Cartazes espalhados em Porto Alegre (RS) durante a Semana de Agitação pelos Anarquistas Presxs, de 23 a 30 de agosto de 2020.
Porque vivemos na contradição de perder a liberdade lutando por ela
Diante do inimigo, no nosso dia a dia, no nosso agir solidário, na construção de nossas cumplicidades e afinidades, na escolha entre gritar “morte ao estado e que viva a anarquia” e calar… vamos marcando nosso passo pelo mundo. Somos o peso de nossas decisões, e vivemos na contradição de perder a liberdade lutando por ela.
Cada companheiro e companheira sobre quem cai uma condenação e não se rende nem recua, marca no seu passo pelas prisões a determinação anárquica e a luta cotidiana de se manter dignos diante do inimigo. Fora, xs anarquistas não deixam nenhum guerreiro só. Nessa interação que pretende quebrar o isolamento carcerário, recuperamos algumas das palavras dos próprios companheiros para fazê-las ecoar nas ruas.
Na tirania do encerro globalizado, a rua é um dos espaços onde o conflito permanece, onde as regras são quebradas, onde o ataque acontece, onde as revoltas são possíveis… Eis a importância de invadir seus muros com as palavras daqueles que lutam contra toda forma de dominação, com elas abrimos as portas para sair do encerro mental encurralado na lógica estatal e no consolo virtual, formas de poder engrenadas entre si.
A Semana de Agitação pelos Anarquistas Presxs, inaugurada na década de 1920, nas agitações mundiais contra o assassinato de Sacco e Vanzetti, é o momento da vigência da solidariedade combativa: Através de diversos acenos que piscam em vários lugares, reafirmamos nossa cumplicidade na conspiração anárquica contra a dominação, nossa mão terna para os compas e o punho fechado para os inimigos.
Semana de Agitação pelos Anarquistas Presxs 2020
Palavras dos compas nos cartazes:
“O dia que não exista um só indivíduo (e não falo de lendas místicas) capaz de resistir a mega-máquina autoritária, a liberdade de todxs haverá morto… Somente seremos apêndices de um sistema que gera apenas alienação perturbada.” – Gabriel Pombo Da Silva.
“Sabemos que a simples existência do Estado nos localiza em uma situação de opressão, situação que é necessário combater e atacar se se têm por horizonte a liberdade. Não pode ser de outro modo. E é nessa opção de atacar onde vamos encontrando verdadeiros momentos de liberdade” – Francisco Solar
“É inegável que cada experiência de procura da liberdade vale a pena. Se fazer cargo da própria existência com todas suas vitórias, derrotas, alegrias e penas, é a experiência impagável que aquele que vive submetido nunca poderá conhecer. Não se trata de se perguntar se valeu a pena tentar fugir, pensar assim me condenaria a ser um eterno perdedor. O primeiro passo de toda ação é o mais valioso, aquele que sempre será um ganho.” – Joaquín Garcia.
“A dor é momentânea, o orgulho é para sempre” – Mônica Caballero,
“Um escravo pode se transformar num rebelde, um só homem, uma só mulher, podem se transformar num incêndio devastador da ordem que se deseja abater, que é a civilização, a qual dia a dia destrói tudo aquilo pelo que vale a pena viver.” – Alfredo Cóspito
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!