Declaração de “Wir besetzen Dresden”, “LEIPZIGBESETZEN” e “#besetzen” sobre Rigaer 94 e a ameaça de uma onda de despejo em Berlim (e além de suas fronteiras).
“Não temos nada a perder, além do próximo aumento no aluguel” estava escrito nos primeiros cartazes da “Spring of Occupations” (“Primavera das Okupações”) em 2018. Com o despejo parcial de Rigaer94 e a ameaça de despejo de muitos espaços autogestionados em Berlim, temos que corrigir isso: Não temos apenas espaços a perder, mas toda uma ideia. Como “#besetzen”, “LEIPZIG BESETZEN” e “Wir Besetzen Dresden” nós, portanto, declaramos nossa solidariedade com todos os projetos ameaçados e aqueles que lutam pela preservação de seus espaços e contra sua substituição pela cidade dos ricos.
As ameaças de despejo contra os Syndikat, Potse, Meuterei (Mutiny) e Liebig34 e o despejo parcial de Rigaer94 em 9 de julho não são casos isolados. Além dos despejos forçados diários de apartamentos individuais, nos últimos anos todas as okupações sob o nome de #besetzen, assim como tantas okupações em Berlim que as antecederam, também foram despejadas. A situação não foi diferente em outros lugares da Alemanha: Seja o Putzi em Dresden, nos Dias de Okupação em Freiburg ou os despejos atuais das barricadas na Floresta Hambacher (Hambi).
Nunca confie em um Estado
Exemplos em Berlim, como os despejos por instituições estatais – no caso da Dragoner Areals (Dragoon site), o BIM, no qual Borni é uma propriedade estatal da Stadt & Land (City & Land) , ou pelo distrito no caso do centro de juventude Potse/Drugstore – ou no despejo do Sabot Garden em tempos que há supostamente uma moratória nos despejos, repetidamente deixaram claro que não há nada a ser ganho com as palavras deste senado. Para os defensores do capital não é tolerável que uma pessoa tenha 2m² em uma esquina escura embaixo de uma ponte para montar uma barraca ou um colchão. Estas pessoas também devem ser despejadas para que até aqueles nas condições mais precárias de moradia saibam que o princípio da propriedade privada é mais importante do que a dignidade humana, mesmo se ela for propriedade do Estado.
O objetivo do poder estatal não é apenas eliminar os espaços autônomos e auto-organizados, mas também a ideia de autogestão como um todo. Devido os despejos, sempre há dúvidas sobre a prática de okupações, mas as experiências dos últimos anos deixaram claro que espaços autônomos e autogestionados valem a pena. São as reuniões empolgadas nos espaços okupados, o poder criativo que é liberado ali, as pessoas que não querem ir para casa. Nós carinhosamente lembramos as centenas de pessoas que demonstraram solidariedade espontaneamente durante a okupação de Wrangelstraße, as horas passadas em Putzi ou os Dias de Okupação em Freiburg
É sobre um movimento todo
Sejam centros, pubs, casas ou pontos de informação – o que esses lugares têm em comum é que, nos momentos em que todo aspecto de nossas vidas são cada vez mais regulados e controlados no coração da fera, eles são autogeridos, organizam suas operações ou vivem coletivamente. Portanto, não são apenas esses espaços, mas também uma coexistência diferente, que surge através da coletividade e autogestão, que foi realizada aqui. Essa luta por autonomia e autogestão é na maioria das vezes composta pelas coisas cotidianas e comuns de outra coexistência – a distribuição justa de trabalho reprodutivo, os plenários difíceis, o desaprender das maneiras discriminatórias de pensar e a solidariedade uns com os outros. No entanto, sempre há pontos de cristalização nessa luta, momento nos quais o combate não concentra na criação de outras condições sociais, mas unicamente em se defender contra os interesses do capital e seu Estado reivindicador. Em 2007, por exemplo, o despejo de Kopi foi cancelado em pouco tempo após a ameaça de despejo ser seguida de semanas de ação militante. O futuro de Yorckstrasse59 está seguro em 2009 com a nova okupação de NewYorck59. Projetos, tais como Liebig34 e Rigaer94 não existiriam hoje se não fosse a resistência militante durante o despejo da Mainzer Strasse, que levou a uma reviravolta na política da época e possibilitou a legalização de outras casas. Mas a história da Mainzer Strasse também mostra, que acima de tudo, não se trata de espaços individuais, nem dos coletivos que os administram e se organizam lá. É sobre um movimento, suas ideias e as lutas por essas ideias.
Vamos tomar as ruas juntos em 1º de agosto – pela Syndi, Meute, Liebig34, Potse, Rigaer94, por todos nós, por uma Berlim diferente e um amanhã melhor. Por um verão quente!
Venha para Berlim para o início de um despejo brutal!
DIA X // 21h00 // Manifestação espontânea (Berlim)
01 de Agosto// 20h00 // Herrfurthplatz (Neukölln) (Berlim)
07 de Agosto // 9h00 // Evitar o despejo do Sindicato (Berlim)
Início de setembro // Dias de ação em Liebig34 (Berlim)
Tradução > Brulego
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!