Diante do Inimigo: Indomáveis!!!
Sentimos desde a sexta-feira passada, 24 de julho, o encarceramento de dois anarquistas: Mônica Caballero e Francisco Solar, conhecidos ácratas inimigos do Estado e da dominação. Passaram anos detidos primeiro no Chile pelo Caso Bombas, e logo na Espanha, mais de 4 anos sequestrados acusados de atacar uma basílica, uma igreja católica. E hoje, eles são sequestrados novamente pelo Estado chileno acusados de mandar dois pacotes explosivos, um contra uma delegacia policial famosa por protagonizar repressões e o outro contra o ex-Ministro do Interior Rodrigo Hinzpeter, velho repressor e mandante de sentar a bala desde sua escrivania, o que alguns chamariam de autor intelectual dos crimes do Estado chileno. Também são acusados de serem responsáveis por dois artefatos explosivos deixados no prédio de uma empresa imobiliária de luxo, a Tánica.
Longe das lógicas punitivas, não existe um chamado pela inocência dos compas, eles não são nem inocentes nem culpados. São parte daqueles que estão do outro lado da máquina de dominação e da sociedade que a sustenta, são daqueles que já demonstraram que não negociam com a repressão quando ela bate nas suas portas, daqueles que gritam morte ao Estado e que viva a anarquia na cara mesmo dos juízes. Não se reconhece o poder da democracia nem das suas redes de dominação sobre as ações dos compas nem sobre o caráter “supostamente criminoso” das ações das quais eles são acusados. O chamado é a propagação da hostilidade como ação solidária com todos os que lutam e mediante a ação, à solidariedade que propaga a ação que ofende a normalidade imposta, porque esses atos solidários também expandem a sedição anárquica contra a dominação.
Não é nenhuma novidade que o Estado mata e tortura usando para isso não apenas políticas de morte, mas, sobretudo o braço armado das forças da ordem, ou seja, todas suas polícias, que são sempre desprezíveis.
Já o papel da igreja nesta vida miserável é fundamental, a igreja é a produtora espiritual de dominadores sem culpa e dominados conformados. A igreja, seja qual for, é uma das maiores cúmplices da manutenção da ordem doentia da democracia e da exploração do trabalho, provocando nas pessoas a doença da inferioridade e da entrega da vida e das decisões em mãos de um inexistente fetiche. Mas pouco parecem se preocupar com os milhões de pessoas que perdem sua liberdade de agir e pensar, dominados por algum pastor ou padre.
Deste lado da cordilheira, o cenário não é muito diferente. De polícia assassina e mutiladora sabemos bem, da vida condenada a miséria também, e do papel das mais diversas igrejas na multiplicação de dominados conformados e dominadores sem culpa sabemos ainda mais.
Alguns elegemos manter acesa a raiva contra isso tudo, cientes de que a passividade apenas fortalece os que dominam, cientes de que para que o dominador triunfe é fundamental a cumplicidade de todos. Em tempos em que muito se fala contra o fascismo e frases como “com o fascismo não se discute, se combate” são repetidas, escolhemos que as ações falem, e isto vale mais do que centenas de palavras encerradas na normalidade das redes sociais, o novo curral da liberdade de expressão.
Por isso escolhemos o dia em que o tirano que nos impuseram passeava na região para não colaborar com a imagem de gado submisso que desejam lhe apresentar.
Esperar que essa dominação acabe pelo esgotamento dos tiranos? Esperar que um novo líder mude algo? É preciso tomar nossas vidas em nossas mãos e para isso é imprescindível morder nosso algoz. Ao final toda ação violenta é válida e está justificada por séculos de dominação.
Todo pequeno ato, simples como juntar uns pneus, iluminá-los com um pouco de gasolina, mudam a normalidade de um dia qualquer, provocam outros inconformados, e colaboram com a solidariedade combativa.
Que estas labaredas aqueçam e tragam ânimo aos anarquistas que na Itália, Rússia, Indonésia, Espanha, França, Bielorrússia, Chile… enfrentam os gélidos ventos repressivos.
Que o fogo das barricadas aqueça o frio do amanhecer.
Nas faixas podia se ler: “Diante do inimigo: Indomáveis! Força Monica e Francisco!” e na outra “Contra toda autoridade! Que viva a anarquia!”.
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