Segunda-feira, 10 de agosto de 2020
Ontem a sociedade bielorrussa acordou de um longo sono. Um sonho em que fomos mantidos nos últimos 26 anos. Um sonho de que uma ditadura pode libertar as pessoas. Estas mentiras, que ainda estão sendo difundidas a partir de canais estatais e de algumas plataformas online, dificilmente vão encontrar qualquer lugar no coração das pessoas.
Ontem à noite despertou o que nos faltava nos últimos anos — fé na força coletiva. Fé na transformação apesar dos riscos. E esta força apareceu não só nas ruas principais da capital, mas também em muitas pequenas cidades do país, onde as forças policiais da OMON (Unidade Móvel de Propósitos Especiais, polícia russa anti-motim que se manteve na Bielorrússia após o colapso da União Soviética) fugiram com medo dos manifestantes. Fotos e vídeos de inúmeros confrontos com unidades policiais especiais finalmente quebraram o mito de bielorrussos tranquilos rezando pela paz e de que não estão prontos para correr riscos.
Lukashenko e toda a vertical do poder ficaram horrorizados com a energia libertada nas ruas do país. Caso contrário, é impossível explicar o fato de que em apenas algumas horas de protestos, a OMON e tropas internas passaram de simples detenções para uma guerra em grande escala contra a população usando balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água. Em muitas cidades, a polícia perdeu completamente o controle das ruas.
Ontem, muito sangue da população trabalhadora comum do país foi derramado. Muitos viram uma caravana da polícia atropelando uma multidão de manifestantes em alta velocidade. Uma das pessoas atropeladas morreu no hospital. Várias pessoas ainda estão sob cuidados intensivos. Dezenas de pessoas estão hospitalizadas.
Muitos já estão se preparando para a próxima ronda de confrontos. Aqueles e aquelas que ainda têm acesso à Internet estão aprendendo a fazer cocktails molotov, a construir barricadas e estão procurando as áreas mais vulneráveis dos cosmonautas. Não estamos assistindo vídeos de gatinhos, estamos assistindo vídeos que nos dizem como ficar acorrentados e manter a linha durante os confrontos com a polícia. Vamos para os terrenos baldios para aprender a atirar pedras. O regime bielorrusso fez de nós revolucionários! Foi Lukashenko quem criou uma situação em que não há como voltar atrás. Não há mais estabilidade venenosa para a qual se possa voltar. O que vimos e o que vivemos não se perderá mais.
A responsabilidade pelo sangue derramado recai inteiramente sobre os ombros da ditadura. Lukashenko não está pronto para sair sem sangue e vamos mostrar que não são só as pessoas simples que podem sangrar. Hoje, tomaremos as ruas às 19h00 e estaremos ombro a ombro contra a ditadura e pela democracia direta. Por uma sociedade em que ditadores e exploradores não têm lugar. Hoje vamos continuar a nossa rebelião por um mundo sem uma ditadura bielorrussa!
Vemo-nos nas ruas das cidades! Vemo-nos nas barricadas!
Fonte: https://pramen.io/en/2020/08/there-s-no-going-back/
Tradução > Ananás
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agência de notícias anarquistas-ana
A pedra
nada pergunta ao rio
sobre água e tempo.
Yeda Prates Bernis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!