´Con un horizonte abierto que siempre está más allá, y esa fuerza para buscarlo con tesón y voluntad. Cuando parece más cerca, es cuando se aleja más. Yo tengo tantos hermanos, que nos los puedo contar.´
Uma vez mais as notícias mais desagradáveis se sucederam, aquelas que não são alheias aos entornos anarquistas e que remetem a invasões e detenções. E uma vez mais, se referiram a Mónica Caballero e Francisco Solar, assinalados e vinculados de novo pelo Estado a uma série de ataques explosivos contra dependências de Carabineiros e ao ex-Ministro do Interior Rodrigo Hinzpeter. Os muros de uma infame prisão chilena envolvem os companheires, esses que já tocaram durante o encarceramento no Caso Bombas, esses que não se diferenciavam tanto daqueles que os prenderam durante seus anos de cativeiro nas jaulas do Estado espanhol e esses mesmos que em todo o globo distribuem castigos e focam em esmagar a rebelião à autoridade, mas que em seu caso, em seu constante percurso anárquico, fracassaram da forma mais bela.
Esta consecução de palavras tecidas entre si são infinitamente curtas para abarcar essa revolta de sensações que nos sacode quando um dos nossos é capturado e que não podem ser inofensivamente digeridas, nem passivamente esquecidas. Ali onde não alcançam as palavras, podem se mostrar os gestos, as iniciativas, a solidariedade em todas as suas formas, reafirmando os vínculos nos momentos mais complicados, onde outros mais superficiais ou baseados no puro interesse, se despedaçariam. E isto diz algo daquilo que perseguimos, daquilo que somos e da forma que temos de nos lançar ao mundo desde o caminho do anarquista.
Para nós que confrontamos a dominação, o relato do poder nunca falará por nós. Tanto a culpabilidade como a inocência pertencem àqueles que exercem ou perdoam os castigos. Desde nossa práxis destrutiva com o carcerário e as dinâmicas autoritárias, só podemos desprezar cada categorização com as quais o inimigo trata de nos definir, desvirtuar e separar, seja como culpados, líderes ou presos. Preferimos falar de companheirismo, de luta, de ofensiva, de solidariedade, dessas práticas que se entrelaçam entre si obscurecendo os contornos que limitam onde acaba uma e começa a outra. Por isso, para nós, o interessante, a resposta, a proposta, sempre passará por uma questão tão básica como elementar, intensificar a luta e expandir a solidariedade mais além do imediatismo. É assim como umas palavras de solidariedade se transformam em agitação e como o carinho e a cumplicidade para com os nossos buscam as formas de devolver cada golpe e mais.
Conhecemos a firmeza de suas convicções e nela encontrarão a força para enfrentar este novo embate judicial policial, privando do prazer a repressão de curvar-se ante sua chantagem e inventando as maneiras de continuar com suas colaborações contra a máquina do Capital. Para eles e para cada anarquista antiautoritário subversivo que se encontram pisando os buracos carcerários, todo nosso amor, solidariedade e companheirismo nesses trechos do caminho que percorreremos desde diferentes lados mas perseguindo o mesmo objetivo da liberação total.
Quantas vezes ao longo da história o poder tentou enfraquecer os impulsos dos revolucionários a golpes de assassinatos, tortura ou de cárcere e quantas vezes foram frustradas todas as suas intenções. Não será diferente desta vez. Que suas retorcidas táticas não encontrem terreno fértil em nossos entornos, que nossas palavras se afiem, nossos punhos se cerrem e nossas práticas se fortaleçam. A obediência não é para nós.
Calor e força para os anarquistas antiautoritários presos.
Fogo aos cárceres. Liberdade para todos.
Algumas anarquistas.
Barcelona, 24 de agosto, 2020.
Tradução > Sol de Abril
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