Ele era uma montanha, não por ser particularmente alto, mas por causa de sua postura, do orgulho que emanava, de seus longos cabelos pretos, soltos ou amarrados em uma cauda, o que o fazia parecer um guerreiro Apache: talvez por isso ele tivesse ganho o apelido de Cocis.
Como muitos camaradas em Carrara, ele veio do ambiente de adeptos ultracaroneses dos anos 70 e 80 e seu ser anarquista havia amadurecido naquele ambiente onde a aversão à ordem e seus guardiões, a solidariedade e a camaradagem assumiam significados práticos muito difíceis de aprender em algum círculo intelectual ou no facebook.
Claro que mesmo a sua dialética não era tão adequada para um círculo de intelectuais, mas ele era bem capaz de se expressar para aqueles que queriam ouvi-lo, ele era uma pessoa inteligente e muitas vezes conseguia captar aspectos que outros não conseguiam.
Eu tinha que conhecê-lo durante minhas visitas a Carrara, então quando me mudei para lá começamos a sair mais, para nos conhecermos melhor: Na morte de Alfonso Nicolazzi estava entre os primeiros a vir ajudar na gráfica e depois entre os poucos que continuaram a fazê-lo ao longo dos anos, todas as quartas-feiras, pontualmente às 8h30 da manhã ele chegava e começava a colar etiquetas e carimbar envelopes para a expedição do [jornal] Umanità Nova, semana após semana, ano após ano, pelo menos enquanto estivesse em Carrara, e são muitas expedições, são muitas etiquetas, é muita militância, sem contar as iniciativas, as festas, o Primeiro de Maio, os vários trabalhos para o movimento dos quais ele sempre participou ativamente.
No Primeiro de Maio a coroa do monumento a Meschi foi ele que usou, não tanto porque era o mais importante, mas porque era o mais distante e, portanto, o mais pesado de se vestir… Quem veio a Carrara no Primeiro de Maio vai se lembrar dele. Ultimamente frequentava e mantinha o clube Fiaschi aberto. Cocis partiu no dia 12 de maio por causa de um tumor.
Stefano era um “bom”, não sei mais como defini-lo, sempre pronto para ouvir e ajudar os outros, nunca o ouvi reclamar; anos atrás ele tinha adoecido com uma úlcera perfurante e tinha que parar de beber e mudar seus hábitos alimentares. Fui visitá-lo no hospital e ele me tranquilizou imediatamente. Mesmo a última vez que o vi, há alguns meses atrás, ele já tinha ido e voltado ao hospital algumas vezes e já tinha metástase em todos os lugares, mas ele queria me tranquilizar dizendo que sim, ele tinha estado doente, mas que já estava melhor e que logo iria se recuperar. Infelizmente, eu já sabia que não seria assim… Eu nunca o ouvi reclamar. Ciao, Ste’.
dielle
Fonte: https://umanitanova.org/?p=12182
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Joaninha caminha
no braço da menina.
Olhar encantado.
Renata Paccola
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!