No sábado 27 de fevereiro, 8 anarquistas foram presos após os tumultos noturnos e a pequena “queima” da van da GUB [guarda urbana de barcelona]. Na manhã de terça-feira, 2 de março, os Mossos [polícia catalã] revistaram os armazéns ocupados em Mataró e Canet de Mar por ordem judicial. Logo no dia seguinte à operação, o tribunal de instrução de Barcelona os enviou para a prisão preventiva. Sua máquina de propaganda colocou as operações policiais como se estivessem desmantelando um grupo armado, mas em vez de encontrar armas de fogo, como quando os neonazistas são presos, eles encontraram peças de roupa, capacetes de motocicleta, computadores e cadernos. Eles têm repetido o mesmo discurso das operações Pandora e Piñata: anarquistas violentos com livros e fita adesiva.
Mais uma vez, nós anarquistas somos o bode expiatório deste sistema criminoso. Mais uma vez sua mídia ignora a presunção de inocência e reproduz os comunicados de imprensa do Interior e dos Mossos. Eles têm usado as manchetes sobre “anarquistas italianos” para esconder as causas da agitação e da raiva da população jovem e não tão jovem. A violência que políticos, mídia e polícia denunciam todos os dias nas manifestações tem sua origem na violência diária que eles mesmos provocam: despejos, trabalho precário, acidentes de trabalho, violência masculina, homofobia, racismo, cortes nos serviços públicos, brutalidade policial e falta de liberdade de expressão.
Recentemente um Mosso mutilou, mais uma vez, um olho de um manifestante. Dizem que não sabem quem o fez e é por isso que ele permanecerá em liberdade. Além disso, durante a primeira semana de protestos, e como acontece nestas ondas de raiva, a BRIMO [brigada móvel], inspirada em Sherwood, correu em alvoroço na Catalunha. O mesmo aconteceu no resto da Espanha: acusações indiscriminadas com total impunidade, como em todos os casos anteriores. Sem investigação, sem responsabilidade. Ninguém se preocupou com os ferimentos causados pela violência policial. Ninguém se importa com a menina cujo olho foi mutilado e que não será capaz de recuperá-lo. Enquanto manchetes são feitas e cúpulas são realizadas por causa de um pequeno incêndio ao lado de uma van da polícia, embora os Mossos não tenham prendido ninguém por isso.
Como anarquistas, lutamos por um modelo de sociedade livre de violência, baseado no apoio mútuo, na solidariedade, na liberdade e na igualdade. Estas semanas nós saímos às ruas pela liberdade de expressão e dos prisioneiros, pelo trabalho decente e oportunidades para a juventude, pelo fim dos despejos, contra a violência sexista, racista, homofóbica e transfóbica, contra a brutalidade policial, pela melhoria e contra a privatização dos serviços públicos, pelo meio ambiente e muito mais. Os anarquistas defendem um mundo mais livre e mais justo.
Como anarquistas, não queremos viver no caos que gera a lei da selva, como vivemos atualmente com o sistema capitalista. Queremos um mundo melhor e é por isso que construímos sindicatos, ateneus, organizações e cooperativas. É por isso que criamos comunidades de luta em bairros e vilarejos, em empresas e centros educacionais.
Queremos um mundo melhor, e é por isso que lutamos:
– Por uma economia justa, colocando a vida no centro e na distribuição do trabalho, da riqueza e das tarefas reprodutivas.
– Por uma democracia direta que emana dos bairros e vilarejos e é construída de baixo para cima.
– Pela preservação da Terra, cuidando do território e sentindo parte dela.
– Por uma sociedade intercultural e transfeminista, onde possamos viver juntos na diversidade.
Exigimos liberdade sem acusações para os anarquistas presos e todos os ativistas e militantes. Lutar por um mundo melhor não é um crime, é totalmente legítimo e absolutamente necessário!
A solidariedade é nossa melhor arma!
Liberdade para aqueles que são presos por lutar!
Dissolução da BRIMO!
Basta de repressão daqueles que lutam!
Tradução > Liberto
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