10, 100, milhares de ocupações | Um ano de resistência contra o terrorismo de Estado
Hoje (26/08) marca um ano desde que os homens armados encapuzados de Crisochoidis invadiram a ocupação de refugiados de Spyrou Trikoupi 17 e a ocupação vizinha Transito. Era cedo de manhã quando eles arrancaram à força famílias com crianças pequenas de suas camas – pessoas que depois de muitas dificuldades e sofrimento encontraram novamente um lugar para criar raízes nestes edifícios. Eles os tiraram de suas casas e os distribuíram em acampamentos miseráveis para viver na sujeira e com indiferença em tendas de lona. Desde então, uma enxurrada de ataques terroristas do Estado a refugiados e ocupações políticas resultou em despejos, sequestro de pessoas, espancamentos e prisões.
As ocupações de refugiados têm funcionado por muitos anos como experimentos práticos sem precedentes de antirracismo, antifascismo, auto-organização e solidariedade. Esses espaços deram a milhares de pessoas a oportunidade de recuperar a autonomia que lhes foi roubada e o direito de definir suas próprias vidas longe de guardas humanos e empreiteiros de caridade. E quase todas elas foram despejadas.
Famílias com bebês, mulheres solteiras, pessoas LGBTQI+, os doentes e deficientes, sobreviventes de tortura foram todos brutalmente separados de suas vidas diárias e relacionamentos e foram presos em nada além da impiedade do Estado.
Ocupações políticas que formaram células de ação social nos bairros, desafiando as ideias prevalecentes de turismo, propriedade privada e comercialização, que transformaram as cidades em concretas pirâmides de classes, de depravação solitária e rivalidade social, também foram despejadas. Aqueles que defenderam essas ocupações enfrentaram forte repressão. Mas isso também se estendeu a simples vizinhos, como aconteceu em Koukaki. Tijolos foram colocados onde haviam portas abertas.
Onde antes vozes, canções e risos eram ouvidos, agora apenas o silêncio ecoa. Onde a vida abria suas asas, foi deixado apenas o pó da desolação.
A perseguição de ocupações através das mentiras monstruosas da mídia é um propósito integral do Estado, que quer esmagar qualquer esfera espacial, social e ideológica, que mostra e prova que existe uma outra maneira de viver, longe de hierarquias de gêneros, classes, etnias e religiões. Que nossa passagem pelo mundo merece ser mais do que ansiedade constante para sobrevivência e lições de obediência, que podemos nos livrar dos pesos da suspeita artificial para expressar, criar, sonhar coletivamente. Ao mesmo tempo, é parte integrante da mais nojenta, mas também a mais pura face do poder, o autoritarismo bruto. O plano de despejos em massa de ocupações coincide com a militarização de áreas inteiras, com a expansão do mecanismo fiscalizador repressivo e com a barbárie policial que é infligida aos corpos dos combatentes.
No ano passado, em Notara 26, a ocupação de casas para refugiados e imigrantes, lamentamos cada espaço de resistência que caiu nas mãos do inimigo. Lamentamos por cada humano que perdeu a esperança, por cada esperança de uma vida melhor que foi manchada sob as botas da polícia. Sentimos raiva pelos feridos com as cabeças abertas, os olhares tristes nos ônibus e jaulas da polícia, as portas trancadas. Comovemo-nos com cada ato de resistência e tentativa de recuperar as terras roubadas. Porém, sabemos muito bem, que nenhuma ideia, nenhum movimento é despejado. Nós próprios aceitamos diariamente a pressão crescente do governo com ameaças de despejo, comentários insultuosos contra moradores e pessoas solidárias, surras, tentativas de invasão, assédio constante e até slogans nazistas que temos testemunhado serem gritados pela triste comitiva da polícia que circula fora das ocupações.
Um ano depois ainda estamos aqui, mais fortes, mais unidos, mais determinados do que nunca com uma imensa onda de solidariedade que nos abraça, formando um círculo de cuidado ao nosso redor.
Fazemos parte de um movimento multifacetado que “não tem medo de ruínas” porque sabe reconstruir, que encontra fendas para escapar de todas as celas da prisão, que sempre assombrará as casas vazias e os pesadelos dos torturadores.
Os fogos de artifício mais vivos na escuridão mais densa!
Ocupação de Imigrantes e Refugiados Notara 26
Tradução > A. Padalecki
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Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!