[Espanha] Os fascistas saem à rua. A esquerda estuda o problema.

Por Acratosaurio Rex | 20/05/2020

Os bizarros protestos dos fascistas de direita, exigindo liberdade e o fim do confinamento ao qual o governo nos submete para nosso próprio bem, não terão passado despercebidos. Os comentários à esquerda os rotulam como ricos, irresponsáveis e egoístas.

Bem, claro, os ricos estão aproveitando os erros do governo para fazer barulho e fazer exigências. Nenhuma pessoa rica é deixada para trás neste protesto e reivindicação.

A questão é que o governo, à esquerda, comete erros. O terceiro vice-presidente de assuntos sociais, em entrevista ontem, admitiu que, diante da pandemia, eles tinham agido tarde, e que isso tinha acontecido com todos os governos (bobos). Ele acrescentou que, quando agiram (tarde), tomaram as medidas mais restritivas da Europa (para compensar o atraso) [1].

E os levaram, sem compaixão, deixando seus traseiros no ar, antes de tudo as famílias dos trabalhadores submersos. O que no jargão eles chamam as classes educadas de “o lúmpen”.

Imediatamente, diariamente, esses dez milhões de pessoas deixaram de ter comida em menos de uma semana. E eles foram privados da possibilidade de sair para as ruas para ganhar a vida. Um desastre. Quem é o responsável? É claro, o governo. Também rico, irresponsável e egoísta.

E quem deu uma resposta imediata a esse ultraje? Foram os voluntários e alguns outros, que se apresentaram para pedir doações e alimentos através de grupos de apoio mútuo que surgiram em todos os lugares. Foram eles que impediram que a pandemia se tornasse uma fome; que trouxeram comida para os idosos que nem sequer podiam sair de casa; que tranquilizaram e acompanharam (e não infectaram) os idosos que estão morrendo de medo. E o fizeram ralando braços e joelhos, subindo escadas, recolhendo alimentos por toda parte, pedindo para comerciantes e pessoas que saem das lojas para deixar arroz, grão-de-bico, óleo, máscaras de costura… Pessoas de organizações de bairro, paróquias, organizações de trabalhadores, grupos de apoio, aquelas pessoas que se ajudam e evitam o descalabro, não devem nada ao governo.

Suponhamos que em poucos meses, à medida que a crise se instala, as contradições se agudizam e as necessidades básicas aumentam, há uma explosão e aquele lúmpen que come (horror) todos os dias, sai às ruas, como só ele sabe fazer em momentos heroicos, montando barricadas, queimando carros, ocupando espaços, assaltando supermercados. Nós sabemos qual será a resposta do governo, neste caso da esquerda: repressão. E nós anarquistas também sabemos qual será a explicação da esquerda: que as manifestações são feitas ou por fascistas e ricos, ou por um lúmpen que é pago e movido pelos fascistas. Dirão qualquer coisa para se justificar e para se manter no poder. E os fãs dos diversos partidos tentarão silenciar a dissidência com insultos e desqualificações, lembrar-se-ão dos panelaços no bairro de Salamanca, e procurarão com afinco a faceta, a bandeira fascista para mostrar, sem sombra de dúvida, que devem continuar a governar.

Anarquistas, ainda há muito campo para arar.

NOTA

[1] https://www.20minutos.es/noticia/4260702/0/iglesias-admite-que-no-fueron-capaces-de-dimensionar-la-crisis-y-le-hubiera-gustado-haber-actuado-antes/

Fonte: http://alasbarricadas.org/noticias/node/43821

Tradução > Liberto

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