o Fat Gerrard; Valdívia e Clasher. Éramos 11 contados, sem reserva nenhum. O juiz chamou os capitães, Paulius e eu, e perguntou se já nos conhecíamos. Dissemos que na verdade éramos marido e marido e demos um selinho. Tiramos o cara ou coroa e a bola, além da incumbência de bandeirar o jogo seguinte, ficou conosco.

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Dia 38 – A vida é um sorteio – e muitas viagens

Dormi num colchão horrível, puta merda. Dava pra sentir as molas no corpo, tava pior que chão de barraca. Acordamos com os lituanos sem noção ouvindo street punk bem alto. Falei pro Paulius se tocar e fui tomar banho, no quarto do Michael que é onde tem banheiro. Ele tava puto, perguntando que porra era aquela, e eu disse que também achava desrespeito. Entrei no banheiro e quando saí ele tinha ligado música no quarto dele pra tentar dormir.

Desci e a música agora era crust. Afternoon Gentleman[1], eles disseram. Gostei, do nome e do som. Terminei de arrumar minha mala e percebi que perdi minha escova de dente. Terei que comprar outra em algum canto. Depois de muita enrolação, saímos do squat e andamos até a estação de trem pra pegar a linha até Victoria, de onde sairia nosso Megabus pra Bristol. Tava difícil de entrar sem pagar, então alguns compraram ticket e o resto entrou atrás. O trem chegou rápido em Victoria, e o clima era um tanto festivo por estar finalmente chegando a hora do campeonato. Dentro do Megabus a coisa não mudou muito, e sentamos Mari, Natália, Allan e eu no mesmo banco de quatro lugares com uma mesinha no meio. Do meio pro fim da viagem dormimos um pouco.

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Dia 37 – Rê, rolê turista em Camden Town e invasão lituana no squat

Acordei com o rap francês dos lituanos. Allan foi abrir os olhos e o colchão dele, que durante a noite deu uma andada, se mexeu em direção ao chão, obrigando ele a dar um ollie no colchão pra não se estatelar e me fazendo cair na risada. Enviei uma SMS pra Rê e marquei de encontrar ela na saída de Camden Town. Saímos do quarto e trombamos o Gabriel, que convidamos pra ir conosco. Lembrei de fazer um flyer pra anunciar a Copa América Alternativa de 2013 em inglês durante o campeonato, então sentei no computador e usei minha habilidade de Word-Artist pra isso, hehe. Em 10 minutos ficou pronto e saímos.

Nos 40 minutos de caminhada até o metrô, paramos num internet café pra imprimir os flyers. Era 10 cents cada folha, perguntei pro Gabriel quanto daria 500 folhas e ele disse 5 libras. Sem pensar, mandei fazer, e no final descobri que não ia sair cinco, ia sair CINQUENTA libras, que com desconto ficou pela bagatela de quarenta. Mil flyers por 40 libras, caro pra caralho em termos brasileiros. Mas já foi, e pelo menos trocamos uma idéia com o maluco do xerox que se interessou pelo assunto.

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soprando esse bambu
só tiro
o que lhe deu o vento

Paulo Leminski