Além do Curdistão iraquiano, Turquia também ordena bombardeios em Rojava (Curdistão sírio)

Sexta-feira, 19 de junho de 2020

As forças de ocupação, apoiadas pelo Estado turco, bombardearam aldeias no distrito de Sherawa, no cantão curdo de Afrin e no centro do distrito de Til Rifat, no norte da Síria.

A agência de notícia ANF revelou que as forças pró-turcas bombardearam os povoados de Ziyaret, Aqibe y Bene, em Sherawa. O ataque de artilharia teve como objetivo os assentamentos civis e provocou diversos incêndios nas terras cultivadas.

Os mercenários pagos pela Turquia também atacaram o centro do distrito de Til Rifat.

O Estado turco está bombardeando sistematicamente o território da Administração Autônoma do Norte e do Leste (AANES). As forças de ocupação atacaram as terras agrícolas cultivadas, a principal fonte de sobrevivência da população local.

Em 16 de junho, foram bombardeados os povoados de Arida e Xirbetbeger, em Gire Spi (Tal Abyad), zona ocupada por grupos dependentes do Estado turco. Um dia antes, a cidade de Til Rifat, no cantão de Sehba, foi atacada com morteiros e mísseis. Em 14 de junho, os bombardeios caíram sobre os povoados de Um El-Xêr e Til Leben, a sudoeste de Til Temir (Tal Tamr). Em 13 de junho os ataques de artilharia foram apontados contra os povoados de Dibis, a oeste de Ain Issa. Três dias antes, as forças turcas atearam fogo às terras cultivadas dos povoados de Qasimiyê, Rêhaniyê y Raşidiyê, a noroeste de Til Temir.

Ao menos 10.000 hectares de terra cultivada com trigo e cevada e 36 hectares de olivas se converteram em cinzas como resultados dos incêndios iniciados por grupos pró-turcos, desde 1° de maio até 3 de junho.

Também se revelou que os jihadistas financiados pela Turquia invadiram a aldeia de Dibisa, localizada na estrada M4, com dezenas de veículos blindados e saquearam as casas. Em outro povoado próximo, Amiriyê, as forças de ocupação construíram uma base militar.

Ainda esta semana foi revelado que Qeys Kinco, um residente de Afrin sequestrado por mercenários turcos, foi encontrado morto num campo próximo à cidade de Aza. Segundo as informações divulgadas, o homem foi torturado até a morte.

Em 23 de abril, os invasores sequestraram Sheikh Inezan, uma figura proeminente da tribo Neim, que é uma das mais importantes na região. Em 4 de abril, três civis foram raptados e logo executados na área entre as aldeias de Kopirlik e Evdokoy. No mesmo dia, um civil chamado Sileman Bekre foi sequestrado pelos mercenários de Afrin.

Em 9 de junho, oito civis foram sequestrados na aldeia de Raco, em Mabata, por mercenários de Jabhat al-Shamiyah (Levant Front), que pediram resgate em troca da liberação dos reféns. Contudo, a jovem curda Malak Nabih Khalil, de 16 anos, foi sequestrada pelos mercenários – financiados pela Turquia – da Divisão Sultan Murad em 23 de maio. Seu corpo sem vida foi encontrado próximo ao povoado de Firiziya, na região de Aza no dia 5 de junho. Em 11 de junho o cadáver de um homem curdo de 80 anos chamado Aref Abdo Khalil, também conhecido como Aref Khatouneh, foi encontrado nas redondezas do lago Maidanki.

Afrin tem estado sob ocupação do Estado turco e de seus aliados mercenários por mais de dois anos. Os ataques contra o cantão curdo começaram em 20 de janeiro de 2018 e a invasão da cidade deu-se em 18 de março do mesmo ano. Desde essa data diversos crimes de guerra têm sido cometidos sistematicamente. Quase todos os dias ocorrem delitos como confisco de bens da população local, sequestro de civis para subsequente pedido de resgate, torturas e execuções.

As forças de ocupação usam os sequestros para extorquir as populações locais, um método que se converteu numa rentável fonte de lucros. Até agora, foram reportados ao menos 500 casos de transferência de dinheiro para resgates. As milícias financiadas pela Turquia exigem um equivalente em 3.000 e 100.000 euros, a depender das condições financeiras dos familiares da vítima.

Ao fim de maio, circularam vídeos nas redes sociais onde se mostrava a evacuação de mulheres prisioneiras, sequestradas e encarceradas, encontrada num campo de prisioneiros do grupo pró-turco Furgat Al Hamza. Várias mulheres curdas, muitas delas yazidis, foram sequestradas após a invasão da cidade pelo exército turco, na primavera de 2018, e muitas ainda estão em prisões jihadistas sendo torturadas e abusadas sexualmente.

Por sua parte, as Forças de Libertação de Afrin (HRE) informaram que oito mercenários e um soldado do exército turco foram abatidos em diferentes ações da resistência.

As HRE emitiram um comunicado no qual detalharam além dos mercenários e dos soldados abatidos, seis jihadistas foram feridos nas operações em Afrin, Sherawa e Azaz, nos dias 12, 13 e 15 de junho, respectivamente.

Fonte: http://kurdistanamericalatina.org/turquia-tambien-ordena-bombardear-el-kurdistan-sirio/

Tradução > AnarcoSSA

agência de notícias anarquistas-ana

Lua de inverno –
No ermo  do cerrado
Um uivo solitário

Carlos Viegas