[Espanha] Revolução ecosocial

Desde o grupo Higinio Carrocera pomos em marcha este blog com o objetivo de refletir sobre o processo revolucionário que, entendemos, se abre ante o já evidente colapso do capitalismo e do Estado-Nação. A pandemia da Covid-19, de nefastas consequências para toda a humanidade, se somam os fenômenos migratórios, a mudança climática e a crise política, econômica e social em todo o mundo, com explosões de classe em muitos países. É muito provável que após o colapso venha o confronto entre os restos do poder econômico e dos Estados, que se blindarão com um modelo ecofascista para manter seus privilégios e monopolizar os recursos de todos, cada vez mais escassos graças a seu modelo econômico depredador. Do resultado desse choque de forças pode vir uma transição ecosocial baseada no decrescimento e preparar a sociedade para a autogestão, o apoio mútuo e o federalismo, quer dizer, a anarquia, em harmonia com a natureza e com um modelo radicalmente distinto do atual, que garanta a viabilidade do planeta e a convivência pacífica dos seres vivos.

Desde o decrescimento até o anarquismo

Cremos que a revolução que vem há de ser ecosocial. E isso porque o colapso atual nos abre o caminho, através do decrescimento, para uma sociedade anárquica, onde a autogestão, o apoio mútuo e o federalismo podem servir de base para um mundo onde se recupere o sentido de humanidade, em harmonia com a natureza frente aos valores do poder, do dinheiro e do mercado, que nos trouxeram a este beco sem saída.

O colapso (mudança climática, pandemias, crises econômica e social…) está começando. Os donos do poder econômico, militar e político são também conscientes disso e sabem que seu modelo estourará. Para blindar seus privilégios e interesses já estão construindo o que se denomina o ecofascismo, frente ao qual não caberá outra solução que não um confronto, uma revolução para impedir que se perpetue um sistema que está destruindo a vida neste planeta e que chega até os limites da biosfera.

Após a revolução, se esta finalmente sair vitoriosa, chegará a transição para o novo modelo social. Será lenta e difícil (suporá uma mudança radical na mentalidade das pessoas) e terá que basear-se no decrescimento, no fim do sistema patriarcal, no abandono paulatino das cidades, no fim do desperdício e do consumismo irracional, na busca de vidas mais austeras e de comunidades mais simples… Definitivamente, suporá um desaparecimento programado da sociedade do crescimento que nos obrigará a renunciar a nosso modo de vida. O decrescimento é uma necessidade, não um princípio nem um ideal, é uma fase na qual se põe fim ao objetivo insensato do crescimento pelo crescimento. Para isso há que abandonar a economia capitalista.

É certo que muitas pessoas, de maneira individual, escolheram uma ética pessoal diferente e a praticam em seu dia a dia. No entanto, ainda que seu exemplo possa servir de modelo para outras pessoas, não questionam radicalmente o sistema, e sem esse questionamento estrutural, a mudança será um remendo.

Entendemos que o anarquismo busca perfeitamente o novo modelo que superará o capitalismo e o Estado-Nação, a partir de uma sociedade auto-organizada e cooperativa, ou como diz Latouche: onde “o altruísmo se anteponha ao egoísmo, a cooperação à competência desenfreada, o prazer do ócio à obsessão pelo trabalho, a importância da vida social ao consumo ilimitado, o gosto pelo trabalho bem-feito à eficiência produtiva e o razoável ao racional”.

Com esta abordagem inicial queremos começar, abrir o debate e encher de conteúdo este blog, enriquecendo-o com artigos e propostas que vão se configurando, tanto a análise deste processo para a revolução ecosocial e o decrescimento como o da nova sociedade que terá que vir depois da transição ecosocial.

Saúde e adiante!

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Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

zunir da cigarra…
no instante da pausa
o silêncio ecoa

Gustavo Terra